DÚVIDAS

Sílabas métricas, sinalefa e vírgula
No decassílabo «E cava, em belas frontes, paralelas» (tradução pessoal de um verso de Shakespeare)*, as vírgulas são ou não desejáveis? Pergunto isto, porque não sei se o uso da vírgula impede a sílaba métrica |va em|, e também porque não tenho a certeza se, de um ponto de vista gramatical, elas são realmente necessárias. A minha intenção é apenas impedir que a palavra paralelas possa ser considerada um adjetivo referente a frontes. Obrigado.   N. E. – Trata-se de um dos versos do soneto 60 de William Shakespeare (1564-1616): «And delves the parallels in beauty's brow».
Alguns recursos expressivos de "Tormenta", de Fernando Pessoa
Que recursos expressivos são possíveis encontrar em "Tormenta", de Fernando Pessoa? «Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?Nós, Portugal, o poder ser.Que inquietação do fundo nos soergue?O desejar poder querer. Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...Mas súbito, onde o vento ruge, O relâmpago, farol de Deus, um haustoBrilha, e o mar escuro estruge.»   Obrigada!
A escansão do possessivo sua num poema
Tomemos a seguinte hipótese de decassílabo heróico: «Ora a sua compleição perde fulgor.» Pergunto se «sua» pode ser considerada uma sílaba métrica, ou seja, pergunto se uma sílaba métrica pode ser composta por duas vogais, de forma a que, apesar de serem da mesma palavra, uma pertença à sílaba tónica e outra não. Faço notar que sei que a maneira de escandir depende muito dos hábitos de cada poeta. A pergunta que faço é meramente teórica. Grato desde já pela atenção.
Um caso de crase nas cantigas galego-portuguesas
Consultei vários glossários e dicionários e nenhum, dos que possuo, pôde me auxiliar no entendimento dessa contração marcada pelo apóstrofo («que a'm poder tem») nos versos que se seguem. Trata-se de uma sinalefa? Se sim, como desenvolvê-la e como construí-la na ordem direta? «(...) Deus nom mi a mostre, que a 'm poder tem,se eu querria no mundo viverpor lhe nom querer bem nem a veer.'» (Rui Pais de Ribela, ''A mia senhor, que mui de coraçom") Desde já, agradeço a atenção dispensada.
Um caso de zeugma
A figura de linguagem zeugma refere-se apenas à omissão de termo já mencionado dentro da mesma oração ou também à omissão de termo mencionado em oração anterior? Exemplo: «Pedro foi ao mercado ontem. Depois passou na oficina. Quando estava indo (*), encontrou Carlos.» Na terceira oração se omite o termo «ao mercado», mencionado na primeira oração. Nesse caso, trata-se de zeugma ou de elipse, por o termo omitido não estar na mesma oração? Obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa