Eu gostaria de tocar mais uma vez num assunto que já foi tratado cá no Ciberdúvidas, porém as respostas ainda não me satisfizeram. No dia 8 de outubro de 2024, quanto à minha pergunta em torno da frase “Bons olhos o vejam” e quanto à sua colocação pronominal enclítica, vós me respondestes o seguinte:
«Quanto à colocação do clítico, a próclise (colocação antes do verbo) ocorre porque a frase é optativa/exclamativa. Quando a frase inclui uma palavra exclamativa ou a própria frase tem uma natureza exclamativa, esses fatores geram próclise.»
De tal resposta se conclui que não seria possível construções como essas: «Vejam-no bons olhos» e «Bons olhos vejam-no».
Entretanto, recentemente, ao tratar do uso do infinitivo pessoal no seu Dicionário de Questões Vernáculas, Napoleão Mendes de Almeida traz a seguinte frase: «Perdoe-te o céu o haveres-me enganado», isso que me fez questionar se há realmente possibilidade de usar a ênclise em orações subjuntivas independentes sem a conjunção que, quando o verbo é o vocábulo que inicia a oração, como a frase : «Perdoe-te o céu o haveres-me enganado.»
O que vós dizeis sobre isso?
Desde já, muito obrigado.
Em alguns dicionários, o verbo ticar nem se encontra dicionarizado. Noutros aparece como português do Brasil. Mas hoje em dia ouvimos muito o uso desse verbo para assinalar uma caixa, por exemplo.
É correto usar em Portugal? Ou é um brasileirismo? Ou até um anglicismo?
Dizemos «Essas atitudes raiam o excesso» ou «Essas atitudes raiam ao excesso»?
Obrigado.
Posso traduzir transgenderism (inglês) para "transgenderismo"?
Outrora, designava-se de aposentação a situação de um funcionário que descontava para a Caixa Geral de Aposentações e que por ter completado a idade regularmente fixada, por doença ou por incapacidade física era dispensado do serviço (os designados funcionários públicos) e por reforma a situação dos trabalhadores que descontavam para a Segurança Social e que pelas razões aduzidas a propósito da aposentação eram dispensados do serviço (os designados trabalhadores do sector privado). O português sendo uma língua viva vai-se modificando, e, hoje, aposentação e reforma tornaram-se praticamente sinónimos o que levou a que muita gente desconheça o que as distinguia.
Há, porém, uma outra situação que é a jubilação, a que só duas classes profissionais podem aceder: os professores universitários e os magistrados. Não consegui, até hoje, apesar das buscas efectuadas, perceber quais as especificidades que a caracterizam. Sei que há diferenças materiais, pois há diversos acórdãos judiciais a pronunciarem-se sobre o assunto, em resultado de acções interpostas por quem se sentiu lesado, materialmente. Haverá, espero, algum dicionário que precise em que consiste, e o que a diferencia da aposentação e da reforma.
Não sei se no domínio da etimologia o Ciberdúvidas centra toda a sua busca, exclusivamente, na consulta dos dicionários ou se, quando necessário, «desce ao terreno» e vai, no caso, junto dos professores universitários e dos magistrados perscrutá-los.
Tenho particular interesse como consulente do léxico do português brasileiro em saber as origens das palavras.
Na edição eletrônica do Dicionário Houaiss (2025), observo diversas expressões empregadas para caracterizar a etimologia incerta de determinados vocábulos, tais como:
a) orig. contrv. (origem controversa) (ex.: balaio);
b) orig. desc. (origem desconhecida) (ex.: chasqueiro);
c) orig. duv. (origem duvidosa) (ex.: catano);
d) orig. obsc. (origem obscura) (ex.: léria);
e) orig. inc. (origem incerta) (ex.: chapa).
Diante desses critérios lexicográficos estabelecidos pelo Dicionário de Houaiss, em que medida eles se mostram irrefutáveis para a classificação de palavras cuja etimologia permanece imprecisa ou indefinida? Quais são os principais desafios e abordagens metodológicas para atribuir essas categorias, considerando a evolução das línguas e as fontes históricas disponíveis?
No Douro Vinhateiro (Alto Douro) há um termo muito usado, "deboeira" ou "debueira" (desconheço a grafia) quando se trata de delimitação das estremas de prédios rústicos e que consiste, basicamente, numa pedra que se destaca do solo, na qual é cavada na sua parte superior uma curvatura (sensivelmente um semicírculo) através do qual (semicírculo) se faz o alinhamento com outra marcação.
Agradeço a pesquisa, nos diversos dicionários, sobre este regionalismo, que como referi é muito comum no Alto Douro.
Na frase «Submetendo-os a uma regra», qual a função sintática de «a uma regra»?
Complemento oblíquo ou complemento indireto? O verbo seleciona complemento indireto quando se encontra na forma reflexa, como em «Ele submeteu-se-lhe», mas não me parece que, neste contexto, a expressão iniciada por preposição seja complemento indireto, já que não seria aceitável a formulação «Submetendo-lhos».
Agradeço antecipadamente a vossa resposta.
A forma "chocolate ao leite" (similar ao francês chocolat au lait) é aceitável se estivermos a falar/escrever português de Portugal?
A contração ao (a+o) também pode ser usada neste contexto (o de indicar que o chocolate tem um teor de leite na sua constituição)?
Obrigada.
Hipoteticamente, uma pessoa oferece uma quantia indeterminada para outra. Esta, querendo duzentos reais, deve dizer «Poderiam ser duzentos reais?
Ou «poderia ser duzentos reais»?
Obrigado.
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