Há algum tempo aprendi que, antigamente:
1. z não soava como s intervocálico, isto é, [z];
2. ç (ou ci/ce) não soava como ss/s inicial, isto é, [s];
3. ch não soava como soa habitualmente x, isto é, [ʃ].
Depois, lembrei-me de mais um par parecido de consoantes homófonos:
4. d palatal e j, que soam [ʒ].
Também queria perguntar o que se segue sobre este quarto par.
A propósito de cada um destes quatro casos de consoantes agora homófonas, queria perguntar:
1. Se estou certo em dizer que antigamente se pronunciavam diferentemente;
2. Quais se acha terem sido os sons delas quando ainda se pronunciavam diferentemente (podem usar o Alfabeto Fonético Internacional na resposta);
3. Quando se acha que deixaram de se diferenciar na pronunciação.
Estou interessado no sotaque de Lisboa, pois estou consciente de que terão persistido menos ou mais tempo noutras regiões de Portugal.
Enfim, agradecia também se pudessem indicar alguns livros onde poderia ler mais sobre estas e outras parecidas alterações fonológicas da língua portuguesa.
Antecipadamente grato pela ajuda prestada.
Ao longo dos séculos, a ortografia nas diversas edições de Os Lusíadas evoluiu.
Por exemplo, “Occidental praya” passou a ser «Ocidental praia»,” “Daquelles reis” passou a «Daqueles reis», "A fee, o imperio” passou a ser «A fé, o império», “forão dilatando” passou a ser «foram dilatando». Todos estes casos são evidentes e sem controvérsia.
Uma outra alteração surge no final da primeira estrofe: «entre gente remota edificarão….que tanto sublimarão» passou a ser «entre gente remota edificaram …que tanto sublimaram».
Esta alteração parece ser também banal. Mas é mesmo incontroversa?
Será que o poeta não queria terminar a primeira estrofe no futuro?
Se a estrofe terminasse no futuro e não no pretérito, o texto teria sentido: ele vai cantar os primeiros grandes navegadores portugueses (Vasco da Gama e companheiros) que passaram além da Taprobana e que posteriormente à narrativa – ou seja no futuro -- vieram a edificar e sublimar.
Note-se também que nessa primeira estrofe, na primeira edição surge «passaram ainda alem da Taprobana» e não «passarão ainda alem da Taprobana». Assim, duas perguntas concretas:
1/ Se no final do século XVI, o pretérito se escrevia como “edificarão / sublimarão ,” como se grafava o mesmo verbo no futuro (ou seja como se distinguiam as palavras que agora grafamos como edificaram e sublimaram?
2/ Que certeza temos que o poeta desejou terminar a primeira estrofe no pretérito e não no futuro?
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, aceita as duas formas, porém a maioria dos lexicógrafos só estão reconhecendo a pronúncia "a-brup-to" (como em a-bri-go), já que "ab-rup-to", além de ser a forma arcaica e estar em desuso, fere o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Agradeceria imensamente a opinião dos senhores.
Recentemente, questionaram-me: «Posso dizer "Desmarquei uma marcação?"»
Não me parece que o significado da palavra marcação abarque o próprio intervalo de tempo que é alvo da marcação (sendo marcação apenas referente ao verbo marcar). Mas gostaria de ter o vosso parecer sobre o tema.
Muito obrigada!
O nome Hamurabi é bastante citado na academia, sobretudo em trabalhos relacionados à história do Oriente Médio.
A minha dúvida é: qual a sílaba tônica do nome? Em teoria seria oxítono, dada a ausência de acento gráfico, mas se pronuncia como paroxítono e, se assim o é, não teria de ser acentuado na penúltima sílaba?
O nome foi de fato aportuguesado, já que perdeu a germinação do m (Hammurabi), sendo reduzido a um só, mas por que não houve acentuação?
Obrigado.
Há alguns dias, no calor de uma discussão, ouvi uma expressão entre dois assistentes operacionais do meu serviço durante a pausa do pequeno-almoço. O facto é que que nunca tinha ouvido isso.
Não sei se a frase correta era:
(I) «estás aqui estás a alombar»
ou se era:
(II) «estás aqui estás a lombar»
Só sei que os meus colegas irromperam numa discussão entre eles e separaram-nos.
Poderiam dizer-me que significa, por favor?
Muito obrigada!
Deve-se colocar vírgula em frases como «Ei-los, colocam tudo na coberta» ou «Ei-lo, solve o congresso»?
Achava que era sem vírgula, mas encontrei essas duas frases com vírgula.
Existem palavras em português afetadas pelo fenômeno da «pronúncia ortográfica», no qual a pronúncia de uma palavra é alterada por influência da ortografia e passa a se adequar a ela?
Se sim, quais são elas?
Li em algum lugar (não me lembro em qual) que, por razões semânticas, as palavras papel e chapéu não são consideradas como uma rima no idioma português...
Isso procede?
Muitíssimo obrigado e um grande abraço!
Porque se diz gê em GNR, e não guê?
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