A locução «ou então» pode ser usada com um valor disjuntivo similar ao da conjunção ou. Por essa razão, poderá surgir em muitos contextos onde aparece ou:
(1) «Vamos ao cinema ou/ou então vamos à praia.»
Esta é a situação verificada também na frase 1. apresentada pelo consulente na pergunta que nos endereça, na qual a locução «ou então» expressa um valor de opção ou de alternativa entre os termos coordenados.
No entanto, a conjunção correlativa «ou… ou» não é equivalente a «ou então… ou então», como se verifica em (2):
(2) «Ou vamos ao cinema ou vamos à praia.»
(2a) «*Ou então vamos ao cinema ou então vamos à praia.»
Conclui-se assim que «ou então» não poderá ser associado ao primeiro membro coordenado, pois a frase fica agramatical. Esta situação verifica-se porque a locução «ou então» terá tendência para ativar uma interpretação inferencial que assenta numa leitura exclusiva da disjunção, ou seja, «ou então» será preferencialmente usado em frases que convoquem a leitura de que apenas um dos membros da coordenação é verdadeiro.
Por esta razão, a frase (3) será possível:
(3) «Ou presta atenção ou então saia.»
A locução «ou então» ativa a interpretação de que não se verificando a oração «presta atenção», a alternativa será «saia». Com a estrutura «ou então» parece ser difícil ativar uma leitura inclusiva em que ambos os membros coordenados podem ocorrer em simultâneo:
(4) «Ou assina o pai ou assina o filho, ou ambos.»
(4a) «?Ou assina o pai ou então o filho, ou ambos.»
A frase (4a) parece ser menos aceitável porque convoca uma leitura inclusiva na qual a situação de ambas as orações pode ser verdadeira, o que será pouco compatível com «ou então» que se inclinará para uma leitura exclusiva.
Disponha sempre!
*assinala a inaceitabilidade da frase.
?assinala o facto de a frase oferecer dúvidas quanto à sua aceitabilidade.