Nomes abstratos como antecedentes de palavras relativas
Considerando as frases
«Um lugar onde possamos descansar é difícil de encontrar»
e
«Uma pessoa a quem pedimos um favor deve ser respeitada.»
o advérbio relativo onde, no primeiro caso, e o pronome relativo quem, no segundo caso, têm antecedente expresso?
A dúvida prende-se com o facto de os nomes lugar e pessoa remeterem para uma ideia abstrata, nomeadamente pelo uso do determinante indefinido, que podem não corresponder ao referente das palavras relativas.
Estilo e voz passiva
Tenho notado um aumento no uso de construções passivas ou impessoais em comunicações formais, especialmente em contextos administrativos ou institucionais. Exemplos:
– «Relativamente ao assunto XXX, questiona-se o motivo de serem comunicados zero incidentes», por uma Câmara Municipal;
ou
– «Mais se refere que do email do senhor condómino não se entende que ponto é que pretende ver esclarecido», por uma empresa gestora de condomínios.
Este tipo de formulação parece-me uma coisa recente que não existia há alguns anos. As minhas dúvidas são:
1) Existe alguma razão gramatical, estilística ou até institucional para esta preferência por estruturas passivas ou impessoais?
2) Trata-se de uma tendência recente na língua portuguesa (de Portugal)?
3) Há vantagens específicas em termos de tom, neutralidade ou responsabilidade ao usar este tipo de construção?
Agradeço desde já qualquer esclarecimento!
Coesão e o possessivo seu
Na frase «A falta de gravidade também pode afetar SEUS sistemas imunológico e cardiovascular, SUA visão e SEU próprio DNA», os pronomes em caixa alta representam que tipo de coesão?
Sequencial? Referencial?
De que tipo e por que?
Obrigado.
Quantificadores e pronomes indefinidos
Por que razão nas frases:
(1) «Qualquer sobremesa é uma boa escolha. São todas ótimas.»
(2) «Vi bastantes filmes neste fim de semana, mas poucos me cativaram.»
(3) «A minha avó ofereceu-me dois vestidos e eu gostei muito de ambos.»
as palavras qualquer, todas, bastantes, poucos, ambos são quantificadores universais (qualquer, todas e ambos) e existenciais (bastantes, poucos), quando os vocábulos todas, poucos e ambos não antecedem um nome de forma explícita?
E, neste caso, como se classificam quanto à classe e subclasse?
Obrigada pela atenção.
O pronome clítico o e o verbo estar
Essa questão surgiu após um impasse que tive com um colega, também revisor de texto, a respeito do uso do verbo estar com pronomes acusativos como o, lo, no. Gostaria, portanto, de esclarecer alguns pontos e, se possível, obter exemplos de uso literário dessas construções.
Em frases copulativas, como:
«O aluno está cansado.»
«A porta está aberta.»
«Tu estás feliz?»
seria possível substituir o predicativo por um pronome acusativo, formando expressões como "O aluno está-o”, “A porta está-o” ou “Tu está-lo?”? Essas formas aparecem em algum registro literário, regional ou arcaico do português?
No português europeu, na locução estar + a + infinitivo, há diferença entre «Ele está-o a fazer» e «Ele está a fazê-lo»? Existe preferência normativa ou diferença de estilo entre as duas formas? Quando o pronome sobe para o auxiliar (estar), as adaptações fonéticas continuam válidas?
Por exemplo: estás + o → está-lo; estão + o → estão-no.
Formas como «Tu está-lo a terminar» ou «Eles estão-no a construir» são aceitas?
No português do Brasil, com estar + gerúndio, qual das opções é mais adequada ou usual: «Ele o está fazendo», «Ele está fazendo-o» ou simplesmente «Ele está fazendo isso»?
Por fim, fora das locuções (estar a + infinitivo / estar + gerúndio), é possível empregar «Ele está-o» (sem verbo posterior) para retomar algo já mencionado, equivalente a «Ele está nisso»?
Agradeço desde já pela atenção e, se possível, gostaria de exemplos de uso literário (clássico ou moderno) dessas construções, caso existam.
Ainda a colocação do pronome com para + infinitivo
Antes de deixar a minha dúvida, gostaria de expressar a minha admiração e a minha gratidão pelo vosso trabalho. Muito obrigada!
Outro dia, conversava com umas companheiras e surgiu-nos uma dúvida com a seguinte frase: «Mal posso esperar para receber-te.» Ficámos a pensar se não seria mais correto dizer: «Mal posso esperar para te receber.»
Chegámos a discutir o seguinte: que é correto colocar o pronome antes do verbo, porque o verbo está no infinitivo e é antecedido da preposição para. Uma colega disse que as preposições atraem o pronome para antes, exceto a preposição a. Outra colega afirmou que se pode usar o pronome antes ou depois, mas que é mais natural e coloquial que o pronome venha antes do verbo. Eu, pessoalmente, penso que, pelo facto de o verbo estar no infinitivo, também é correto usar o pronome depois do verbo.
Resumindo, não chegámos a nenhuma conclusão e, por isso, deixo aqui a minha dúvida.
Mais uma vez, muito obrigada!
A retoma de orações pelo pronome o
O «o fez» está correto na seguinte frase?
«A vitória não foi pelo combate, como o fez Napoleão.»
Por favor, explique.
Grata.
Demonstrativos e adjuntos adverbiais de tempo
Se, por exemplo, estou numa manhã ou tarde de um dia qualquer e quero me referir à noite que está por vir (ou seja, à noite do mesmo dia), qual pronome devo usar?
Quero aplicar o devido pronome à sentença: «O evento acontecerá [pronome] noite.»
Vejo com frequência pessoas usando essa e esta, inclusive no trecho de uma telenovela que tem em sua cronologia e contexto um intelectual do início do século passado – XX.
Entretanto, acredito que, ao menos, a construção da frase mereça a proposição em e, sendo assim, a dúvida se restrinja aos pronomes nessa ou nesta.
Aprecio o espaço. Obrigado.
Colocação do pronome átono depois de «muitas pessoas»
Qual a frase correta, tendo em conta a posição do pronome «se» em relação ao verbo:
«Muitas pessoas podem enganar-se.»
ou
«Muitas pessoas se podem enganar.»?
Obrigada.
Pronomes átonos em sequência: «Arrepia-se-me a pele»
Saúdo calorosamente todos os profissionais do Ciberdúvidas.
Ouço frequentemente a estrutura «arrepia-se-me (a pele, por exemplo)».
Gostava de ter um parecer mais profissional sobre esta questão. É uma estrutura natural num discurso em português padrão?
Será um traço oralizante, certamente válido noutros contextos, mas não aqui? Cumpre as regras de formação presentes na nossa língua?
Cumprimentos.
