É uso que se aceita como característico da língua popular, mas que geralmente se rejeita quando se trata de falar e escrever formalmente. Quanto à necessidade de inversão, é esta possível, mas sem constituir de maior ou menor gramaticalidade.
O Dicionário Houaiss consigna o uso de feito como conjunção, identificando-o como brasileirismo: «conjunção (...) conjunção comparativa. Regionalismo: Brasil. (...) como, do mesmo modo que, tal qual. Ex.: trabalha f. burro de carga.» O Dicionário Priberam regista esta função conjuntiva de feito: «conjunção (...). [Brasil] Usa-se para ligar frases por subordinação e indica comparação (ex.: o ódio alastrou feito uma epidemia; soldados choravam feito crianças).»
A linguista brasileira Maria Helena de Moura Neves confirma que «o particípio passado de fazer é forma verbal gramaticalizada, na linguagem coloquial, como conjunção comparativa ("como"): "Deixou a gente largada no mundo, feito cachorro sem sono, casou e foi morar na roçada sogra dele. (...)"»(Guia de Uso do Português, Editora Unesp, 2003).
Este uso é conhecido em Portugal, mas parece menos frequente (a secção histórica do Corpus do Português não faculta atestações) e não exatamente com a mesma sintaxe. Com efeito, observa-se que, entre falantes portugueses, feito pode ocorrer com função descritiva, mas sujeitando-se às regras da concordância: «Fiquei à espera feito parvo» (= «como um parvo»), «andei às voltas feita (uma) tonta» (= «como uma tonta»).