Na frase apresentada pela consulente, «Não se pode fumar aqui», se é marca de indeterminação do sujeito, uma vez que o verbo fumar é usado intransitivamente. O pronome é interpretado referencialmente como representando as pessoas em geral (sendo «não se pode fumar aqui» substituível por «ninguém pode fumar aqui»). Quanto à ocorrência da frase no plural, «não se podem fumar aqui», a frase é agramatical, porque, com se como sujeito indeterminado, a concordância verbal é sempre no singular.
Note-se que o verbo fumar também se usa transitivamente: «Incomoda-me que fumes cigarrilha» (Dicionário Gramatical de Verbos, 2007). Neste caso, se pode estar associado a duas construções diferentes: a de pronome se apassivante, que admite a concordância do verbo com um grupo nominal com a função de sujeito (daí o plural em «não se fumam cigarros aqui»); e a já referida, de se como sujeito indeterminado («não se fuma cigarros aqui»), construção condenada pelos gramáticos mais tradicionalistas quando se trata de empregar um verbo transitivo.