Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Fernando Pestana Estudante Rio de Janeiro, Brasil 7K

Em «Ele levou uma surra», «Ele recebeu um presente», «Ele ganhou um prêmio», tais verbos de sentido passivo tornam a voz verbal "ativa" ou "passiva"? Por quê? Qual gramático brasileiro diz algo sobre isso? Grato.

Rui Barreiros Reformado Coimbra, Portugal 6K

Parece-me haver uma tendência para deixar de usar o modo conjuntivo, o que seria um empobrecimento para a nossa língua (talvez pior do que a vossa chamada de atenção para a falta de acentuação e má pronúncia na primeira pessoa do plural do pretério perfeito simples). Já tenho chamado a atenção de amigos para tal facto, mas dizem que não notam.

Será real o facto que refiro?

Alguns exemplos:

a) «Mas a ERSE admite que esse estudo [ou outra coisa qualquer] pode aumentar os custos...»;

b) relações de igualdade (entre europeus e africanos) não quer dizer que as contribuições de cada um podem ser iguais...» (a propósito da cimeira UE-África);

c) «Agora, o que é irónico é que este "falso" plural é também designado nos prontuários por "plural de modéstia" — o que prova que nem a terminologia gramatical é imune a manipulações ideológicas» (Vossa pelourinho Nós, vós, ele e artigo publicado no semanário Sol, de 29 de Dezembro de 2007).

Então, não deveria ser "possa", "possam" (aliás, "tenham") e "seja", respectivamente?

Obrigado.

Luís A. Afonso Investigador científico (aposentado) Lisboa, Portugal 5K

Ouvi na RTPN o seguinte (sem pausas):

«... os estragos muito elevados não estão cobertos pelo seguro»

em vez do muitíssimo mais provável:

«...os estragos, muito elevados, não estão cobertos pelo seguro.»

Quando será que os nossos noticiaristas tomam atenção às vírgulas intercalando a devida pausa?

Pedro Andrade Desempregado Braga, Portugal 23K

Vi as vossas respostas relacionadas com a questão reserva o direito/reserva-se o direito, mas não estou satisfeito com elas.

Digam-me, por favor, como devo traduzir para português o seguinte início de frase em inglês: «XPTO reserves the right to change product features...»

Eu acredito que a seguinte forma é a correcta:

«A XPTO reserva o direito de alterar as características dos produtos...»

No entanto, as vossas respostas parecem indicar que o correcto seria dizer «A XPTO reserva-se o direito de alterar as características dos produtos...»

A XPTO não se está a reservar-se a si própria, nem pretende dizer explicitamente que está a reservar o direito para si própria (isso deve estar apenas implícito, dado que proporciona vários subterfúgios legais que as empresas consideram ser muito úteis). Quanto ao reservar o direito para si própria, também não vejo como a conjugação reflexa "reserva-se" (dado que o sujeito está imediatamente antes) poderia significar «reserva para si».

Sem sujeito/nome, não há dúvidas. A forma correcta é «Reserva-se o direito de admissão», por exemplo.

Obrigado.

Fernando Pestana Estudante Rio de Janeiro, Brasil 23K

Uma propaganda de uma rede educativa, que traz de vez em quando questões relacionadas à língua portuguesa aqui no Brasil, disse que a norma culta não considera correto o uso de «Eu vou precisar de fazer as questões»; o problema apontado por esse programa é a presença da preposição antes do verbo no infinitivo, mas, buscando respostas no Ciberdúvidas, vi que ambas as formas estão adequadas à norma culta, ou seja, «Eu vou precisar de fazer» ou «Eu vou precisar fazer», ambas estão corretas segundo vocês, mas não segundo o programa daqui do Brasil. Afinal, existe alguma referência, algum gramático que acabe com a minha dúvida se ambas as formas podem estar corretas, ou só uma delas, como disse o programa?

Muito obrigado.

Carolina Ferreira Jurista Lisboa, Portugal 44K

Quando se faz uma enumeração de substantivos sem a terminar com um e, deve-se colocar também uma vírgula antes do verbo?

Por exemplo: «A luminosidade, a frescura tépida, as cores súbitas, a suavidade(,?) pareciam indicar a chegada definitiva da Primavera.»

Obrigada!

Rita C. Mendes Estudante Lisboa, Portugal 13K

Será correcto dizer-se que uma coisa é «equivalente de outra» (por exemplo, «como se [os novos] fossem equivalentes dos antigos»), ou diz-se sempre «equivalente a» (e neste caso seria «como se [os novos] fossem equivalentes aos antigos»)?

Grata pela atenção.

Ercília Sequeira Professora Lagos, Portugal 12K

Deve dizer-se: «caracterizar alguém como trabalhadora», ou «caracterizar alguém de trabalhadora»?

Bartira Gotelipe Professora Nova Lima, Brasil 6K

Na oração «Maria estava em casa», qual a classificação do verbo? O predicado é verbal? Se «em casa» é adjunto adverbial, o verbo é intransitivo?

Procurei em várias gramáticas e não encontrei resposta satisfatória.

Catarina Pires Tradutora Lisboa, Portugal 5K

«A interface de utilizador remoto permite aos utilizadores um fácil acesso e gestão de qualquer dispositivo de impressão ligado à rede.»

Os substantivos acesso e gestão pedem preposições diferentes («acesso a» e «gestão de»). Ora, uma vez que eu quero juntá-los, porque se referem os dois a «qualquer dispositivo», como poderei fazê-lo sem cair na repetição?