DÚVIDAS

Os porquês dos porquês
Sob o rótulo "Pergunta repetida", Ciberdúvidas divulgou, no dia 17/11, uma pergunta sobre as diferenças entre "Porque", "por que", "porquê" e "por quê". O consulente foi remetido a um certo número de consultas anteriores. Fiquei desapontado ao não encontrar, entre estas últimas, um comentário meu, que Ciberdúvidas teve a gentileza de publicar em 15/09/98. Dizia, entre outras coisas, o seguinte: "Gostaria de lembrar que, no português do Brasil, diferentemente do que ocorre em Portugal, a palavra 'porquê' não é, em qualquer circunstância, um advérbio. É, sempre, um substantivo, que admite plural (porquês) e pode ser antecedido por um artigo (o porquê, os porquês). Seu uso é absolutamente restrito a frases como estas: 'Não entendi o porquê da sua pergunta', 'Deixou de lado as conjecturas para se concentrar nos porquês'. Quanto ao 'por quê', trata-se de uma forma obrigatória sempre que uma frase interrogativa termina com aquele pronome. Em virtude disso, [os brasileiros, sujeitos] às exigências de rigor que lhe são impostas neste lado do Atlântico, [devem ser orientados] a grafar: 'Você não foi à escola. Por quê?' [...] . Estando em Portugal, prestando exames acadêmicos, [deverão], para não obter notas baixas, prestar obediência ao padrão local (igualmente respeitável): 'Você não foi à escola. Porquê?'" Lembro que o professor José Neves Henrique endossou implicitamente estes esclarecimentos, ao agradecer as "informações que me deu este prezado consulente." Achei importante voltar a este tema, uma vez que Ciberdúvidas, segundo observo, tem um grande público brasileiro, disposto a compreender regras vigentes não apenas em Portugal como também no Brasil. Obrigado. José de Almeida PadilhaBrasil Vi alguns respostas no Ciberdúvidas em relação ao uso dos porquês. Gostaria, entretanto, que vocês esclarecessem que há diferenças entre os usos em Portugal e no Brasil, e quais são elas. Obrigada!
Pron. apassivador x indeterminação do suj., de novo
Com respeito à resposta dada a Lucas M. Zomignani Mendes, cumpre-me dela discordar. No caso apresentado, a concordância não se faz com o pronome "que", mas com o termo antecedente, como em: "As mulheres que mais amam são as que mais se desprezam". Não se diz: "As mulheres que mais ama...", fazendo-se a concordância com o "que". Semelhantemente, "experiências e estudos que se planejavam" ou "experiências e estudos que eram planejados". Portanto, a meu ver, o prezado aluno está errado, e sua professora e muitos de seus colegas, certos.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa