DÚVIDAS

«Não guardo rancor de/a ninguém»

«Não guardo rancor de ninguém», ou «não guardo rancor a ninguém»?

Obrigada!

Resposta

De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências, o substantivo rancor, quando se refere a um «ressentimento que perdura», pode exigir a preposição a:

a) «Seria caso para ficar a Ana com rancor à irmã para todo o resto da vida?»

b) «Ele não guarda rancor a essa fase da sua carreira.»

c) «Não guardam qualquer rancor aos franceses.»

d) «A Ângela não guarda rancor à sociedade portuguesa.»

O Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjectivos, de Francisco Fernandes, acrescenta a esta preposição duas outras, contra e por, conforme se observa nas seguintes atestações:

e) «Surgiam já, traduzindo-se em alusões acerbas, surdos rancores contra imaginários responsáveis por aquelas aventuras» (Euclides da Cunha, Os Sertões, pág. 442).

f) «E, assim, se explicaria o rancor persistente de Tito pelo padrinho» (Medeiros e Albuquerque, Quando Era Vivo, pág.66).

No entanto, é também comum ver-se o substantivo rancor ser seguido pela preposição de, como se verifica no Dicionário de Usos do Português do Brasil, de Francisco Borba: «Não guardava nenhum rancor da vida.» Este uso é também corrente no português europeu.

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