Com os verbos auxiliares que se associem a um infinitivo por meio de preposição – ex., «ter de», «voltar a», «tornar a» –, tudo depende da preposição em causa:
a) de permite a ênclise ou a próclise: «tenho de mandar-te ao oculista»/«vou ter de te mandar ao oculista»;
b) a só é compatível com a ênclise: «torna a emprestar-me a chave do apartamento»; «voltamos a habituar-nos».
Deste modo, atendendo a a), estão corretas as frases em que ocorre a preposição de antes de infinitivo – incluindo aquelas em que figura o verbo gostar (que não é um auxiliar).
De notar também que é possível associar o pronome pessoal átono aos auxiliares que têm associada a preposição a: «torna-me a emprestar a chave»; «voltamo-nos a habituar».
Esta possibilidade só se verifica com «ter de», se o pronome ocorrer antes do auxiliar (não é possível *«tenho-te de mandar»): «não te tenho de mandar ao oculista».
Na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p. 1242), propõe-se que a impossibilidade de «tenho-te de mandar ao oculista» se deva a de ter-se tornado parte integrante do auxiliar (cf. o uso de «haver de» e a forma popular *"hades", em lugar da correta, que é hás de).
Cf. Ter de ≠ ter que