DÚVIDAS

«Foram eles os vencedores»: frases identificacionais, de novo
Num recinto desportivo, vai proceder-se à entrega de medalhas à equipa que venceu a final e à finalista vencida. As duas equipas, uma constituída apenas por rapazes e a outra apenas por raparigas, encaminham-se para o pódio. Na bancada, trava-se o seguinte diálogo entre um espectador [E1], muito surdo e muito maçador, que acaba de se sentar, atrasadíssimo, sem ter tido oportunidade de assistir à partida, e um outro [E2], atento, que sabe tudo do torneio porque assistiu às partidas todas: E1 – Quem são os vencedores, eles ou elas? E2 – Os vencedores são eles. E1 – E eles são quem? E2 – Eles são os vencedores! E1 – Eles são os vencedores? E2 – Sim, eles são os vencedores! E1 – Os vencedores são elas? E2 – Não, os vencedores são eles! E1 – Os vencedores são, então, eles… E2 – Sim, são eles os vencedores! E agora chiu, que vai tocar o hino. «[…] Em conclusão, sempre que uma frase já contenha um pronome nominativo, então está identificado o sujeito, porque um pronome nominativo substitui unicamente o constituinte que desempenha essa função sintáctica. […]» - Sandra Duarte Tavares, 25/02/2008 Se bem entendo mais este esclarecimento do Ciberdúvidas, que agradeço, o sujeito, em todas as frases do diálogo acima ficcionado, é «eles» ou «elas»; o predicativo do sujeito é sempre «os vencedores». Será assim? Continuo a achar que há por ali sujeitos e nomes predicativos distintos… Muito obrigado pela atenção dispensada.
«Capitu deixou-se fitar»
Em «Capitu deixou-se fitar», o se é apassivador, ou seja, «Capitu deixou ser fitada»; sujeito do verbo no infinitivo por estar depois do verbo causativo deixar, ou seja, Capitu deixou que ela fosse fitada, ou pronome reflexivo, ou seja, Capitu deixou a si mesma fitar? Em um livro do professor Ricardo Aquino, brasileiro, este se é reflexivo, mas não vejo assim. O que vocês acham? Espero resposta com justificativa, por favor. Muito obrigado.
Ainda «Foram eles os vencedores»
Agradeço a muito circunstanciada explicação, de 06/Fev./2008, à questão que colocara em 29/Jan./2008.Ainda assim, permita-se-me um exercício, relativamente ao qual não fico inteiramente seguro.Suponhamos o seguinte diálogo: — Quem foram os vencedores, eles ou os outros? — Foram eles, os vencedores foram eles! Se não estou equivocado, a frase da resposta — enfática, explicativa, é certo — contém duas orações: 1.ª oração, «Foram eles»; 2.ª oração, «os vencedores foram eles!». A minha dúvida: é aceitável, se bem entendo a explicação da Dra. Sandra Duarte Tavares, que o sujeito da 1.ª oração seja «eles» (eu sustentaria que o sujeito, subentendido, não é outro senão «os vencedores»), enquanto, na 2.ª, o sujeito é «os vencedores», sendo «eles» nome predicativo do sujeito? Ou será que «eles» é sujeito nas duas orações? Não me parece... Intuitivamente, diria que «eles» constitui nome predicativo do sujeito tanto na 1.ª como na 2.ª oração. De resto, não veria qualquer diferença de sentido se, naquele diálogo, a resposta, em vez da que foi dada, fosse «Foram eles, foram eles os vencedores!». Do mesmo modo, não veria qualquer alteração nas funções sintácticas dos elementos em presença. E se, por acaso, os vencedores tivessem sido «os outros»?... Onde está o vício no meu raciocínio? Muito obrigado e desculpem a insistência.
A propósito do uso do modo conjuntivo
Parece-me haver uma tendência para deixar de usar o modo conjuntivo, o que seria um empobrecimento para a nossa língua (talvez pior do que a vossa chamada de atenção para a falta de acentuação e má pronúncia na primeira pessoa do plural do pretério perfeito simples). Já tenho chamado a atenção de amigos para tal facto, mas dizem que não notam. Será real o facto que refiro? Alguns exemplos: a) «Mas a ERSE admite que esse estudo [ou outra coisa qualquer] pode aumentar os custos...»; b) relações de igualdade (entre europeus e africanos) não quer dizer que as contribuições de cada um podem ser iguais...» (a propósito da cimeira UE-África); c) «Agora, o que é irónico é que este "falso" plural é também designado nos prontuários por "plural de modéstia" — o que prova que nem a terminologia gramatical é imune a manipulações ideológicas» (Vossa pelourinho Nós, vós, ele e artigo publicado no semanário Sol, de 29 de Dezembro de 2007). Então, não deveria ser "possa", "possam" (aliás, "tenham") e "seja", respectivamente? Obrigado.
Identificar a oração subordinante numa estrutura de coordenação
Consideremos a frase seguinte:«O aluno entra na sala e pede desculpa à professora porque chegou atrasado.» Teríamos três orações:1. «o aluno entra na sala»;2. «e pede desculpa à professora»;3. «porque chegou atrasado». Como classificá-las? Poderemos dizer que a oração 2 é simultaneamente coordenada copulativa e subordinante (tendo em conta as diferentes relações que estabelece com as orações 1 e 3)?
Divisão em orações, complemento determinativo e complemento circunstancial de lugar
«Do Verão restava apenas uma fugaz lembrança, no entanto, os descendentes raios de sol continuavam a raiar em toda a sua plenitude, não havendo uma única nuvem que se intrometesse no seu trajecto.»Estou com algumas dúvidas em relação à divisão desta frase em orações, e à sua respectiva classificação.Para além disso, estou também com dificuldades em identificar nesta frase um complemento determinativo e um complemento circunstancial de lugar.Aguardo pela vossa ajuda. Obrigada.
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