Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Pedro Caires Tradutor audiovisual Porto, Portugal 1K

Recentemente, deparei-me com a seguinte dúvida: «daquele» ou «naquele lado»?

Por exemplo, escreve-se «A mesa fica bem daquele lado da cozinha» ou «A mesa fica bem naquele lado da cozinha»?

A minha intuição diz-me que naquele (em + aquele) seria o mais correto, mas gostava de saber a vossa opinião.

Muito obrigado e continuem com o excelente trabalho do Ciberdúvidas!

Nuno Messias Reformado Porto, Portugal 1K

O Livro do Desassossego é referido como sendo um "ur-livro".

Neste contexto, é correta a interpretação de ur como tendo o significado de proto? Qual a origem etimológica desta partícula?

Obrigado.

Carlos Alexandre Coimbra Xavier Fernandes Aviação Comercial-Reformado Maia, Portugal 1K

Na peça teatral Três em Lua-de-Mel (uma sátira ao Frei Luís de Sousa) da autoria de Henrique SantanaFrancisco Ribeiro (Ribeirinho) em que a protagonista é casada com dois homens, um outro personagem faz-lhe reparo que «isso é um caso de biandria e portanto, pode ser presa».

A minha pergunta é: existe o vocábulo "biandria"?!

Sei que o prefixo indica dois, mas não consigo encontrar a palavra em nenhum dicionário nem na Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.

Obrigado pela vossa disponibilidade.

Hugo Rodrigues Madeira Técnico Portugal 3K

Há pouco tempo li alguns excertos do Regulamento para a policia e exploração dos caminhos de ferro... (Lisboa, 1868).

Aqui é utilizada a palavra trem e existe o chefe de trem. Mas no mesmo manual, que estava distribuído a todos os trabalhadores ferroviários, também aparece a palavra comboio, aparentemente com um significado ligeiramente diferente. Portanto houve um período em que se utilizou em Portugal a palavra trem.

Por exemplo, aparecem os dois termos nesta frase:

«Na testa do trem, e a seguir ao tender, irão tantos wagons que não transportem passageiros quantas as locomotivas que rebocarem o comboio […]; as carruagens e wagons que entrarem na composição de um trem de passageiros serão ligados de maneira que as almofadas de choque estejam em contacto.»

Como estudiosos da língua portuguesa saberiam indicar a diferença(s) que neste período era atribuída à definição de trem e comboio em Portugal?

Obrigado.

Rui Wahnon Tradutor aposentado Colares, Sintra, Portugal 2K

Vi na televisão a seguinte frase numa legenda, que julgo ser incorrecta[*]: «Não vamos ir».

Agradecia um comentário, perante a atitude de um colega que a defendeu e não aceitou os meus argumentos.

Desde já grato.

 

[* N. E. – O consulente adota a norma ortográfica de 1945.]

Diogo Morais Barbosa Revisor Lisboa, Portugal 6K

Escreve-se numa resposta anterior à mesma questão que «Considerar a palavra Homem para representar toda a humanidade é já controverso».

Pondo de lado a questão mais ideológica e cingindo-nos à linguagem falada já desde o «homo» latino, gostaria de saber, por favor, se a palavra deve ser grafada com inicial maiúscula ou minúscula.

Obrigado.

José de Vasconcelos Estudante Foz do Iguaçu, Brasil 942

Desejava saber se determinadas construções que têm baixa ocorrência na língua do povo, como, por exemplo, a mesóclise, continuam a fazer parte da língua materna desse mesmo povo.

[...] Precisava de uma bibliografia, no caso de haver linguistas que se contraponham à opinião de David Crystal presente no seu dicionário A Dictionary of Linguistics and Phonetics quanto à língua materna.

A meu ver, é uma loucura considerar-se como língua materna o repertório de usos e construções de uma criança de 5/6 anos.

 

Muito obrigado! 

Flávio Silva Tradutor Bruxelas, Bélgica 3K

Gostaria de saber se a onomástica [«ciência que estuda a etimologia, as transformações e a classificação dos nomes próprios»] pode tratar dos nomes de família, ou se isso faz parte unicamente do domínio da patronímia.

A origem desta dúvida advém de alguma informação contraditória que encontrei a respeito da definição de nome próprio enquanto antropónimo.

Ensinaram-me que o nome próprio se refere unicamente ao nome de batismo (ou prenome). No entanto, no dicionário da Priberam, vejo que a definição do termo antropónimo é «[n]ome próprio de pessoa (ex.: Antónia, Francisco, Pedro, Fernandes, Mendes)» – isto é, segundo o Priberam, os nomes de família (Fernandes, Mendes) também são considerados nomes próprios.

Além disso, na definição de nome próprio no Wikipédia temos: «As pessoas recebem como nome próprio um ou mais prenomes e um ou mais sobrenomes ou apelidos de família.»

Grato pela vossa atenção.

Luiz Carlos Ramiro Junior Professor Niterói, Brasil 1K

O que significa a palavra dormidista? Não encontro em nenhum dos dicionários de referência – Houaiss ou Aurélio.

Desde já agradeço a ajuda.

Vicente de Paula da Silva Martins Professor universitário Sobral, Brasil 8K

Em um mesmo jornal de grande circulação, no Brasil, tenho observado diferentes grafias para «imitar ou descrever alguém que reclama demais» ou para «satirizar e tirar sarro de reclamações ou brigas desnecessárias, servindo como argumento para as pessoas pararem de falar».

Afinal, que grafia devemos adotar na escrita? “Mimimi”, “mi mi mi” ou “mi-mi-mi”?

Eis os contextos:

a) “Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, questionou o presidente em São Simão (GO).” (Marcelo Toledo e Luís Cláudio, Saúde, Folha de São Paulo, 04/03/2021);

b) “Finalmente o futebol está de volta nesta quarta-feira! Depois de quase um mês de muito blá-blá-blá, mi mi mi e jogos horripilantes, vamos ter três jogos de verdade hoje. Palmeiras x Inter, Grêmio x Bahia, Athletico x Flamengo abrem as quartas de final da Copa do Brasil. Felizmente acabou a Copa América, uma das piores edições da história, que não deixará saudades.” (Ágora São Paulo, Esporte, Folha de São Paulo, 10/07/2019); e

c) “Era um papel bastante distanciado, porque o Estado se comporta como reflexo da sociedade que o compõe, negando esse processo de morte. Desde novembro de 2018, temos uma normativa sobre os cuidados paliativos no SUS. Está aprovado, reconhecido. Precisamos agora ter quem faça. Temos que mostrar ao que viemos, sem mi-mi-mi.” (Paulo Markun, Colunas e Blogs, Folha de São Paulo, 21/08/2019)