Sou brasileira e dou aulas de Português para estrangeiros. Em um de meus cursos, estamos lendo um livro em português de Portugal, onde aparece em várias ocasiões diferentes – escrito por autores diferentes – o uso do pronome reflexivo ligado ao verbo auxiliar e não ao verbo reflexivo, como:
– Ele tinha-se separado de sua namorada.
– Ele vai-se encontrar com ela.
Isto está correto?
Muito obrigada por sua ajuda, e meus alunos de Português aqui na Finlândia também agradecem.
Nas frases – tomadas dos artigos jornalísticos do escritor Antonio Lobo Antunes:
«Torna a emprestar-me a chave do apartamento...»
«Vou ter de mandar-te ao oculista.»
«Voltarmos a habituar-nos um ao outro.»
Nestas frases, os pronomes me, te e nos poderiam colocar-se diante do verbo, ou seja, «voltarmos a nos habituar», «vou ter de te mandar ao oculista», «torna a me emprestar»? Não sei se é uma licença do escritor, ou se pode escrever-se desse modo.
E nestas outras frases: «terás de vir visitar-me a Espanha», ou «terás de me vir visitar»? «Gostaria muito de ver-te em París», ou «gostaria muito de te ver em Paris»?
Muito obrigada e desculpas por ser um bocadinho longo.
Na frase «a Ana comprou um livro e leu-o todo», o o é um pronome pessoal ainda que se refira a um livro (ou noutras situações a um animal ou objeto)? Ou os pronomes pessoais substituem apenas nomes referentes a sujeitos/pessoas?
Obrigada.
A frase «Não se pode fumar aqui».
Gostava de saber:
1) Se o sujeito é indeterminado.
2) Qual é a função de se.
3) Se a frase tem a forma plural, nomeadamente: «Não se "podem" fumar aqui.»
Obrigada pela resposta.
O que são pronomes clíticos na perspectiva de Mira Mateus et al.?
Na resposta sobre o tema suprarreferido, afirmou-se:
«c) mas, se articularmos duas orações, sem que estas se encaixem numa frase matriz para aí desempenharem a função de sujeito (p. ex., «Eles cometeram pecados e têm vícios»), não falamos em sujeito composto, porque cada oração tem o seu próprio sujeito, eventualmente indeterminados, apesar de correferentes, como ocorre em «pensa-se e diz-se», cujos sujeitos são indeterminados.»
A frase comentada é a seguinte: «Pensa-se e diz-se que é possível que haja vida noutros planetas.»
Penso que não haja aí sujeitos indeterminados, mas sujeitos oracionais representados pela frase «que é possível», sendo «que haja vida noutros planetas» também sujeito oracional de «é possível».
Trata-se, em meu entender, de um interessante encadeamento de orações com vínculo sintático com «pensa-se» e «diz-se».
Peço ao professor Carlos Rocha a fineza de comentar.
Obrigado.
Um aluno meu perguntou-me quando se deve usar «alguma coisa» e quando «qualquer coisa» e, sinceramente, não soube responder. A meu modo de ver, a diferença é unicamente relativa ao uso, e não ao significado, muito semelhante. Quer dizer, o normal é ouvir, por exemplo, «desculpe qualquer coisa» ou «há qualquer coisa de errado», e nesses contextos seria menos frequente usar «alguma coisa», embora não seja errado.
Agradecia que algum dos vossos especialistas me desse a sua opinião sobre o assunto.
Obrigada.
Li, com muito interesse, a peça de Sandra Duarte [intitulada "Apresente-se sem nódoas linguísticas!"].
Apesar disso, no final, fiquei com dúvidas sobre a regência de preocupar-se e sobre a colocação do pronome reflexo em «se apresentar»: «Por conseguinte, preocupe-se não só em construir um bom CV, mas também em se apresentar com rigor e sem nódoas linguísticas!»
Agradecia a vossa prestimosa opinião.
Obrigado.
Conheço muitos portugueses que falam com redundâncias, também na TV, como: «a mim ninguém me fala»; «já te falei-te a ti»; «mandou-me a mim».
Estão certos?
Já faz algum tempo que tenho curiosidade a respeito da evolução das formas de tratamento na língua portuguesa. Em que época e por quê, por exemplo, surgiu o tratamento por vós para apenas uma pessoa. Como aparecem as formas encabeçadas pelo possessivo vosso(a)? Como algo remanescente disso, na liturgia da Igreja Católica, Deus e os bem-aventurados ainda são interpelados por vós, no Brasil e em Portugal (penso que também nos outros países lusófonos); não conheço a existência desse fenômeno noutros idiomas, especialmente nos de origem latina, em que os fiéis se dirigem a Deus e aos santos fazendo uso do pronome de segunda pessoa do singular tu.
Peço-lhes, pois, uma explanação — se possível mais detalhada — sobre este assunto.
Muito grato deste então.
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