DÚVIDAS

Coordenação de verbos com regências diferentes
Várias vezes, ao traduzir, deparo-me com verbos de regências diferentes que têm o mesmo complemento, num mesmo período. Considere o exemplo a seguir: «E da mesma forma como você cuida e protege cada membro do seu corpo físico, deve também cuidar e proteger cada membro do corpo espiritual.» Temos os verbos cuidar (transitivo indireto) e proteger (transitivo direto), com o mesmo complemento: «cada membro do...». Então, pergunto: na língua portuguesa, a regência utilizada deve ser a do verbo mais próximo do complemento? Ou deve-se escrever o período de forma que seja aplicada a regência de cada verbo? Por exemplo: «E da mesma forma como você cuida de cada membro do seu corpo físico e protege-o, deve também cuidar de cada membro do corpo espiritual e protegê-lo?» Obrigado!
As regências do substantivo proximidade e do verbo brindar
Gostaria de saber que preposição utilizar com o nome proximidade (ver pergunta n.º 24 537) na seguinte frase:«O hotel goza de grande proximidade...» — com/a?E também gostaria que me indicassem qual é a preposição correcta para utilizar com o verbo brindar. «O hotel brinda os seus hóspedes com...», ou  «O hotel brinda aos seus hóspedes...»?Vi que faz referência ao Dicionário de Regimes Substantivos e Adjectivos, de Francisco Fernandes. Existe algum outro (bom) dicionário de regências que me possa indicar?
À volta de orações reduzidas de gerúndio
Domino o português como língua estrangeira. Há algum tempo, procuro entender as frases com gerúndio a partir de um ponto de vista pragmático, isso quer dizer que, sem cair no estudo da nomenclatura para diferentes orações subordinadas (onde o gerúndio se mostra importante), parto para o estudo simples do significado de cada oração com gerúndio que encontro. E eis que uma frase interessante cruzou o meu caminho, cito-a dentro do contexto: «Turistas, há poucos na semana, só o suficiente pra dar ao pessoal que vive de conduzir charretes algo que fazer. Quase não se nota sua presença, tirando fotos e almoçando peixe frito.» (Paraíso em cativeiro, Cecilia Giannetti, Folha de São Paulo, C2, 21.10.2008) O texto evidentemente está escrito em estilo não formal, como é indicado pela forma "pra" em vez de para. Mas mesmo assim o uso do gerúndio aqui me intriga e me instiga. O que se quer dizer aqui me parece ser o seguinte: «Quase não se nota a presença dos poucos turistas que costumam tirar fotos e almoçar peixe frito.» Mas a frase «Quase não se nota sua presença, tirando fotos e almoçando peixe frito» parece então recorrer ao gerúndio para referir-se a um substantivo («os turistas») de uma frase anterior. Mesmo sendo um estilo coloquial, toda a forma de "referenciar as coisas" nesta frase me parece um pouco solta, irregular e confusa demais? Ou estou eu errado, e esta frase está corretíssima no que tange os gerúndios e sua função sintática?
O uso dos verbos ser e estar
Sou brasileira, mas moro fora do Brasil há dez anos. Meus filhos são bilingues, falam inglês e português. Quero que eles continuem fluentes no português, mas que também leiam e escrevam. Para isso lhes ensino português em casa. Já estou ensinando os verbos ser e estar para a minha filha. E no outro dia me deparei com o seguinte exercício: «Às vezes, _______ ingênuos. (somos/estamos).» Ela me respondeu: «Às vezes, estamos ingênuos.» O que na hora eu disse: «Está errado, o certo é "às vezes somos ingênuos".» Então o argumento começou aí, pois eu tinha explicado a ela que quando usamos às vezes, hoje, ontem, etc. (qualquer fator que indique tempo), usamos o verbo estar. Mas nesse caso tinha de ser o verbo ser e não consegui encontrar uma explicação. Poderiam me explicar?
«Das ciências à Arte»
Gostaria de saber se na construção «Das ciências à Arte», usando a palavra ciências como trajetória, percurso decorrido, tenho de usar a palavra ciência no singular ou posso usá-la no plural, uma vez que quero falar das ciências como «soma dos conhecimentos práticos que servem para um determinado fim» (I. Português – Dicionários I. Luft, Celso Pedro, 1921).
«Contactá-lo-emos» + «ter-vo-las-íamos enviado»
Gostaria de saber se no português brasileiro já não são usadas as construções do tipo «contactá-lo-emos» e «ter-vo-las-íamos enviado» (às quais me habituei a chamar sandes simples e mistas, respectivamente, ao ensinar Português a estrangeiros). São complicadas, lá isso são, mas às vezes dão jeito, pelo menos para que o/a interlocutor/a saiba que não está comunicando com um zé-ninguém...
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