Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Carolina Ferreira Jurista Lisboa, Portugal 5K

«Não guardo rancor de ninguém», ou «não guardo rancor a ninguém»?

Obrigada!

Patrícia Almeida Estudante Lisboa, Portugal 7K

O que é a relação de c-comando?

Ex.: «As Donkey Sentences são um tipo de estrutura em que não existe relação de c-comando entre o antecedente e o pronome.»

Obrigada.

Mónica Liliana Coura de Sá Tinoco Estudante universitária Braga, Portugal 8K

Expliquem-me, por favor, o que se entende por «independência sintáctica da frase».

Eleone Araújo Enc. administrativa São Paulo, Brasil 3K

Minha nora me enviou uma mensagem desta maneira:

«Ahh não esquece que no sábado tem a festa da Carol.»

Como estávamos marcando algo para o final de semana, entendi como uma negativa, tipo para esquecer tudo, pois havia a festa da Carol, só que na verdade ela estava só colocando para que eu não esquecesse da festa no sábado, eu disse então que ficaria mais claro se colocasse desta forma («Ahh, não esquece que no sábado, tem a festa da Carol.») Eu acho até que esteja faltando mais alguma coisa na primeira frase para que fique bem compreendida.

O que você acha?

Luciano Eduardo de Oliveira Professor Botucatu, Brasil 5K

Sempre disse e ouvi duvidar na afirmativa com subjuntivo, mas vejo numa conceituada revista hebdomadária brasileira: «Duvido que o Brasil virá a ser um grande exportador de petróleo. Ninguém sabe qual é o custo de produzir sob a camada de sal.» Esta frase foi proferida por Albert Fishlow, economista americano, que certamente a pronunciou em inglês, e traduzida por alguém depois, o que descarta os lapsos que muitas vezes se cometem na linguagem falada. Por isso mesmo, pergunto-lhes: é lícito usar o indicativo aí? Talvez o tradutor tenha optado por esse modo por haver referência futura (vir a ser), já que o futuro do subjuntivo, existente em português, seria agramatical («duvido que o Brasil *vier a ser»). Usando o subjuntivo, teria de dizer-se algo como «Duvido que o Brasil passe a ser/seja algum dia/se torne ...».

Saudações brasileiras.

Válter Pinto Oficial de justiça Mogi das Cruzes, Brasil 9K

Gostaria que me esclarecessem a forma correta:

1) «Ante os fatos narrados anteriormente...»;

2) «Ante dos fatos narrados anteriormente...»;

3) «Ante aos fatos narrados anteriormente...»

Aproveito o ensejo para apresentar meus agradecimentos aos mestres pelos relevantes esclarecimentos e pelo ótimo nível das respostas.

Eduardo Andrade Técnico de informática Agualva-Cacém, Portugal 7K

Deparei-me recentemente com uma embalagem de manteiga de uma marca muito conhecida, e diz na embalagem:

«Manteiga meia gorda.»

Houve qualquer alteração à gramática, ou isto é um erro?

Miguel Cabelo Engenheiro/tradutor Barcelona, Espanha 32K

Num dos testes da edição de 2008 do Campeonato da Língua Portuguesa surgiram algumas dúvidas sobre a regência do verbo assegurar. A Comissão Técnico-Científica do CLP enviou nessa altura a todos os participantes um detalhado esclarecimento sobre a regência desse verbo que, em resumo, concluía o seguinte:

1) O verbo assegurar não pede preposição quando não se encontra conjugado como reflexo. Exemplo: «Asseguro que eles estiveram presentes.»

2) Quando verbo pronominal reflexo exigirá o regime de. Como exemplo, temos a frase: «Assegurei-me de que a porta não estava aberta.»

A frase que deu origem ao debate sobre este verbo aparecia num dos testes do CLP e era a seguinte: «Posso assegurar-vos de que todas as nossas especialidades terão zero calorias.» A Comissão Técnico-Científica e muitos dos participantes no CLP considerámos que a frase continha um erro, pois, baseando-nos no argumento 1) anterior, dever-se-ia escrever «Posso assegurar-vos que todas as nossas especialidades terão zero calorias».

No entanto, e apesar do debate, continuo com uma dúvida sobre este assunto. Já anteriormente a enviei à CTC, mas sem resposta, talvez porque depois de finalizado o CLP a Comissão logicamente já não se encontre em funções. Passo a explicar, pois, a minha dúvida.

Está claro que o verbo assegurar-se sempre irá acompanhado da preposição de, já que «eu asseguro-me de alguma coisa/disto/daquilo».

Também é lógico não ser necessária a proposição em casos como «eu asseguro à Maria que tudo está bem», ou, de maneira mais simples, «eu asseguro à Maria isto/aquilo», não fazendo qualquer sentido dizer «eu asseguro à Maria disto».

Mas: estando claro que posso «assegurar alguma coisa a alguém», posso ou não «assegurar alguém de alguma coisa»?

Para tentar explicar a diferença entre as duas frases, diria que na primeira o que se realça é o que se quer assegurar (o facto), enquanto na segunda o importante é quem se quer assegurar (a pessoa). Por outras palavras, o problema reside em saber se o verbo assegurar (no sentido de «assegurar alguém») pode ou não ter o mesmo significado que «dar uma certeza».

É que, nesse caso, eu poderia dizer: «Asseguro à Maria que tudo está bem»; mas poderia também dizer correctamente: «Asseguro a Maria de que tudo está bem» — neste último caso, dar à Maria a certeza de algo. Se esta segunda frase for correcta, poderemos perfeitamente distinguir uma frase da outra utilizando os pronomes correspondentes:

«asseguro-lhe que tudo está bem», por um lado, e «asseguro-a de que tudo está bem», por outro.

Neste contexto, a ambiguidade aparece quando o pronome de complemento directo e o pronome de complemento indirecto coincidem; é o caso de vos, o que nos leva precisamente à frase que aparece no texto do CLP. Dar-se-ia nessa situação o caso particular em que: «assegurar-vos (CI) que tudo está bem», por um lado, e «assegurar-vos (CD) de que tudo está bem» estariam ambas correctas (pois os pronomes de CD e CI coincidem). No texto do CLP 2008 ocorria essa situação sem que se pudesse diferenciar se o vos se referia a um complemento directo ou a um complemento indirecto. Ou seja, poderia considerar-se correcta a frase do texto: «Posso assegurar-vos de que todas as nossas especialidades terão zero calorias.» Eu estaria a assegurar um grupo de pessoas (CD) de alguma coisa.

A frase «assegurar-me de alguma coisa» — que admitimos correcta no início deste texto — seria assim perfeitamente compatível com «assegurar-vos (CD) de alguma coisa» e corresponderia ao caso particular em que quem assegura e quem é assegurado são a mesma pessoa.

Deixo à vossa apreciação esta dúvida, com um certo ar de sofisma, e espero sinceramente que seja possível entendê-la. Agradeço desde já a atenção dispensada e, talvez, alguma resposta esclarecedora.

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 11K

Examine-se a estrofe seguinte:

«E seguem ambos a passo inteiro:

Um, sentindo o fardo aliviado,

O outro, vergado ao peso do madeiro»

Estão corretas as vírgulas após «Um» e «O outro». São elas de rigor?

Obrigado.

Carolina Ferreira Jurista Lisboa, Portugal 8K

«Aficionado de histórias», ou «aficionado por histórias»?

Obrigada!