Também se pode utilizar o verbo afigurar sem o se antes? Por exemplo: «as questões que lhe afigurem necessárias»?
Gostaria de saber se se deve fazer alguma distinção entre «sem abrigo» e sem-abrigo, como por exemplo em:
— «Um indivíduo sem abrigo.»
— «Um sem-abrigo/os sem-abrigo.»
Sem-abrigo seria um nome, e «sem abrigo» seria uma afirmação acerca do indivíduo.
Segundo me recordo, pela altura da minha 4.ª classe no Outeiro de São Miguel, na Guarda, ensinava-nos a irmã Gaspar (a nossa professora de Português) que, se bem que existam situações em que as vírgulas devam ser obrigatoriamente utilizadas, elas são utilizadas para acentuar uma pausa, de forma (a) que (por forma que) o leitor ou orador que está a ler o texto tenha a possibilidade de respirar durante a leitura e destacar de forma adequada o sentido das palavras. Alguém me dizia também que as vírgulas podem ser livremente utilizadas, desde que isso faça sentido. Custa-me contudo acreditar que, se bem que certas situações sejam admitidas como certas, elas venham substituir definitivamente as situações que anteriormente estavam legitimamente certas. Acho que é a isso mesmo que se chama evolução (da língua), o que não quer automaticamente dizer que ela siga pelo melhor caminho.
A título de exemplo:
«, contudo,»
«Se desejar contudo proceder...» (a minha versão, a qual considero mais acertada) vs. «Se desejar, contudo, proceder...» (a outra versão)
Acho uma aberração a utilização de uma única palavra entre duas vírgulas.
Seguindo esta mesma lógica, pior ainda será utilizar duas vezes na referida situação:«, como, por exemplo,». Segundo o meu parecer, acertado será «, como por exemplo,».
Será que alguém me poderia elucidar mais alguma coisa acerca do assunto?
Qual é a melhor formulação: «assumir-se como seguidor», ou «assumir-se num seguidor»?
A minha dúvida encontra-se na frase «Passámos para o ponto dois da ordem de trabalhos». O verbo passar não deveria ser regido pela preposição a? Ou seja, não deveria ser «Passámos ao ponto dois da ordem de trabalhos»?
Obrigada pela disponibilidade.
Embora saiba que o complemento determinativo não se separa do nome por vírgula, tenho reparado que, em algumas situações, aparece antecedido por esse sinal de pontuação, como no seguinte caso: «Li Os Maias, de Eça de Queirós.» Gostava de saber se é correcto colocar a vírgula neste contexto. Realmente, a obra em questão é, indubitavelmente, de Eça. Não existe outro livro com o título Os Maias e de outro autor. Será por isso que a vírgula aparece, por ser uma informação acessória, explicativa e não restritiva, tal como acontece com as orações subordinadas adjectivas relativas? Ou estará errado mesmo?
Obrigada por toda a atenção que dispensam às nossas dúvidas!
Em que casos a palavra onde é pronome interrogativo ou advérbio interrogativo? Como distingui-los?
Como explicar a um aluno estrangeiro de língua portuguesa que ora se utiliza qual/quais e que para introduzir uma pergunta: «Que livros estás a ler?»/«Quais são os teus livros preferidos?» [em francês os dois termos se traduzem por quel(s)]. Existe uma regra a que se deve obedecer para utilizar um ou o outro termo?
Desculpem a minha insistência, mas a pergunta que faço agora é parecida com esta, mas não é a mesma. Ademais, a resposta não responde exatamente à pergunta. A pergunta é a diferença entre colocar ou não colocar a preposição, já que, de fato, se usam as duas. A pergunta é se têm matizes distintos e se são as duas corretas, e a resposta limita-se a expor as regras do complemento direito preposicionado, que eu já conheço. Coloco de novo a minha pergunta caso os senhores queiram responder com precisão:
«A minha pergunta é muito concreta: já ouvi falar do complemento direito preposicionado aplicado ao caso de Deus (amar a Deus, conhecer a Deus), mas já vi usar as duas formas muito frequentemente: buscar a Deus/buscar Deus, ver a Deus/ver Deus, sentir a Deus/sentir Deus... e um longo et cetera. Só queria saber se são duas possibilidades corretas, ou se só uma é certa, ou se encerram matizes distintos... Preciso muito da sua resposta, porque trabalho numa equipe de tradução que usa muito estes termos. Agradeceria explicação detalhada. Muito obrigado.»
Como se deve dizer: «Junto se envia...», ou «junto envia-se...»? É indiferente? E, se não, o que as distingue?
Obrigada.
A expressão «Lembranças de um homem ridículo» significa lembranças que um homem ridículo tem de algo, ou lembranças que alguém tem de um homem ridículo? Se pode significar tanto uma coisa como outra, é o que suspeito, então, não haveria nesta frase uma ambiguidade? Se a resposta for positiva, de que modo se poderia desfazê-la?
Tenho uma ideia que talvez a desfaça, resolvendo o problema: «Lembranças de um homem ridículo» ficaria apenas como uma frase que significaria as lembranças que um homem ridículo tem de algo; «Lembranças sobre um homem ridículo» ou «Lembranças a respeito de um homem ridículo», por sua vez, significariam somente as lembranças que alguém tem de um homem ridículo.
Todavia, estou em dúvida quanto às duas últimas, pois me parecem que não são normais na nossa língua. Na penúltima, ocorre a preposição sobre, a qual, neste caso, parece ser galicismo, pois, num caso destes, os franceses usariam, salvo engano, sur.
E com relação a palavras análogas, tais como recordação(ões), memória(s), o que falar e escrever?
De qualquer modo, gostaria de dizer que tenho um exemplar de um livro intitulado Memórias sobre a Escravidão, com textos de autores brasileiros, obra que discorre sobre a escravidão africana no Brasil.
Muito obrigado.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
Se pretende receber notificações de cada vez que um conteúdo do Ciberdúvidas é atualizado, subscreva as notificações clicando no botão Subscrever notificações