«Perífrase verbal» e «locução verbal» são a mesma coisa?
Recentemente, fiz uma prova que trazia o seguinte enunciado:
«No trecho "O governo federal tem procurado reduzir o desmatamento da Amazônia, anunciando medidas rigorosas para tentar conter as queimadas", a expressão *tem procurado* é um exemplo de: a) Locução adjetiva b) Locução verbal c) Locução substantiva d) Perífrase verbal e) Locução prepositiva»
O gabarito oficial trouxe como alternativa correta a letra b), porém estou em dúvida se a questão não deveria ser anulada, pois trata de Perífrase Verbal. Eles não deveriam ter colocado nas alternativas apenas uma das opções: ou locução verbal ou perífrase verbal?
Agradeceria, com todo meu coração, se me ajudassem com essa dúvida.
1. Entusiasmada, a professora sorriu.
2. A professora, entusiasmada, sorriu.
3. A professora sorriu entusiasmada.
Nas três frases, pode considerar-se que o adjetivo tem um valor adverbial e que desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal em todas as ocorrências (grupo móvel)? Considerando a possibilidade de, nas frases 1 e 2, ser um modificador do nome apositivo, esta função sintática pode ser constituída por um grupo adjetival (considerando a informação do Dicionário Terminológico, onde se lê que, tipicamente, são grupos nominais ou orações)?!
Ou é obrigatório subentender-se uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa («que estava entusiasmada»)?! Neste caso, só na frase 2 isso seria possível...
Grata desde já pelos vossos esclarecimentos.
Procuro saber a forma correta e mais cordial de me dirigir numa carta de apresentação.
Isto é, «Ex.mos Srs.» é adequado considerando que do outro lado pode estar uma senhora?
Obrigado.
Surgiu-me a dúvida acerca da modalidade e respetivo valor concretizados no seguinte enunciado: «Podemos contactar com várias espécies de animais no parque.»
Parece-me ser a modalidade epistémica com valor de certeza. Podem elucidar-me, por favor?
Obrigada.
Como sabemos, as salas de aulas, nomeadamente as de Português, são cada vez mais multiculturais: há alunos oriundos de vários países.
Pensando no caso dos alunos oriundos de países de língua oficial portuguesa (PALOP), a estudar em instituições em Portugal, a correção dos instrumentos de avaliação (por exemplo, os testes) deverá respeitar que norma? A europeia?
Cordialmente
«Meter-se de permeio» quer dizer «colocar-se no meio» ou «surgir como obstáculo»?
Muito obrigado!
O que é mais correto, afirmar que a língua inglesa é uma «língua universal» ou uma «língua mundial»?
Exponho abaixo o que considero saber com certeza sobre a constituição do grupo nominal (com alguns exemplos) para depois expor as situações que me geram dúvida.
Um grupo nominal...
1. tem por núcleo um nome ou um pronome n: Lisboa pron: ele
2. ao nome podem estar associados um ou mais determinantes det art def + det poss + n: «o meu carro» det demonstr + n: «este carro»
3. ao pronome pode estar associado um determinante artigo det art def + pron poss: «o teu»
4. tanto ao nome como ao pronome pode estar associado um quantificador quant univ + det art def + n: «todos os carros» quant univ + pron: «todos eles»
5. ao nome podem ainda estar associados o complemento do nome e/ou modificadores do nome (restritivo ou apositivo) [det art def + n + [prep + det art def + n] ]: [o carro [da Maria] ] [det art def + n + [adj] ]: [o carro [azul] ]
Nos exemplos deste último ponto, o grupo nominal inclui um grupo preposicional e um grupo adjetival, respetivamente, os quais assumem as funções de complemento e modificador, respetivamente.
No entanto, há várias grupos nominais que me deixam em dúvida sobre como encarar a sua constituição, todos eles incluindo quantificadores que são expressões partitivas. Por exemplo: «alguns dos carros»/«a metade dos carros». Em ambos os exemplos, a análise que faço da estrutura é [quant [prep + det art def + n] ], o que me levou a concluir (com muita certeza de ser a conclusão errada) que o quantificador pode constituir o núcleo de um grupo nominal sendo seguido por um grupo preposicional.
Na sequência da minha confusão, palmilhei todas as perguntas na categoria de quantificadores, e selecionei duas explicações que indico abaixo e que me parecem particularmente relevantes mas que me deixam ainda perplexa.
– excerto de explicação 1.
Numa resposta do Ciberdúvidas sobre a concordância do verbo com expressões partitivas é mencionado um extrato da Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, pp. 942/943), que inclui o excerto abaixo:
«Admite-se que é o nome nuclear de um sintagma nominal que desencadeia a concordância verbal. Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral, ao passo que a concordância plural corresponde a uma estrutura em que o núcleo do sintagma nominal é o nome que denota o domínio da quantificação.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)
– excerto de explicação 2.
Na resposta à questão "Percentagem + adjetivo: «31% maior", pode ler-se:
«Relativamente aos quantificadores numerais percentuais, recorde-se que estes podem incidir sobre um nome, como acontece em (1):
(1) "Dez por cento dos alunos leram este livro."
Não obstante, estes quantificadores também podem incidir sobre um adjetivo, como se verifica em (2)1:
(2) "Os livros ficaram dez por cento mais caros."
Assim sendo, podemos concluir que os quantificadores numerais têm a possibilidade de incidir sobre um adjetivo.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)
– A estrutura dos exemplos com quantificadores numerais percentuais parece-me em tudo idêntica à dos meus exemplos, mas não me é claro o que a expressão «incidir sobre» significa para a análise dos constituintes do sintagma. A ideia de que «Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral», expressa no excerto 1, parece reforçar a minha conclusão inicial de que o quantificador pode, em expressões partitivas, ser núcleo do sintagma nominal, mas tal ideia continua a soar-me herética.
Acrescento em nota de rodapé que há vários anos que leciono acima de tudo línguas estrangeiras e que as raras vezes que trabalhei a língua portuguesa foi com alunos do 2.º ciclo. Eu tenho a noção de que estas questões podem ser consideradas avançadas, mas parece-me contraprodutivo não ter uma resposta para dar aos alunos (poucos, é certo, mas não irrelevantes) que demonstram interesse e querem saber mais. Não ter uma resposta para dar a esses alunos é especialmente desmotivante quando começam a ganhar confiança na sua capacidade de não só identificar classes de palavras, mas também de as agrupar em grupos hierárquicos e atribuir-lhes funções, pois esses poucos tentam depois por sua própria iniciativa aventurar-se mais à frente, em busca tanto de desafios como de validação dos seus conhecimentos e capacidades. A este nível não precisam de memorizar já os nomes dos diferentes tipos de complementos e modificadores, mas sabendo que cada grupo frásico tem uma função sintática, podem facilmente deduzir que aquele grupo preposicional à frente do quantificador há de ser um qualquer complemento ou modificador anónimo aninhado dentro do grupo nominal do sujeito. Infelizmente, eu não sei o que lhes dizer.
Os autores mais antigos falavam sempre em «génio da língua», em ser determinada construção «contra o génio da língua», por exemplo.
Esta visão subsiste ainda hoje?
Muito obrigado.
É possível desenvolver um algoritmo – sequência de instruções – que tendo como input um texto em português consiga, como output, indicar se esse texto é em português do Brasil ou de Portugal?
Obrigado
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