DÚVIDAS

Traços dialetais comuns ao Brasil e a Portugal
Estava a assistir a um vídeo na rede sobre o dialeto de Açores e vi que eles, assim como o Brasil, cortam o erre do infinitivo, ou seja, eles falam "amá(r)", "comê(r)", "ri(r)". O que me fez perguntar o quanto parecido de Portugal o Brasil é. Lembrei de outras questões, como por exemplo alguns brasileiros usarem o pronome pessoal de caso reto ele como se fosse de caso oblíquo. Daí a pergunta: qual dialeto de Portugal se assemelha mais ao português do Brasil?
O funcionamento dos adjetivos relacionais
Na resposta "Adjetivos qualificativos vs. adjetivos relacionais", Ana Martins afirma que os adjetivos relacionais ocupam posição pós-nominal (depreende-se que seja sempre) e dá como exemplo "monocromático". Ora, no conhecido filme de animação Madagáscar, um dos pinguins refere-se à zebra como "meu monocromático amigo". Isto estará errado? Por outro lado, na mesma resposta diz-se que os adjetivos relacionais não são graduáveis. Então, não é correto considerar que um enredo é "kafkianíssimo"? A resposta citada refere, ainda, que os adjetivos relacionais não podem ocorrer em posição predicativa, o que me espanta, pois é possível dizer que "um jornal é diário ou semanal". Ou não estão os adjetivos diário e semanal, neste caso, em posição predicativa? Finalmente, esclarece-se que os adjetivos relacionais não têm antónimos. No entanto, podemos considerar que policromático é o antónimo de monocromático... ou não? Não pretendo pôr em causa a resposta fornecida, mas resolver a minha dificuldade em distinguir os adjetivos relacionais dos qualificativos! Grata pela vossa atenção e parabéns pelo excelente e meritório trabalho!
Traduções dos anglicismos mute e unmute (videoconferência)
Gostaria de saber quais os termos que melhor traduzem as palavras inglesas mute e unmute, no contexto da informática e não só. O primeiro penso que é fácil – silenciar, palavra curta e objetiva. Já o segundo me causa problemas – "dessilenciar" (ou semelhante) não existe, e «tirar do silêncio» acaba por ser comprido, o que não é muito desejável no contexto de interfaces gráficas em programas informáticos. Já pensei na dupla desativar/ativar, mas não sei se será uma boa opção. Obrigado.
Fenómenos de reanálise
Qual é a palavra dentro da língua portuguesa que representa o termo inglês eggcorn? Parece que às vezes eles usam a palavra oronyms no lugar, mas oronyms em português é outra coisa. Um exemplo deles para explicar esse fenômeno: ex. 1: It seemed to happen all over sudden. (errado) ex. 2: It seemed to happen all of a sudden. (correto) [= «parece ter acontecido de repente»] Um da nossa língua: ex. 1: «Batatinha quando nasce esparrama pelo chão.» (errado) ex. 2: «Batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão.» (correto)
O conceito de dramaturgia
Ao consultar a ficha técnica de um programa da RTP 2 (Hamlet, peça de Shakespeare) constatei a referência ao termos dramaturgia e encenação («Dramaturgia: Miguel Graça; Encenação: Carlos Avilez»). Tendo em conta que o dramaturgo da peça é Shakespeare – e tendo eu visto em vários dicionários que a palavra dramaturgia remete para a arte de escrever peças de teatro –, qual é o sentido de dramaturgia no contexto acima referido? Aguardando a V. prezada resposta.
«Meter o Rossio pela Betesga» numa obra de A. Garrett
Pretendia saber o sentido da expressão inserida na obra Falar Verdade a Mentir de Almeida Garrett: «José Félix – Ora adeus! O senhor seu pai com efeito... ele ainda é parente, bem se vê, há-de ter sua costela espanhola... O seu projecto é outra espanholada também... Querer impedir que um rapaz do tom, da moda pregue a sua peta!... isso é mais do que formar castelos em Espanha, é querer meter o Rossio pela Betesga.» Gostaria muito que a professora Lúcia Vaz Pedro explicasse o que significa a expressão.
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