Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Ricardo Madureira Professor Juiz de Fora, Brasil 2K

Primeiramente gostaria de cumprimentá-los pela excelente prestação de serviços com que somos brindados pelo Ciberdúvidas!

No português brasileiro, a oposição pronome reto X pronome oblíquo átono não é levada a sério na fala espontânea, ficando restrita à língua escrita formal. Assim, são comuns frases como «eu conheço ele», «eu encontrei ela», «eu vi elas», etc.

O único caso que se obedece é a oposição eu e me e, mesmo assim, entre pessoas de muito baixa escolaridade, pode-se ouvir um «ele viu eu» ou, ainda pior, «ela me viu eu». [...]

Eu gostaria de saber, afinal, se em Portugal, na fala espontânea, podem-se encontrar construções com o pronome reto empregado em vez do oblíquo átono.

PS.: Não há problemas para o brasileiro, mesmo de pouca instrução, em relação às formas tônicas.

Carlos Augusto Kavan Estudante São Paulo, Brasil 10K

Lendo alguns fóruns na Internet, deparei-me com o seguinte modelo de frase: «Jorge gosta de frutas porque faz bem.» Nota-se que há a conjunção porque, não sendo precedida de vírgula.

O fórum cita o porque explicativo e causal, citando suas diferenças, sendo uma delas a de que o porque causal não pode ser precedido de vírgula e estabelece uma causa entre as duas orações; neste caso, a causa de Jorge gostar de frutas deve-se ao fato de estas fazerem bem, o que explica a ausência de vírgula. No entanto, tal análise torna-se, de certa forma, muito subjetiva, gerando uma dúvida no leitor. Da mesma forma que o porque da frase pode ser entendido como causal, também pode ser entendido como explicativo; a explicação do motivo de Jorge gostar de frutas deve-se ao fato de elas fazerem bem.

Li por vários outros fóruns e sites atrás de métodos para diferenciá-los, mas não obtive sucesso.

Afinal, há algum método de diferenciá-los com exatidão ou podemos nos esbarrar nesse mesmo problema de ambiguidade na análise?

Grato.

Inês Barbosa Professora Rio Maior, portugal 2K

Qual a expressão correta: «Praticamente metade da superfície agrícola em Portugal são pastagens» ou «praticamente metade da superfície agrícola em Portugal é pastagens»?

Obrigada.

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 2K

Talvez se possa clarificar a resposta a Nelson Brás, em 6/4/2022, se tomarmos uma frase com o termo login, como «É preciso fazer login na página para ter acesso às informações».

Não se diz «É preciso fazer um login na página...», o que parece dar razão ao revisor citado pelo consulente.

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 21K

Quanto à consulta sobre «nós todos», respondida em 08/4/2022, não há algo de redundante no emprego do pronome todos na frase em questão («Nós todos somos seus fãs») e em outras semelhantes?

Não bastaria dizer «Nós somos seus fãs», estando implícita a ideia de totalidade no pronome pessoal?

Obrigado.

Evandro Braz Lucio dos Santos Professor Santa Quitéria, Brasil 2K

Sobre o período «Si o incitavam a falar exclamava: – Ai! Que preguiça! ... e não dizia mais nada.» [de Macunaíma, de Mário de Andrade], pergunto:

1) Há oração nos termos «Ai!» e «Que preguiça!»?

2) Se houver, quais os verbos que estão implícitos?

3) Quantas orações existem no período?

4) O período é misto?

5) A oração «Si o incitavam a falar» é oração subordinada adverbial condicional?

Obrigado.

Helder Carvalho Professor Lisboa, Portugal 11K

Entendo a diferença entre seu e dele, mas fico muito confuso na utilização de um ou de outro, no sentido em que acabo por usá-los no mesmo texto, por vezes na mesma frase. É isto correto?

Poderei referir-me no mesmo texto a uma mesma pessoa por vezes com dele, por vezes com seu, conforme me soar melhor?

Por exemplo, posso dizer em determinado passo «Um carro excelente, o dele» e mais à frente «anotou no seu diário», referindo-se estes passos à mesma pessoa? É que neste caso soa-me mesmo melhor o «dele» no primeiro caso, e o «seu» no segundo. É isto aceitável?

Obrigado.

Esperança Dulce Batista Calado Professora Grândola, Portugal 3K

Na frase «Elas eram tratadas como amigas», «amigas» pode ser considerado um adjetivo?

Douglas Vargas Contabilista Lisboa, Portugal 8K

Recentemente li a seguinte expressão: «Trazemos sempre muita coisa de Itália.»

A minha dúvida refere-se a julgar que, em vez de «usar muita coisa», deveria ler-se «usar muitas coisas».

Orfeu Molino Estudante João Pessoa, Brasil 2K

Assim é a primeira estrofe do poema "O Mergulhador", do poeta brasileiro Vinicius de Moraes:

«Como, dentro do mar, libérrimos, os polvos
No líquido luar tateiam a coisa a vir
Assim, dentro do ar, meus lentos dedos loucos
Passeiam no teu corpo a te buscar-te a ti.»

Para além do efeito poético que a prodigalidade dos pronomes oblíquos proporciona, que relações gramaticais poderiam ser identificadas nesse emaranhado deles?

Já me deparei com pronomes oblíquos tônicos sucedidos por átonos, mas sempre atribuí a um pleonasmo são. Em tais casos, porém, não me oriento bem.