Terá de ser o contexto a esclarecer se se trata da preposição ou da forma verbal. Como já disse numa anterior resposta, a duplicidade na classe em que fica a palavra é semelhante ao que já acontecia como, por exemplo, colher substantivo e colher forma verbal, que igualmente permite construções ambíguas, se for esse o nosso objectivo, e não escrever um texto coerente.
Penso que os legisladores do acordo quiseram uniformizar para, pelo, polo sem acento. No caso de pélo e pólo, efectivamente não fazia sentido já o acento, pois se tratava de evitar confusões com palavras que caíram em desuso; mas no caso de pára, a preposição para é de utilização actual e frequente. Penso que poderiam ter admitido que o acento fosse opcional, como o fizeram em forma/fôrma, demos/dêmos, outras formas verbais do tipo amamos/amámos.
Diferenças neste texto para o novo acordo
Termos para Portugal: objetivo, efetivamente, atual, para, pelo, polo.
Para o Brasil: frequente, para, pelo, polo.
NOTA: as duplas grafias não implicam alterações obrigatórias na escrita.
N.E. – A abolição do acento gráfico nas palavras homógrafas graves consagradas pelo Acordo de 1945, em Portugal, e pela Lei n.º 5765, de 18 de dezembro de 1971, no Brasil, regulou desde então a mesma forma escrita, entre outros exemplos, para acerto (ê) / (é), acordo (ô) / (ó), corte (ô) / (ó) (substantivos/ formas verbais); cor (ô) / (ó) (substantivo / elemento da locução "de cor"); sede (ê) e sede (é); molho (ô) / molho (ó), ambos substantivos. Cf. "Supressão dos acentos nas palavras homógrafas: pelo, para, molho. sede, cor", de Lúcia Vaz Pedro ("Jornal de Notícias", 4/10/2015).