DÚVIDAS

O advérbio claramente, as orações relativas e o conjuntivo
Num destes fóruns que hoje há pela Internet surgiu esta discussão após eu ter advertido para o erro que a seguir passo transcrever: «Mas merece claramente ser ouvido. E com atenção. Ouvido outra vez para percebermos todos os pormenores. Eu confesso que ainda sinto que estes dois álbuns têm mais para eu descobrir. Merece claramente o tempo que se perca (ou ganhe!!!) com ele e merece estas linhas todas que estou a escrever!! E volta a reforçar as minhas preferências: Manuel Cruz é um verdadeiro artista e um verdadeiro homem da música!»A advertência era para isto: «Merece claramente o tempo que se perca (ou ganhe!!!) com ele e merece estas…» Disse eu que o modo a usar no verbo perder deveria ser o indicativo, porquanto o claramente assim o exigia. Como certezas não tenho, embora me pareça estar correcto no meu raciocino, peço-vos a vossa ajuda. Grato pela vossa atenção.
Orações subordinadas substantivas subjectiva e predicativa
Como identificar se uma oração é subordinada substantiva subjetiva ou predicativa? Muito por favor, sejam minuciosos, porque, pra mim, não há diferença alguma em dizer que «É fato que todos estudam» a oração seja subordinada substantiva subjetiva, ou seja, «Isto [que todos estudam (sujeito)] é fato» de «Fato (substantivo, logo núcleo do sujeito) é [que todos estudam] (predicativo)». Ajudem-me! Mui grato.
Aplicar pontuação em «Não esquece que no sábado tem a festa da Carol»
Minha nora me enviou uma mensagem desta maneira: «Ahh não esquece que no sábado tem a festa da Carol.» Como estávamos marcando algo para o final de semana, entendi como uma negativa, tipo para esquecer tudo, pois havia a festa da Carol, só que na verdade ela estava só colocando para que eu não esquecesse da festa no sábado, eu disse então que ficaria mais claro se colocasse desta forma («Ahh, não esquece que no sábado, tem a festa da Carol.») Eu acho até que esteja faltando mais alguma coisa na primeira frase para que fique bem compreendida. O que você acha?
Ainda «Complemento preposicional e construção de foco»
Na resposta a Jorge Botelho, em 24/6/2008, a professora Sandra Duarte Tavares deu como exemplo duas frases que valem um comentário. Ei-las: 2) «É de livros novos que a biblioteca precisa.» 3) «Do que a biblioteca precisa é de livros novos.» Agora, o comentário: Na frase 2, verifica-se o composto expletivo «é que», que evidentemente pode ser elidido sem prejuízo do entendimento: «A biblioteca precisa de livros novos». Na frase 3, parece não ser assim. O «que», nessa frase, é um pronome que se refere a outro pronome, no caso o pronome o. Assim sendo, parece haver um de a mais no período. Talvez pudéssemos escrevê-la desta forma, para enfatizar a regência: «O de que a biblioteca precisa são livros». Ou, mais sonoramente: «Do que a biblioteca precisa são livros.» Salvo melhor juízo.
O indicativo em lugar do conjuntivo
Sempre disse e ouvi duvidar na afirmativa com subjuntivo, mas vejo numa conceituada revista hebdomadária brasileira: «Duvido que o Brasil virá a ser um grande exportador de petróleo. Ninguém sabe qual é o custo de produzir sob a camada de sal.» Esta frase foi proferida por Albert Fishlow, economista americano, que certamente a pronunciou em inglês, e traduzida por alguém depois, o que descarta os lapsos que muitas vezes se cometem na linguagem falada. Por isso mesmo, pergunto-lhes: é lícito usar o indicativo aí? Talvez o tradutor tenha optado por esse modo por haver referência futura (vir a ser), já que o futuro do subjuntivo, existente em português, seria agramatical («duvido que o Brasil *vier a ser»). Usando o subjuntivo, teria de dizer-se algo como «Duvido que o Brasil passe a ser/seja algum dia/se torne ...». Saudações brasileiras.
Sobre a elipse
Por mais que eu tenha exaustivamente lido sobre o assunto, não consigo identificar quando uma oração está elíptica ou não. Exemplo retirado de uma das provas de concurso mais conhecidas do Rio de Janeiro, Brasil: Qualquer canção de amor 1 – É uma canção de amor 2 – Não faz brotar amor e amantes 3 – Porém, se esta canção 4 – Nos toca o coração 5 – O amor brota melhor e antes (Chico Buarque) O gabarito foi o seguinte: há elipse apenas na última frase, mas não há elipse na segunda frase. É isso que eu não entendo! Por que não há elipse na segunda frase?! Ajudem-me! Obrigado.  
O modo verbal depois do verbo dizer
Na transposição do discurso directo para o discurso indirecto, o imperativo passa a ser substituído pelo modo conjuntivo. Contudo, algumas, poucas, gramáticas também referem o infinitivo (pessoal ou impessoal?). «O farmacêutico disse: — Espera a tua vez, menino!» Este exemplo poderá dar origem à frase seguinte: «O farmacêutico disse ao menino para esperar a sua vez», ou «O farmacêutico disse para esperar a sua vez»? São frases gramaticalmente correctas e a sua estrutura é própria de um registo de língua normal (padrão)? Obrigada pela atenção.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa