Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
J. Luís Baptista Portugal 23K

Apesar de existir na frase a seguir uma dupla negativa, penso ser correcto dizer-se «esta rua não vai a lado nenhum»...

Qual é a opinião do Ciberdúvidas?

Muito obrigado.

Fernando Bueno Brasil 22K

Apesar da resposta circunstanciada e atenciosa da Professora Edite Prada, em 3/5/2004, não estou convencido ainda da incorreção da frase seguinte: «A arte abstrai da morte, desconhece-a, com esse obstinado acreditar em si mesmo, que é o estigma de seu orgulho e de sua força».
A propósito, apresento outras frases análogas que me ocorreram:
"O falar consigo mesmo é característica dos filósofos";
"É próprio dos bons alunos o ser atento";
"O aprender sozinho revela o espírito dos perseverantes".
Se, em cada frase, se fizer alteração de gênero, dever-se-iam de alterar também os adjetivos componentes das frases substantivadas?
Ou seja:
"O falar consigo mesmas é característica das filósofas";
"É próprio das boas alunas o ser atentas";
"O aprender sozinhas revela o espírito das pessoas perseverantes".
A questão se prende ao fato de, segundo penso, ao se substantivar uma expressão, ela deveria cristalizar-se com a característica genérica do masculino neutro, inclusive seus termos internos variáveis.
Na verdade, não estou afastando a hipótese de se fazer a concordância atrativa, como propôs a nobre professora, mas querendo saber se estaria afastada, por definitivamente incorreta, a concordância que propus.
Gostaria de nova intervenção da Professora Edite Prada e, se não for o caso de ela se sentir melindrada, a opinião de outro consultor, para propor ou não uma ratificação.
Muito obrigado.

Inês Cardoso Oeiras, Portugal 21K

É possível a utilização da expressão «começar de» (com a preposição de) como alternativa à expressão «começar a» (com a preposição a)?

Miguel R. Júlio Portugal 116K

«Se tivesse acertado na lotaria, eu estava/estaria milionário.»

«Se eu fosse a ti eu fazia/faria os trabalhos de casa.»

Ambas as possibilidades apresentadas para cada frase estão bem aplicadas?
Quais são os seus tempos, exactamente?

Antecipadamente grato.

Bernardete Costa Portugal 30K

No domingo, dia 28 de Setembro [de 2003], lia-se em título no jornal “Público”:

«Trabalho faz cada vez mais mal à saúde».

Ora, considerada a minha aprendizagem já um pouco antiquada, eu usaria o adjetivo pior em substituição de mais mal. No entanto, e depois de
consultar a vossa página, ainda fiquei mais confusa!

Pergunto: será que, também neste exemplo, poder-se-á dizer/escrever das duas formas? (tenho plena consciência da evolução da língua, mas não se estará a cair em laxismos linguísticos?)

Grata pela vossa ajuda/esclarecimento.

Manuel Correia Bruxelas, Bélgica 36K

Antes de mais, parabéns à ilustre consultora dra. Edite Prada, que, com a humildade que só a grandeza e a competência permitem, se dignou responder – de forma, aliás, brilhante –, a uma pergunta recorrente no Ciberdúvidas e já aqui demasiadas vezes contornada sem honra nem mérito. O meu sincero aplauso, Senhora Doutora!

Mas...há um "mas"!

Com todo o respeito, parece-me haver um vício de pensamento que presidiu a todo o excelente trabalho de justificação do verbo ver: é a certeza, que não se ousou questionar, de que o verbo a empregar é este mesmo.

Se bem repararmos, houve que fazer uma "ginástica de quebrar os ossos da razão" para que o verbo ver tenha lugar na frase em questão. A tal ponto que, para o efeito, nem ter nem ver podem significar o que significam (como é afirmado) para que, juntos, dêem à frase o sentido que "queremos" que ela tenha.

Por outro lado, parece que, afinal, "nada ter a ver" não significará – de certeza, sem dúvidas – «estar relacionado», pelo menos a avaliar pelos exemplos apontados no final da resposta.

Se assim é, não nos obrigará a racionalidade cartesiana a admitir, nem que seja como mera hipótese, que há duas frases parecidas a significar coisas distintas? E que uma terá tomado o lugar das duas (no caso, terá prevalecido a que emprega o verbo ver)?

Será completamente descabido tentar encontrar justificação para o emprego do verbo haver em «isto nada tem que (ou a) haver com aquilo»? É que me parece dar bastante menos trabalho e ser bastante mais lógica e convincente do que a formulada para emprego de ver!

Correndo o risco de ser impertinente pela insistência, volto à minha argumentação inicial:

1 – Haver significa, em primeira linha, «ter».

2 – A frase «isto nada tem que ver com aquilo» é sempre redundante, já que se limita a reforçar a frase «isto nada tem com aquilo», que significa o mesmo. Nesta frase, o emprego do verbo ter não oferece dúvidas.

3 – Na "não frase" «isto nada tem "a ter" com aquilo», o verbo ter seria utilizado exactamente com o mesmo significado as duas vezes, mantendo-se o sentido da frase.

4 – Porque a frase seria foneticamente (e não só...) impraticável, o verbo ter deu lugar a haver, que também significa «ter», para além de «receber», assim se mantendo e mesmo consolidando o sentido da mesma.

5 – Seria indiferente emprego do que ou do a, já que o sentido da
frase se manteria em qualquer os casos.

6 – Nesta hipótese, ter e haver continuam a significar o que significam, sem necessidade de ter de os "perverter" para que a frase tenha o sentido que, de facto, tem – porque os verbos utilizados a esse mesmo sentido conduzem (ao contrário do que é, dignamente, admitido com o emprego de ver)!

Tentei demonstrar, esforçadamente como se constatará, que, a não existir uma ideia ou regra fixa e incontornável que "obrigue" à rejeição liminar do haver em proveito do ver, a "justificação" para o emprego daquele seria bem mais simples e facilmente aceitável do que a elaborada à volta do uso deste.

Desta forma se entenderia que o dicionário citado atribua a «nada ter que ver» significado completamente diferente de «estar relacionado», pela simples razão de que a frase que tal sentido terá é outra, ainda que outros também tenha: «nada ter que (ou a) haver».

Em face do desenvolvimento que o assunto já teve, não ouso "exigir" uma "resposta" do Ciberdúvidas. Aqui fica, apenas, o registo das minhas dúvidas que, apesar de tudo, se mantêm.

Obrigado à dra. Edite Prada.

José Alberto Monterroso Portugal 14K

Pesquisei o tema “Euro e euros” e obtive a resposta que procurava restando-me apenas uma dúvida para a qual solicito esclarecimento.

Estou a fazer locução do seguinte texto:

«O indivíduo atingiu uma taxa de alcoolémia de 2g/l às 20 horas.»

Neste caso como devo ler?

«2 gramas por litro» ou «2 grama por litro»?

O facto de estar escrito com o símbolo e não por extenso obriga-me a ler «2 grama por litro»?

Grato pela atenção.

Claudete Souza Portugal 28K

Sou estudante de Letras e apesar de os ter estudado no semestre passado, confesso que fiquei com muitas dúvidas a respeito destes temas.
Gostaria de pedir um esclarecimento da vossa parte.
Obrigada.

Paulo Jerónimo Portugal 12K
Diz-se «Estas disposições pertencem ao Código...» ou «Estas disposições são do Código...»?
Nuno Fernandes Portugal 18K

Qual das frases está correcta: «... com a presença de entidades oficiais que induziriam uma desejável divulgação...» ou «... com a presença de entidades oficiais que induziriam a uma desejável divulgação...»? Ou seja: é correcto usar-se "induzir a..."?