DÚVIDAS

A perda de ditongos nos falares do Alentejo
Sempre uma viagem ao Alentejo tem os seus impactes na cadência da nossa fala. Apercebemo-nos de que nos falares desta região não só o ritmo estranha, como também há uma tendência à monotongação do “ditongo” (depois do rol de mensagens a este propósito, as aspas são compreensíveis) [ɐj] em [e]. Ilustrativamente, vejamos pasmaceira > "pasmacêra". Também há regiões do país onde não menos frequente é ouvir-se "mê" em vez de meu. Há gente que pronuncia "côsa" em vez de coisa e "na" [nɐ] em desproveito de não [nɐ~w~]*. Em contraponto, noutras regiões do país, há uma tendência à ditongação (arquipélagos e Norte, a bem dizer). Impõem-se a seguintes perguntas: ♦ O caso alentejano faz prova da fragilidade das semivogais em português (veja-se, porém, que nunca ouvi dizer [pa] por pai – penso nomeadamente no timbre vocálico/na abertura vocálica...)? ♦ Como justificar esta tendência (biológica?) à monotongação ou, vice-versa, à ditongação? Quaisquer outros comentários a este propósito serão bem-vindos. * Por razões técnicas, não foi possível sobrepor o til aos símbolos fonéticos ɐ e w, de modo a representar a representar o ditongo nasal.
«De olhos abertos» e «com olhos abertos»
Ficou-me suspensa uma dúvida quando um dia tentei, em conversa com amigos, argumentar: «Devemos ler as Escrituras Sagradas de olhos abertos...» E eu me questionei a mim próprio: e qual a diferença, se eu dissesse «Devemos ler as Escrituras Sagradas com olhos abertos...»? Peço, por favor, vossos sábios comentários: o que difere no sentido entre usar os termos de e com? (Quero crer que o mesmo se aplica às frases: «Devemos andar de cabeça erguida» e «Devemos andar com cabeça erguida».) Obrigado!
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