Com efeito, como implicita o consulente, a resposta dada à questão referida não será clara quanto à gramaticalidade da construção em causa, pelo que importa explicitar os passos da análise aí conduzida.
Antes de mais, torna-se claro que uma frase como a que se apresenta em (1) é, de facto, agramatical:
(1) «*Como respondi a a professora tê-las subestimado?»
Esta agramaticalidade advém do facto de ser de regra não proceder à contração da preposição quando esta introduz uma construção com infinitivo. No caso particular da frase (1), esta situação gera a contiguidade da preposição a com o artigo definido a, o que também não é aceitável do ponto de vista gramatical.
Perante o problema que a construção desencadeia, é importante procurar na língua construções que sejam equivalentes e que possam resolver o problema criado pelo encontro da preposição com o artigo no caso concreto da frase em análise. Assim, a frase que propusemos, aqui transcrita em (2), poderá ser vista como uma solução para resolver a questão, pois permite recuperar um constituinte que poderia surgir na frase, assegurando a sua gramaticalidade:
(2) «Como respondi ao facto de a professora as ter subestimado?»
Quando se usa o termo recuperar, estamos a considerar que a própria língua assegura a gramaticalidade das suas construções, possibilitando estruturas corretas, que os falantes poderão adotar ou não.
Como refere o consulente, o constituinte «o facto de» poderia, com efeito, surgir em muitas estruturas com preposição a introduzir construção de infinitivo. Não obstante, não existindo necessidade de resolver problemas de natureza gramatical, o seu uso tornar-se-ia redundante e desaconselhável por sistema.
*assinala a agramaticalidade da frase