Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Ortografia/Pontuação
Luciano Eduardo de Oliveira Professor Botucatu, Brasil 5K

Sempre disse e ouvi duvidar na afirmativa com subjuntivo, mas vejo numa conceituada revista hebdomadária brasileira: «Duvido que o Brasil virá a ser um grande exportador de petróleo. Ninguém sabe qual é o custo de produzir sob a camada de sal.» Esta frase foi proferida por Albert Fishlow, economista americano, que certamente a pronunciou em inglês, e traduzida por alguém depois, o que descarta os lapsos que muitas vezes se cometem na linguagem falada. Por isso mesmo, pergunto-lhes: é lícito usar o indicativo aí? Talvez o tradutor tenha optado por esse modo por haver referência futura (vir a ser), já que o futuro do subjuntivo, existente em português, seria agramatical («duvido que o Brasil *vier a ser»). Usando o subjuntivo, teria de dizer-se algo como «Duvido que o Brasil passe a ser/seja algum dia/se torne ...».

Saudações brasileiras.

Gil Henriques Estudante Amadora, Portugal 4K

A dúvida que se segue refere-se ao Acordo Ortográfico. Concordo em certas partes com o mesmo e discordo noutras. Contudo, há um certo aspecto que me tem vindo a incomodar.

Compreendo, e até concordo, que se façam mudanças que aproximam a escrita da oralidade, como em «acto», que passa a «ato», ou «actual», que passa a «atual». Compreendo também, embora discorde, que se afaste a escrita da oralidade em casos muito consagrados pelo uso, nomeadamente a desaparição do trema. Contudo, não consigo compreender mudanças que afastam a oralidade da escrita quando não são consagradas pelo uso. Parecem-me mudanças negativas.

Por exemplo, a palavra heroico (sem acento ortográfico no «o») não teria a pronúncia esperada de /eˈrojku/ em vez de /eˈrɔj.ku/? Idem para jibóia, bóia, et cætera. Não seria expectável, visto que as duplas grafias pululam no novo Acordo (e muito bem, do meu ponto de vista), que se mantivesse a saudável e indolor dupla grafia também nestes casos? Ou haverá, porventura, alguma regra que permita distinguir quando se pronuncia a vogal na sua versão aberta e quando se pronuncia na sua versão fechada?

(O que me traz, como aparte, uma nova dúvida: qual é a pronúncia expectável das vogais ‹o, e› quando tónicas, não acentuadas e regulares? Será /o,e/ ou /ɔ, ɛ/? Ou será a diferença puramente aleatória?)

Outro ponto em que o Acordo Ortográfico falha, aparentemente, em melhorar a aproximação entre a oralidade e a ortografia, dá-se na questão da tão comentada supressão das consoantes mudas. Ora, aplaudo-a quando se dá em palavras como acto e actual, em que se trata, de facto, de uma redundância totalmente desnecessária. Mas e quanto a casos como acção, accionar, correcta e vector? Não se tratará a consoante muda, aqui, de algo mais que uma superficialidade descartável, para passar a ser uma necessidade à pronúncia correcta das palavras? Pois se pronunciamos /aˈsɐ~w~/ no lugar de /ɐˈsɐ~w~/, /asiuˈnar/ em vez de /ɐsiuˈnar/, /kuˈRɛtɐ/ por oposição a /kuˈRetä/ e /vɛˈtor/ em vez de /vɨˈtor/! Estaremos perante mais um caso em que o Acordo Ortográfico, no lugar de aproximar a ortografia da oralidade, as afasta, ou haverá algures uma regra ortográfica que permita, através da grafia, prever que a vogal é aberta naquelas posições específicas?

Sem mais, agradeço antecipadamente a resposta.

Fernanda Vicente Professora Bragança, Portugal 26K

Ao citar passagens de uma obra poética, quando devo utilizar o texto citado entre aspas incluído em discurso parentético?

Devo por exemplo dizer que Caeiro considera que pensar é «estar doente dos olhos»? Se assim for, quando devo incluir os parênteses e o texto citado dentro de aspas?

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 10K

Examine-se a estrofe seguinte:

«E seguem ambos a passo inteiro:

Um, sentindo o fardo aliviado,

O outro, vergado ao peso do madeiro»

Estão corretas as vírgulas após «Um» e «O outro». São elas de rigor?

Obrigado.

Elsa Costa Professora Vila Nova de Gaia, Portugal 22K

Embora já tenha lido as vossas respostas a esta questão, fiquei ainda com dúvidas.

Por que razão não se acentua a 2.ª pessoa do plural no futuro? Se escrevemos anéis, fiéis e papéis, não deveríamos escrever seréis?

Qual é a diferença nos ditongos? Parecem-me iguais...

José Pedro Soares Trabalhador-estudante Lisboa, Portugal 44K

Tem sido noticiado que o Acordo Ortográfico preceitua a supressão do acento agudo na terceira pessoa do singular no presente do indicativo do verbo parar.

(Ele para o trabalho a meio; Para para já esse serviço; Trânsito para a Ponte Vasco da Gama).

Tanto quanto julgo saber não há actualmente qualquer diferença gráfica entre a norma portuguesa e a brasileira no que diz respeito a este verbo. Se é de facto assim, por que motivo se propõe esta alteração?

Fico muito reconhecido.

Luís Romero Revisor Barcelona, Espanha 5K
Gostaria de saber a grafia correcta desta palavra ("zoster"/"zóster"), que se refere a vírus (por exemplo, de varicela e herpes). Consultei o glossário em www.medicosdeportugal.pt, que é baseado no Dicionário Médico da Climepsi Editores, mas dá-me respostas ambivalentes. Desde já, agradeço os esclarecimentos que me possam prestar.
Fábio Vasco Estudante universitário e operador de call center Quinta do Conde, Portugal 21K

Já não me recordo do contexto em que li a palavra "pro-forme", mas, segundo uma colega minha, é sinónimo de «procedimento» (em geral) e/ou pode ser, mais especificamente, um documento representativo de despesa (uma espécie de factura antecedente ao pagamento). Pesquisei no portal Google e reparei que surge mais vezes com a grafia "pro-forme". Mas também encontrei a seguinte definição na Internet: «A Factura Pro-forma é um documento que acompanha o objecto, para indicar o valor da mercadoria sem valor comercial. É um documento dirigido a Empresa-Empresa que acompanha uma amostra ou produto para teste, sem existir transacção comercial. A Factura Pro-forma é idêntica a uma Factura Comercial, mas sem n.º de factura.»

Aguardo esclarecimentos.

Carolina Martins Ferreira Jurista Lisboa, Portugal 7K

A palavra "plainites" não se encontra registada no dicionário que possuo, mas os meus avós juram que a palavra existe e designava umas protecções que se usavam, antigamente, sobre os sapatos. Existe ou não? Galochas, por outro lado, surge no mesmo dicionário apenas com o sentido de «botas de borracha», quando me parece que também designaram um tipo de protecção semelhante para os sapatos.

Muito obrigada pelo esclarecimento.

Ana Machado Professora Setúbal, Portugal 31K

Gostaria de saber como fazer a divisão silábica e a translineação da palavra colmeia. Esta junção de três vogais é chamada de tritongo, ou se passa com palavras como quais, quão?

Obrigada.