Apesar de existir na frase a seguir uma dupla negativa, penso ser correcto dizer-se «esta rua não vai a lado nenhum»...
Qual é a opinião do Ciberdúvidas?
Muito obrigado.
Apesar da resposta circunstanciada e atenciosa da Professora Edite Prada, em 3/5/2004, não estou convencido ainda da incorreção da frase seguinte: «A arte abstrai da morte, desconhece-a, com esse obstinado acreditar em si mesmo, que é o estigma de seu orgulho e de sua força».
A propósito, apresento outras frases análogas que me ocorreram:
"O falar consigo mesmo é característica dos filósofos";
"É próprio dos bons alunos o ser atento";
"O aprender sozinho revela o espírito dos perseverantes".
Se, em cada frase, se fizer alteração de gênero, dever-se-iam de alterar também os adjetivos componentes das frases substantivadas?
Ou seja:
"O falar consigo mesmas é característica das filósofas";
"É próprio das boas alunas o ser atentas";
"O aprender sozinhas revela o espírito das pessoas perseverantes".
A questão se prende ao fato de, segundo penso, ao se substantivar uma expressão, ela deveria cristalizar-se com a característica genérica do masculino neutro, inclusive seus termos internos variáveis.
Na verdade, não estou afastando a hipótese de se fazer a concordância atrativa, como propôs a nobre professora, mas querendo saber se estaria afastada, por definitivamente incorreta, a concordância que propus.
Gostaria de nova intervenção da Professora Edite Prada e, se não for o caso de ela se sentir melindrada, a opinião de outro consultor, para propor ou não uma ratificação.
Muito obrigado.
É possível a utilização da expressão «começar de» (com a preposição de) como alternativa à expressão «começar a» (com a preposição a)?
«Se tivesse acertado na lotaria, eu estava/estaria milionário.»
«Se eu fosse a ti eu fazia/faria os trabalhos de casa.»
Ambas as possibilidades apresentadas para cada frase estão bem aplicadas?
Quais são os seus tempos, exactamente?
Antecipadamente grato.
No domingo, dia 28 de Setembro [de 2003], lia-se em título no jornal “Público”:
«Trabalho faz cada vez mais mal à saúde».
Ora, considerada a minha aprendizagem já um pouco antiquada, eu usaria o adjetivo pior em substituição de mais mal. No entanto, e depois de
consultar a vossa página, ainda fiquei mais confusa!
Pergunto: será que, também neste exemplo, poder-se-á dizer/escrever das duas formas? (tenho plena consciência da evolução da língua, mas não se estará a cair em laxismos linguísticos?)
Grata pela vossa ajuda/esclarecimento.
Antes de mais, parabéns à ilustre consultora dra. Edite Prada, que, com a humildade que só a grandeza e a competência permitem, se dignou responder – de forma, aliás, brilhante –, a uma pergunta recorrente no Ciberdúvidas e já aqui demasiadas vezes contornada sem honra nem mérito. O meu sincero aplauso, Senhora Doutora!
Mas...há um "mas"!
Com todo o respeito, parece-me haver um vício de pensamento que presidiu a todo o excelente trabalho de justificação do verbo ver: é a certeza, que não se ousou questionar, de que o verbo a empregar é este mesmo.
Se bem repararmos, houve que fazer uma "ginástica de quebrar os ossos da razão" para que o verbo ver tenha lugar na frase em questão. A tal ponto que, para o efeito, nem ter nem ver podem significar o que significam (como é afirmado) para que, juntos, dêem à frase o sentido que "queremos" que ela tenha.
Por outro lado, parece que, afinal, "nada ter a ver" não significará – de certeza, sem dúvidas – «estar relacionado», pelo menos a avaliar pelos exemplos apontados no final da resposta.
Se assim é, não nos obrigará a racionalidade cartesiana a admitir, nem que seja como mera hipótese, que há duas frases parecidas a significar coisas distintas? E que uma terá tomado o lugar das duas (no caso, terá prevalecido a que emprega o verbo ver)?
Será completamente descabido tentar encontrar justificação para o emprego do verbo haver em «isto nada tem que (ou a) haver com aquilo»? É que me parece dar bastante menos trabalho e ser bastante mais lógica e convincente do que a formulada para emprego de ver!
Correndo o risco de ser impertinente pela insistência, volto à minha argumentação inicial:
1 – Haver significa, em primeira linha, «ter».
2 – A frase «isto nada tem que ver com aquilo» é sempre redundante, já que se limita a reforçar a frase «isto nada tem com aquilo», que significa o mesmo. Nesta frase, o emprego do verbo ter não oferece dúvidas.
3 – Na "não frase" «isto nada tem "a ter" com aquilo», o verbo ter seria utilizado exactamente com o mesmo significado as duas vezes, mantendo-se o sentido da frase.
4 – Porque a frase seria foneticamente (e não só...) impraticável, o verbo ter deu lugar a haver, que também significa «ter», para além de «receber», assim se mantendo e mesmo consolidando o sentido da mesma.
5 – Seria indiferente emprego do que ou do a, já que o sentido da
frase se manteria em qualquer os casos.
6 – Nesta hipótese, ter e haver continuam a significar o que significam, sem necessidade de ter de os "perverter" para que a frase tenha o sentido que, de facto, tem – porque os verbos utilizados a esse mesmo sentido conduzem (ao contrário do que é, dignamente, admitido com o emprego de ver)!
Tentei demonstrar, esforçadamente como se constatará, que, a não existir uma ideia ou regra fixa e incontornável que "obrigue" à rejeição liminar do haver em proveito do ver, a "justificação" para o emprego daquele seria bem mais simples e facilmente aceitável do que a elaborada à volta do uso deste.
Desta forma se entenderia que o dicionário citado atribua a «nada ter que ver» significado completamente diferente de «estar relacionado», pela simples razão de que a frase que tal sentido terá é outra, ainda que outros também tenha: «nada ter que (ou a) haver».
Em face do desenvolvimento que o assunto já teve, não ouso "exigir" uma "resposta" do Ciberdúvidas. Aqui fica, apenas, o registo das minhas dúvidas que, apesar de tudo, se mantêm.
Obrigado à dra. Edite Prada.
Pesquisei o tema “Euro e euros” e obtive a resposta que procurava restando-me apenas uma dúvida para a qual solicito esclarecimento.
Estou a fazer locução do seguinte texto:
«O indivíduo atingiu uma taxa de alcoolémia de 2g/l às 20 horas.»
Neste caso como devo ler?
«2 gramas por litro» ou «2 grama por litro»?
O facto de estar escrito com o símbolo e não por extenso obriga-me a ler «2 grama por litro»?
Grato pela atenção.
Sou estudante de Letras e apesar de os ter estudado no semestre passado, confesso que fiquei com muitas dúvidas a respeito destes temas.
Gostaria de pedir um esclarecimento da vossa parte.
Obrigada.
Qual das frases está correcta: «... com a presença de entidades oficiais que induziriam uma desejável divulgação...» ou «... com a presença de entidades oficiais que induziriam a uma desejável divulgação...»? Ou seja: é correcto usar-se "induzir a..."?
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