A palavra "ilocalizada" ["(i)localizar"] não se encontra registada nos dicionários gerais de língua consultados, como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea e o Dicionário de Língua Portuguesa Houaiss.1,
No entanto, após uma breve pesquisa no Vocabulário Ortográfico do Português, verifica-se que o prefixo i(n)-, com significado de privação/negação, não é comum na formação de verbos2, coocorrendo mais naturalmente com adjetivos. Deste modo, destacamos o termo ilocalizável, que, apesar de também não se encontrar registado nos referidos dicionários, podemos encontrar o seu registo em alguns contextos de uso, como, por exemplo, em contexto literário:
«E essa dor ilocalizável, subliminar, sempre a roer-me, tornou-se a insidiosa companheira de todas as horas», in A imensa boca dessa angústia e outras histórias, de Urbano Tavares Rodrigues.
Ainda a propósito da utilização do prefixo i(n)-, o Dicionário Houaiss (edição de 2001) refere que:
«[in-] [...] do pref[ixo] lat[ino] in-, `privação, negação´, [...] é cultismo que começa a ser empregado na língua do s[éculo] XIV em diante, prosperando em fecundidade até aos dias de hoje, conformando-se aos padrões latinos originais, como prefixo em adjetivos, em particípios passados e/ou supinos, em substantivos, em advérbios e em der[ivados] de tais pal[avras] assim formadas; [...] eis algumas seqüências de exemplificação: feliz:infeliz, lícito:ilícito, válido:inválido, polido:impolido; felicidade:infelicidade, licitude:ilicitude, validade:invalidade, validez:invalidez, polidez:impolidez; felicitar:infelicitar, validar:invalidar; felicitável:infelicitável, validação:invalidação, validante:invalidante; variavelmente:invariavelmente; tais constelações morfossemânticas não presumem, desde o latim, que todos os elos tenham de existir necessariamente, assim ocorre também em português, que pode registrar irrazoável, inumerável, incriável (como antônimos de razoável, numerável, criável), sem obrigar a existência de *irrazoar, *inumerar, *incriar – por ausência de necessidade semântica [...].»
1 No português corrente, diz-se simplesmente perdida ou extraviada.
2 O prefixo des- é preferencialmente mais utilizado na formação de verbos com o significado de separação ou ação contrária.