Em África, nas repúblicas de Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique, e na Ásia, em Timor-Leste e em Macau, o português europeu-padrão1 tem sido a norma, embora se assista atualmente à elaboração de variedades normativas nacionais. Sobre esta situação, observa Esperança Cardeira, em História do Português (Lisboa, Editorial Caminho, 2006, p. 90; manteve-se a ortografia original):
«[Em Angola e Moçambique] [a] norma é, ainda, a do português europeu. Mas o léxico, a morfologia, a sintaxe e a fonética vão sofrendo modificações resultantes do contacto com as línguas nacionais. É por interferência destas línguas – bem visível nos textos literários – que o português vai ganhando contornos que poderão vir a configurar novas gramáticas africanas.»
Em nome da equipa do Ciberdúvidas, agradeço as palavras de apreço.
1 Em linguística, norma ou padrão significa o «conjunto de preceitos e regras que determina o que deve ou não ser usado numa língua ou que corresponde ao que é de uso corrente numa determinada comunidade linguística» (em Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Embora a língua-padrão seja uma variedade de um idioma, ela é sempre a mais prestigiosa, já que opera como modelo, norma e ideal linguístico de uma comunidade. Contudo, uma língua não é estática e admite várias normas pela sua dinâmica. Tal como dizem Celso Cunha e Lindley Cintra, em Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 8, «a norma pode variar no seio de uma mesma comunidade linguística, seja do ponto de vista diatópico (português de Portugal/português do Brasil/português de Angola), seja de um ponto de vista diastrático (linguagem culta/linguagem média/linguagem popular), seja, finalmente, de um ponto de vista diafásico (linguagem poética/linguagem da prosa).
2 Em Timor-Leste, o português é língua oficial a par do tétum, e, em Macau, a par do mandarim.