No dia 27 último, os senhores responderam a uma questão que envolve a regra sobre acentuação da palavra quê. Ocorreram-me duas dúvidas:
1. Em que parte do acordo ortográfico de 1990 está escrito que essa palavra deve ser acentuada quando vier no fim da frase?
2. Por que ela não deve ser acentuada quando não estiver substantivada ou não vier no fim de uma frase?
É Felgueiras ou Filgueiras?
Muitíssimo obrigado.
Uma vez que nós, portuenses, somos criticados por deficiente pronúncia, gostava do vosso comentário ao seguinte. Em Lisboa, segundo julgo saber, pronunciam da mesma forma rio (ex. «eu rio») e riu (ex. «ele riu»). Parece-me um erro grave, uma vez que iu é um ditongo, o mesmo não acontecendo a io. Com efeito, na minha opinião, rio é um dissílabo e dessa forma deve ser pronunciado. Quanto à palavra sexto, que em Lisboa é pronunciada "sesto", é outro erro, uma vez que a pronúncia correcta deve ser "seisto". Há uma outra dúvida, mas que não considero erro. É o facto de diversas palavras que em Lisboa são pronunciadas fechadas e no Porto abertas e vice-versa. Ex. O diminutivo de copo que pronunciamos no Porto com o "ó" aberto e que em Lisboa pronunciam como um "u" ("cupinho").
Agradeço mais uma vez a vossa preciosa ajuda.
Como se pronuncia exactamente a palavra «belvedere»? Reparei que o dicionário da Porto Editora regista belveder, e o site MorDebe regista-o com e final.
Obrigada.
Como é que se escreve monge? Uma professora de Português disse-me que agora se escreve "monje", é verdade?
A minha dúvida prende-se com a fonética da palavra bebé. Segundo sei, não existem palavras com duas sílabas tónicas na língua portuguesa. Mas a palavra bebé é sempre lida como «bé-bé». Como se explica isto?
Muito obrigado.
Pedindo desculpas pela insistência, gostaria que me explicassem se na frase «Os trabalhadores ucranianos, mais qualificados, são menos bem remunerados» as vírgulas estão correctamente colocadas. A frase encontra-se aqui fora de contexto, mas julgo que a ideia original era, comparando as qualificações dos trabalhadores ucranianos com as dos trabalhadores portugueses, realçar a contradição de aqueles serem menos bem pagos, apesar das suas qualificações. Consultando professores de Português, obtive várias respostas que posso resumir do seguinte modo:
1) a utilização das vírgulas seria gramaticalmente incorrecta, por separar o substantivo do adjectivo ou da oração adjectiva;
2) apesar de não ser gramaticalmente incorrecta, seria preferível não utilizar as vírgulas, pois os sinais de pontuação deveriam ser empregados com parcimónia, não acrescentando aquelas nada à frase em causa (opinião de que discordo…).
Se em relação à primeira resposta não tenho os conhecimentos necessários para me pronunciar (parece-me ter lido algumas repostas contraditórias no Ciberdúvidas quanto a esta matéria), confesso que me sinto inclinado a discordar frontalmente da segunda. Quer parecer-me que se verifica, efectivamente, uma tendência para a simplificação dos textos escritos (talvez por influência da língua inglesa), com a redacção de frases mais curtas e com uma assinalável diminuição da utilização de vírgulas. Mas não revelará também essa tendência uma diminuição das competências linguísticas da nossa população escolarizada e o consequente empobrecimento da língua portuguesa?
Antecipadamente grato pela atenção.
A minha questão prende-se com o facto de se dever escrever "cosseno" ou "co-seno". Parecer-me-ia lógico considerar "co-seno", dado que temos sempre um seno e um co-seno. Por outro lado, como apenas se usa co- quando significa "a par de", fico com uma dúvida. Seno e "co-seno"/"cosseno" não são coisas iguais, mas, de alguma forma, opostas. Num triângulo rectângulo, o seno é o lado oposto sobre a hipotenusa, enquanto o co-seno/cosseno é o lado adjacente sobre a hipotenusa. Quando falamos de co-autores, ambos têm o mesmo estatuto, de autor. O mesmo não se parece passar com seno e "co-seno"/"cosseno". Se falarmos da tangente (tg) e da co-tangente/cotangente (cotg), ainda se nota mais esta diferença, dado que temos que tg x = 1 / cotg x.
Aproveito também para perguntar qual a forma que se deve dar às respectivas funções inversas:
"arco seno"/"arco-seno"?
"arco co-seno"/"arco cosseno"/"arco-co-seno"/"arco-cosseno"?
etc...
Nota: «"arco seno"/"arco-seno" de x» significa «arco (ângulo) cujo seno é x».
N. E. – Com a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, o prefixo co- junta-se sempre ao segundo elemento, sem hífen, conforme se explica na resposta n.º 24 008.
Encontrei a forma "cossado" num livro. Informo que se trata de uma edição de 1906, da Empreza de Historia de Portugal, da obra Os Pobres, de Raul Brandão, e que a palavra surge assim contextualizada:
«Lá ia indo pela vida fóra, cossado e com um ar de afflicção que fazia rir. Parecia amachucado: as marcas dos encontrões nunca mais lhe sahiam» (pág. 37).
«Já cossados e gastos, todos os dias diziam as mesmas palavras e passavam pelas mesmas afflicções» (pág. 72).
«Humilde, cossado, á espera da esmola, sem forças para protestar, respondia com um sorriso e lagrimas á mistura» (pág. 138).
Grata pela atenção dispensada.
Foi dito a um dos consulentes do Ciberdúvidas que a palavra fênix tem cinco letras (indiscutível) e cinco fonemas. Pela análise que fizeram, deram-me a entender que consideram haver seis fonemas, que representaram assim: f-e-n-i-k-s. Entretanto, seguindo a pronúncia correta, pelo menos aquela registrada no Aurélio (que nunca ouvi no Brasil), fênix tem o x pronunciado "s", o que mudaria a contagem: f-e-n-i-s. Cinco letras e cinco fonemas, portanto.
Obrigado por este maravilhoso espaço de discussão.
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