Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Léxico
Alexandre Araújo Professor Rio de Janeiro, Brasil 3K

Existe na língua portuguesa uma tradução para a palavra italiana buonismo? Desde já muito obrigado!

David Sousa Investigador Lisboa, Portugal 9K

Não será em rigor uma pergunta pois, a sê-lo, de antemão se considera que se encontra suficientemente respondida por anteriores contributos de Edite Prada neste sítio. No entanto, ainda que carecendo de qualquer estudo e numa base puramente dedutiva, especulativa, ou mesmo intuitiva, se retoma aqui a hipótese, já aventada, de que nas expressões «ter a ver com» e «ter que ver com», o «ver» surja por corruptela de haver.

É que, ainda que algum dicionário possa atribuir ao verbo ver o significado mais metafórico de «ver com os olhos do espírito» – como foi referido – e portanto se possa sempre admitir significados menos "directos", a expressão actual continua a soar, pelo menos a mim, muito pouco natural.

De facto, aquilo que me parece mais plausível é que, numa origem remota – e remota terá aqui, como vimos, de reportar-se a período pré-vicentino –, a expressão que estaria na base da que hoje se encontra a uso e (como demonstrado no levantamento de Edite Prada), completamente fixada, seria «ter a haver», no sentido de «ter a receber dinheiro devido, ser parte interessada em função dessa dívida por saldar». Reforça esta hipótese, creio, o facto de a expressão surgir amiúde na negativa: por exemplo, «você não tem nada a ver com isto». Por esta via, parece-me plausível supor que, na origem, esta expressão tenha nascido desta ideia de que alguém, não tendo a haver, não é parte interessada e, portanto, não tem, digamos assim, de intrometer-se. O que é válido na positiva: quem tem a haver, tem um legítimo interesse no negócio, uma razão para se meter no assunto; que haja algo a haver, vincula duas partes juridicamente, ou seja, coloca-as em relação. Donde, deduzo igualmente que a expressão se tenha aplicado originalmente apenas a pessoas, e só mais tarde possa ter servido para dizer que os alhos não têm a ver com os bugalhos.

Note-se, em abono desta tese, que o próprio complemento «com» poderá, aliás, teria mesmo de ter já sido introduzido no processo de modificação da expressão. Isto por ela, então (aventa-se) como hoje, nem sempre surge completa, isto é, com o complemento – diz-se muito, por exemplo, «isso não tem nada a ver». E, portanto, parece-me mais lógico, tanto quanto a lógica possa presidir à linguagem, que tenham sido expressões como «não se meta, que não tem nada a haver», a abrir caminho às sucessivas modificações que nos trazem ao «ter a ver com».

Resumindo, defendo aqui a hipótese – a que o nível de linguagem em causa, coloquial e, portanto, mais plástico, pode tornar mais plausível – de que a expressão tenha sido sucessivamente modificada, desta forma: «ter a haver de» – «ter a haver» – «ter a ver» – «ter a ver com». Ou ter começado simplesmente como «ter a haver», sendo que o «com» de hoje vem, justamente, confirmar o elemento relacional que, na passagem de «haver» para «ver», se torna pouco natural e menos evidente (ainda que admitindo os tais outros possíveis sentido de ver).

Fica o exercício, a título de curiosidade e, suponho, nada mais que isso, já que para o conhecimento do português coloquial de há 600 ou 700 anos, infelizmente, não há bases de dados que nos valham.

Dina Rates Professora Coruche, Portugal 138K

As palavras da mesma família, também as podemos considerar no campo lexical? Posso considerar como resposta: maré, marinheiro ou marisco no campo lexical de mar?

Obrigada.

Graça Caixinha Professora Seixal, Portugal 10K

Queria saber se nevoeiro pertence à família de palavras de neve.

Obrigada.

Carla Paranhos Bancária Brasília, Brasil 12K

Qual a origem da palavra tesouro?

Mário Cruz Reformado Lisboa, Portugal 3K

Serão os termos carcinogéneo (Dic. Editora) ou carcinógeno (Dic. Houaiss e Priberam) equivalentes? Estranho não aparecerem ambos em todos os dicionários. Será o primeiro termo mais usado em Portugal e o segundo no Brasil?

Obrigado.

Ana Soares Estudante Lisboa, Portugal 7K

Qual é a construção (mais) correcta: «fazer de conta que», ou «fazer de conta de que»?

Obrigada!

Fábio Vasco Operador de call center Quinta do Conde, Portugal 8K

Sendo que não há, segundo sei (e felizmente), aportuguesamento da palavra croissant, o respectivo diminutivo será "croissantzinho", certo?

Obrigado.

Aida Jorge Esudante São Paulo, Angola 9K

É erro dizer: «significa dizer»? Diz-se apenas «significa», ou «quer dizer»?

Maria Martins Engenheira Setúbal, Portugal 11K

Deve dizer-se, de um produto numa embalagem, se é «pronto a usar», ou «pronto para usar»?

Obrigada.