Carcinogéneo e carcinógeno são termos semanticamente equivalentes que designam algo que direta, ou indiretamente, pode causar cancro. Em relação ao seu uso, consultando o corpus da variante brasileira da língua portuguesa disponibilizado pela Linguateca, verifica-se que o termo carcinógeno contabiliza 68 ocorrências, ao passo que não se assinala nenhuma ocorrência de carcinogéneo. Ainda recorrendo ao mesmo corpus, mas na variante europeia, observa-se a coocorrência de ambos os termos, ainda que, numa perspetiva geral, o seu uso seja escasso. Assim, a hipótese que o consulente apresenta pode ser considerada válida.
Registe-se ainda que o elemento de formação -geno (que é átono) – de origem grega e veiculando a ideia de «nascimento, origem, descendência, raça…» – se encontra em muitos termos compostos na variante brasileira (cf. Dicionário Houaiss), como autógeno («produzido sem influência externa») ou alucinógeno («que produz alucinações»), ao passo que, na variante europeia, formas que incluem esse elemento são remetidas para outras que apresentam -géneo ou -génio, em casos como autogéneo (adjetivo) e alucinogénio (substantivo, tem também uso adjetival)1.
1 O Dicionário Houaiss define o seguinte contraste entre -géneo e -génio: «[...] a distinção gráfica, aos poucos consolidada, postula em -gênio substantivos (raro adjetiváveis), enquanto em -gêneo postula adjetivos (às vezes substantivados) [...].» Refira-se ainda que -géneo e -génio se desenvolveram sobretudo na terminologia científica, em alternativa a -geno (idem): «[...] a relação é de todo estreita com os comp. em –geno (ver), que, transmitidos por via do gr. ou do lat., geravam proparoxítonos puros em -ógeno ou -ígeno, respectivamente, como se pode ver na série exemplificada em –geno; de início, essa série proparoxítona deve ter sido mal recebida para usos populares, de tal modo que um voc. como o fr. oxigène teria gerado dúvida no aportuguesamento ou espanholizamento – do que dá prova a solução port. oxigênio e o esp. oxígeno (mais conforme com o étimo); essa repulsa ao proparoxítono, algo evidente em outros comp., podia ter uma solução dentro da própria série – em particular no lat., segundo o padrão primigĕnus, a, um "primígeno" e primigenĭus, a, um "primigênio", praticamente sinônimos; o desenvolvimento da alternativa em -gênio não é excludente, porque forma subst. (raramente ou nunca adjetiváveis).»