Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Miguel Reis Professor Lisboa, Portugal 3K

A frase «Vós, querida filha, dissestes isso?» levanta-me algumas dúvidas na sua análise sintática.

1) À partida consideraria o constituinte «Vós, querida filha» como sujeito, sendo «querida filha» modificador apositivo de «Vós».

2) Contudo, não existirá também a possibilidade de considerar que os constituintes «Vós» e «querida filha» se destinam a interpelar o interlocutor assumindo assim a função de vocativo, ficando o sujeito como nulo subentendido («Vós»)?

3) Mais remota talvez esta possibilidade, mas não poderia um dos dois constituintes assumir o papel de sujeito e o outro de vocativo? (acrescento o seguinte: na frase «tu disseste isso?» claramente «tu» é sujeito; na frase «tu, disseste isso?» parece-me claro que «tu» desempenha a função de vocativo; contudo, na frase «tu, meu amor, disseste isso?» torna-se difícil perceber se «tu» ou «tu, meu amor» funciona como vocativo ou como sujeito, pois se é verdade que o vocativo se separa com vírgula do resto da oração, o mesmo se passa com o modificador apositivo, indicando nesse caso as vírgulas a separação do modificador apositivo em relação ao resto do sujeito). Ou dependerá tão só da entoação dada à frase?

Sem mais, obrigado e bom trabalho

Djavan Nascimento Estudante Recife, Brasil 3K

Primeiramente eu agradeço e parabenizo todos deste excelente e grandioso sítio, que é o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

Trecho de uma carta de Monteiro Lobato (1882-1948) a Godofredo Rangel (1884-1951), em Barca de Gleyre:

«Apontas-me, como crime, a minha mistura de você com tu na mesma carta e às vezes no mesmo período. Bem sei que a Gramática sofre com isso, a coitadinha; mas me é muito mais cômodo, mais lépido, mais saído - e, portanto, sebo para coitadinha. Não fiscalizo gramaticalmente as frases em cartas. Língua de carta é língua em mangas de camisa e pé-no-chão, como a falada. Continuarei a misturar tu com você como sempre fiz... [...]»

1 - Os termos «como crime» e «como a falada» são classificados como aposto?

2 - No caso de o aposto ser formado por uma oração ou período todos, deve ser classificado somente como aposto? Ou deve ser analisado como uma oração ou período independente? Não achei na gramática tal explicação.

Agradeço-vos as respostas.

Marta Chodkowska Estudante Lublin, Polónia 9K

Gostava de saber que preposição se usa com o verbo perguntar: «Perguntar alguém por/sobre/de algo», ou sem preposição?

Ex. «Ela sempre pergunta por/sobre/de tudo ou pergunta tudo? 

Obrigada.

Marta Chodkowska Estudante Lublin, Polónia 20K

Começo por expressar os meus agradecimentos por todas as respostas e a ajuda linguística. É um trabalho excelente e muito útil. Parabéns.

Gostava de saber que preposição se usa com o verbo permitir: «permitir a alguém de fazer algo»?

Ex. O restaurante não permite aos clientes de fumar.

Antecipados agradecimentos pela resposta.

Raquel Santos Estudante Porto, Portugal 3K

Gostaria de saber se é possível que o verbo combinar reja a preposição para seguida de infinitivo: «Combinamos para ir à praia»;«Quando é que combinamos para fazer um passeio?»

Sei que o verbo combinar pode reger a preposição para quando depois se menciona alguma expressão temporal: «combinamos para sexta-feira»; «combinamos para as quatro da tarde».

Mas poderia considerar-se para + infinitivo?

Desde já agradeço a atenção dispensada.

Marta Paixão Professora Lisboa, Portugal 4K

Como se classificaria a oração subordinada na frase «insistia para que eu me imaginasse sempre a voar»?

Uma professora considera tratar-se de uma oração subordinada adverbial final, uma vez que tem o para que, mas a meu ver a oração não tem valor de finalidade, parecendo-me antes uma oração substantiva completiva, visto que o verbo insistir não me parece poder ficar sozinho, exigindo uma oração que o complete.

Obrigada.

Djavan Nascimento Estudante Recife, Brasil 5K

Se substituirmos o «a respeito de» e o sobre teremos objeto, ou continua sendo adjunto adverbial?

«A menina da qual estávamos falando chegou» (objeto?)

«Estávamos falando a respeito da menina.» (adjunto adverbial).

«Estávamos falando sobre a menina» (adjunto adverbial).

«Estávamos falando da menina» (objeto)

Fiz essa avaliação. Creio que esteja certa. Há um pouco de confusão entre adjunto adverbial e objeto indireto...

Obrigado a todos do Ciberdúvidas.

Ana Vilhena Professora Lisboa, Portugal 4K

Gostaria de perguntar como classificariam quanto à função sintática o constituinte à direita do nome pergunta na frase «Para responder à pergunta sobre o sentido que a dada altura nos assalta.»

Será complemento do nome ou modificador?

Airton Dias Estudante Araraquara, Brasil 9K

Eu sempre tive dificuldade de precisar o sentido e possíveis sinônimos para esse justamente que está ali na frase [mais abaixo]. Muitas vezes, pego frases com quatro ou cinco ocorrências dele, mas me é difícil substituir por alguma coisa que não seja outro advérbio de modo — precisamente, exatamente. Mais do que isso, não sei bem qual é o sentido exato dessa palavra nesse uso: parece significar recuperar alguma coisa ao mesmo tempo em que se afirma que essa coisa corresponde, com precisão quase divina, àquilo que se procurava. Entendem o que quero dizer?

Caso entendam, lhes ocorre algum substituto?

«Diante dessa exigência, a ontologia da determinação tem duas principais alternativas: ela pode, justamente, afirmar que a determinação de um objeto é dada necessariamente por aquilo que ele é em si mesmo, independentemente de sua relação com outros objetos (e a pergunta se torna, então, qual é o fundamento de que ele seja em si mesmo aquilo que ele é), ou…».

Vinícius Pereira Sales Revisor de Texto Brasília, Brasil 122K

Peço seu conselho e orientação sobre frases com a seguinte construção: «Ele defendeu a universidade alemã (,) também porque, durante o Terceiro Reich, havia vivido seu próprio fracasso» ou «Ela saiu de casa com o guarda-chuva (,) especialmente porque a mãe lhe pedira».

Não sei dizer se a colocação da vírgula é adequada neste contexto, em que aparece um adjunto adverbial logo antes da conjunção explicativa. Meu primeiro sentimento é o de colocá-la, mas antecedendo o advérbio.

Porém fica a dúvida: isso é correto? A que oração pertence esse adjunto? Será um modificador da conjunção?

Agradeço desde de já e parabenizo a equipe do site pelo belo trabalho!