Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Pedro Santos Arquitecto Lisboa, Portugal 27K

Deve dizer-se, rigorosamente:

a) «Temos muito a aprender com os mais velhos»;

b) «Temos muito que (e não «de», com sentido de obrigação) aprender com os mais velhos»; ou

c) «Temos muito para aprender com os mais velhos»?

As formas que me parecem mais correctas são a b) e c); no entanto, ouço dizer muitas a vezes como em a). Para outras formas verbais, como, por exemplo, «fazer», é igual?

Desde já, muito obrigado.

Ana Costa Professora Porto, Portugal 3K

Agradecia esclarecimento sobre obrigatoriedade do uso do conjuntivo na negativa — ex. «pode dizer-se com rigor que o jogo de damas é importante para o cérebro» — «não pode dizer-se que.... seja...»

A frase, ao ser transformada para a negativa, pode ter outras alternativas?

Obrigada pelo esclarecimento.

Oliveira Ramos Professor Aveiro, Portugal 6K

Quanto à discussão das frases «A profissão dele é professor.» e «A profissão dele é a de professor.», verificamos que as nossas prezadas Ciberdúvidas, a quem temos motivos para estar muito agradecidos pelos excelentes serviços que prestam, referem como evidentemente melhor e mais exacta a expressão «a profissão dele é a de professor.»

Ora esta declaração da evidência da qualidade superior e da exactidão da segunda frase levanta-me... novas dúvidas. Será que é assim tão evidente? A minha posição actual é a de que as frases merecem semelhante valorização, por pertencerem ao mesmo nível, padrão, de linguagem e serem funcionalmente equivalentes, o que não significa que não incorporem algumas diferenças, como abaixo expresso. Estilisticamente, não creio que a frase sem o pronome a seja inferior, como abaixo também expresso.
Para começar, estabelecendo cadeias em que as expressões revelem bem os seus sentidos, consideremos a sequência de frases:

Médico é uma profissão. Canalizador é uma profissão.

Professor é uma profissão e é a profissão dele. A profissão dele é professor.

E consideremos estoutra sequência de frases:

Existe a profissão dele. É a de professor. A profissão dele é a de professor.

Será que uma destas formulações é evidentemente melhor do que a outra? De acordo com o parecer dado pelas Ciberdúvidas, as questões em causa são mais de ordem semântica do que sintáctica. No entanto, os significados das duas frases são imediatamente reconhecidos como idênticos e claros por qualquer lusófono, que, à partida, nunca iria pensar em significados que envolvam a ideia de que a «profissão» é «um professor». A esta estranha ideia contraponho outras matizes semânticas relativas à aplicação do verbo ser, bem como a consideração do seu efeito em cada um dos casos, como explico abaixo. Note-se, de passagem, que na frase «Médico é uma profissão.» ninguém pensará que «o médico» é «uma profissão». Que risco haverá, então, de «a profissão» ser «um professor»? Claro que ninguém pensa assim ao formular ou ao receber uma destas frases.

Na frase «A profissão dele é a de professor.», a utilização do pronome a invoca a palavra profissão, pelo que a frase equivale a «A profissão dele é a profissão de professor.» Aqui, o verbo ser é utilizado para estabelecer uma relação directa, de tipo comparativo, de identidade entre duas coisas da mesma natureza, duas profissões: a profissão dele e a profissão de professor. Por via do verbo ser, diz-se que a profissão dele e a profissão de professor são iguais, ou melhor, a mesma.

Já na frase «A profissão dele é professor.», o verbo ser estabelece um relação que não é de identidade directa, mas sim de atribuição selectiva entre duas coisas de natureza distinta, um homem e uma profissão: do universo das profissões, a que pertencem médico, canalizador, professor e outras, a que é dele é professor.

Em termos de exactidão, as duas formulações são equivalentes, pois nos dois casos não há qualquer incerteza ou especificação potencialmente errónea: ele é professor, ou seja, a profissão dele é professor, ou seja ainda, a profissão dele é a (profissão) de professor.

Passando a um plano estilístico, se bem que a expressão com pronome a possa, segundo algumas opiniões, parecer mais "refinada", ela é mais retorcida, uma vez que o pronome a introduz redundância relativamente ao termo que é o sujeito da frase e que dista de apenas duas palavras: «A profissão dele é a (profissão) de professor.» Não me parece que esta formulação seja superior a «A profissão dele é professor.» Não admira que a forma «A profissão dele é professor» seja mais corrente, se evita a referida redundância. E a menor frequência de uma expressão não a torna, por isso, superior. Não sem ironia, digo: a este mesmo nível, estilístico, não seria até de abandonar as duas expressões e adoptar, se quisermos criar certos efeitos, «Ele exerce o mester de docente.»?

Tudo isto, claro, «salvo melhor opinião»!

Fico a aguardar com interesse a resposta de V. Exas., que muito agradeço.

António Madeira Tradutor Leiria, Portugal 14K

Saudações uma vez mais.

Gostaria de saber se a regência do verbo presidir é «Ele preside o grupo» ou «Ele preside ao grupo». Vejo tanto uma como outra serem utilizadas na comunicação social. Estarão as duas correctas, ou dever-se-á usar uma em detrimento da outra?

Muito obrigado.

Susana Vasconcelos Secretária Porto, Portugal 8K

A frase «Sempre vamos ao cinema?» está correcta gramaticalmente, no que toca ao uso de sempre?

Obrigada.

Marco António Funcionário Faro, Portugal 34K

Agradeço que me informem, e porquê, sobre se o verbo constar tem sujeito, ou se é um verbo impessoal transitivo sem sujeito.

Vanda Canas Estudante Setúbal, Portugal 116K

Como distinguimos os advérbios interrogativos dos pronomes interrogativos quando têm a mesma forma?

Irene Maria Professora Coimbra, Portugal 25K

Gostaria de saber se a locução prepositiva «apesar de» pode introduzir uma oração subordinada concessiva.

Maria João Azevedo Terapeuta da fala Guimarães, Portugal 43K

Gostaria de saber o que significa papel temático (relacionado com a semântica) e quais os tipos de papéis temáticos que podemos encontrar nas frases.

Obrigada pela atenção dispensada.

Fernando Pestana Estudante Rio de Janeiro, Brasil 9K

Em «Viver é lutar» e «Fumar é proibido», o sujeito é simples ou oracional, ou seja, o núcleo do sujeito é classificado morfologicamente como substantivo, ou como verbo?

Obrigado.