Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Matheus Campos Concurseiro Pacatuba, Brasil 7K

Nos exemplos «Tive que fazer aquilo [para que todo o resto valesse a pena]» e «Tive que fazer aquilo pois era necessário [para que o bem de todos prevalecesse]», é correto afirmar que as orações destacadas por parênteses nos períodos têm função sintática de oração subordinada adverbial final, a primeira, e oração subordinada substantiva completiva nominal (de «necessário»), a segunda?

Gostaria, se possível, de uma dica que facilitasse a identificação desses tipos de orações.

Obrigado.

Henrique Silva Compositor Niterói, Brasil 4K

Em textos antigos, não é raro ver o ponto e vírgula sendo usado em orações coordenadas sindéticas explicativas. Exemplo disso é o seguinte trecho de um conto de Machado de Assis publicado originalmente em 1881, chamado "Teoria do medalhão":

«De oitiva, com o tempo, irás sabendo a que leis, casos e fenômenos responde toda essa terminologia; porque o método de interrogar os próprios mestres e oficiais da ciência, nos seus livros, estudos e memórias, além de tedioso e cansativo, traz o perigo de inocular ideias novas, e é radicalmente falso.»

Além disso, ainda hoje é muito comum ver o ponto e vírgula sendo uso antes de orações aditivas/copulativas. Quanto a isto, aqui mesmo no Ciberdúvidas há um ótimo exemplo, numa resposta dada em 1998 pelo falecido José Neves Henriques: «Na academia aprendi jogos; e lutas que incluem defesa pessoal.»

Em todas as gramáticas que consultei, no entanto, as únicas orações coordenadas sindéticas em que o uso do ponto e vírgula parece ser considerado aceitável são as conclusivas e as adversativas. Assim, gostaria de saber a opinião de vocês sobre esta questão.

Principalmente no caso das sindéticas explicativas, chegamos de fato ao ponto em que conectá-las com o ponto e vírgula pode ser considerado errado ou inadequado? Ou é simplesmente algo que caiu em desuso (como o próprio ponto e vírgula, aliás)?

Para terminar, agradeço a todos os colaboradores deste site, que me ajudaram não só a esclarecer diversas dúvidas, mas também a expandir meus horizontes no que se refere ao uso da nossa língua.

Veralu Rocha Editora São Paulo, Brasil 2K

Qual destas frases é a correta: «Ao nascer, recebemos o sobrenome da família», ou «Ao nascermos, recebemos o sobrenome da família»?

Grata pela atenção e parabéns pelo trabalho!

Farajollah Miremadi Engenheiro Lisboa, Portugal 2K

É possivel utilizar «em que» em vez de onde como pronome para juntar as frases?

Por exemplo: «Conheço uma clínica em que fazem essa cirurgia» em vez de «Conheço uma clínica onde fazem essa cirurgia»?

Obrigado pelo vosso tempo.

Lucas Tadeus Estudante Mauá, Brasil 2K

Não sei se é só no Brasil, mas aparece-me que é de comum acordo aqui que feito pode agir como conjunção.

Por exemplo: «Meu pai está feito um padre»; ou «Ele chorou feito uma mulherzinha».

É correto dizer isto? Não será o caso de uma inversão de termos («Feito uma mulherzinha, ele chorou»/ «Feito um padre, meu pai está»)? Se for conjunção, a norma abona o uso?

António Ferreira Economista Porto, Portugal 3K

É comummente utilizado por vários políticos, jornalistas, comentadores e várias outras figuras públicas, na televisão, no início de qualquer discurso o "dizer que", "observar que", "acrescentar que", sem qualquer continuação na sintaxe que permita que a utilização do verbo no infinitivo seja um sujeito. Exemplo:

«Boa noite a todos os presentes. Em primeiro lugar, dizer que, estamos a fazer todos os esforços necessários para contenção desta pandemia. Acrescentar que, apresentaremos ainda hoje um conjunto de medidas de auxílio á economia. Observar que, estaremos atentos ao aumento de casos.»

Não tenho qualquer dúvida do erro. Na minha opinião, é um erro grosseiro, que se está a generalizar.

Gostaria que o Ciberdúvidas deixasse registado o quão grave é este erro, para bom uso da língua portuguesa.

Diogo Morais Barbosa Estudante Lisboa, Portugal 2K

Acabo de ler, escrita por um autor muito bom, a seguinte frase: «Todas quanto abraçaram esta via foram bem-sucedidas».

A minha dúvida prende-se com o «quanto» invariável, que me soa mal. Admito, porém, que o erro seja meu.

Em suma: devemos escrever como acabo de referir ou antes «Todas quantas abraçaram [...]»?

Geobson Freitas Silveira Agente público Bela Cruz, Brasil 3K

Tenho percebido que o uso do vocábulo se assemelha a valores semânticos umas vezes próximos de adversativos, outras vezes talvez a condicionais como nos exemplos abaixo :

«Divirta-se bastante nestas festas juninas, faça de tudo, só não solte balão.» (não estaria exercendo o papel da conjunção mas ou então da conjunção condicional contanto que?)

«Todos quiseram o lanche. Só você [é] que não.» (não estaria neste caso exercendo o papel da preposição exceto?)

«Foi só terminar a aula, que o garoto começou a brigar com os colegas.» (não estaria neste caso exercendo o papel de uma conjunção temporal?)

Geobson Freitas Silveira Agente público Bela Cruz, Brasil 6K

Confesso que já procurei em algumas gramáticas referências sobre um possível uso da locução "uma vez que' como temporal mas sem sucesso.

Assim peço a vocês esclarecimento sobre o fato até porque é algo muito comum, corriqueiro de se ouvir ou mesmo ver construções do tipo:

1) Uma vez que chega o inverno, ele se retrai no interior de sua casa.

2) Uma vez que tomares este remédio, sentirás um intenso alívio.

3) Uma vez que a tocar, comece a dançar.

De fato, a norma culta alberga tais construções? Algum gramático faz referência? Algum dicionário ?

Desde já, bastante grato.

Antonio Filipe Estudante Brasil 2K

Em Auto de Filodemo, de Luís de Camões, há uma passagem coloquial assim:

«Dionísa: Cuja será? Solina: Não sei certo cuja é.»

Em linguagem hodierna, seria mais comum ouvir/ler «de quem será?», «não sei certo de quem é».

Esse uso de cujo lembra-me o uso de cujus no latim:

Cujus filius Marcus est? («De quem Marcos é filho?»)

Em seu livro, Tradições Clássicas da Língua Portuguesa, o Padre Pedro Andrião diz ser possível tal uso e dá-nos uma lista grande de exemplos nos autores clássicos, desde Camões, Sá de Miranda, a Garrett, Camilo etc.

Pois então, vos pergunto, que recomendam? É lícito o uso?