Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Classes de palavras
José Luís Damas de Carvalho Professor Ponta Delgada, Portugal 19K

A conjunção e pode ser repetida numa frase? Em que casos?

Obrigado.

Bruno Cunha Estudante Maia, Portugal 6K

Sou um aluno e encontram-me a realizar uma ficha de trabalho da disciplina de português. Entretanto, surgiu-me uma dúvida, que agradeço, humildemente, se ma conseguirem esclarecer.

Na frase «o livro está guardado num cofre», o verbo estar é copulativo ou verbo auxiliar?

Pergunto isto porque «guardado» será particípio passado, quando está presente em frases com formas verbais compostas («Eu tenho guardado os livros») e em frases passivas («Os livros foram guardados por mim»), e é adjetivo quando ocorre em frases predicativas, formadas com um verbo copulativo («O livro está guardado»). Todavia, como também temos a expressão «num cofre», receio que altere a minha suposição.

Assim, qual a função sintática de «num cofre», se «guardado» puder ser classificado como predicativo do sujeito?

Desde já agradeço a disponibilidade.

José de Vasconcelos Saraiva Estudante de Medicina Foz do Iguaçu, Brasil 6K

Carlos Góis [1881-1934], no seu livro Sintaxe de Regência, estabelece distinção entre os verbos impessoais e os unipessoais. Transcrevo para aqui o que ele refere:

«1- Não se confundam Verbos Impessoais com Verbos Unipessoais. A lamentável confusão (em que não poucas gramáticas têm incorrido) provém de que:

– tanto uns como outros só se conjugam em uma pessoa – A TERCEIRA (DO SINGULAR, OU DO PLURAL), donde ser lícito concluir: 

– os verbos impessoais são sempre unipessoais.

Os unipessoais, porém, não são impessoais, porque o seu sujeito não é "indeterminado" (como sucede aos impessoais): é sempre determinado e expresso na frase, constituído:

a) ora por um infinitivo, ex.: "Convém estudar" – "Releva dizer" – "Sucedeu-lhe sair" – "Aconteceu-me falar";

b) ora por uma oração (cláusula substantiva subjetiva): "Convém que estudes" – "Urge que saias".»

Por último, transcrevo ainda o que ele menciona no item 4:

«4- Há uma tendência moderna (em que é manifesta a nefasta influência da sintaxe francesa) dos gramáticos em equiparar os verbos unipessoais aos impessoais, partindo do princípio de que:

Quer o infinito, quer a oração (únicos sujeitos que pode ter o verbo unipessoal) "não constituem propriamente pessoas gramaticais).

Ora, sendo Pessoas Gramaticais – as diversas maneiras de ser do sujeito, segundo a definição clássica – é certo que os casos de sujeito infinitivo e de sujeito oracional se enquadram na definição. Enumerando as diversas "relações", que podem funcionar como sujeito – são acordes as gramáticas (entre as quais sobre-eleva a de Mason) em arrolar o infinitivo e a oração. Ora, se equipararmos os verbos unipessoais aos impessoais, iremos cair no absurdo de considerar o infinito e a oração como seu objeto direto, o que poderá estar perfeitamente conforme ao génio da língua francesa, mas não no está em relação ao génio da portuguesa. É inacreditável que gramáticos do porte de Epifânio Dias [18841-1916] e João Ribeiro [1860-1934] pretendam inaugurar semelhante teoria, partindo de uma acepção muito restrita, em que estimam o acidente de pessoa, parecendo que só admitem como pessoa gramatical o "pronome" e o "substantivo" - esquecidos de que o infinito é um substantivo verbal, e de que orações há substantivadas, equivalentes do substantivo (segundo o testifica Mason), e de que o pronome, quando indefinido, é ainda mais vago e impreciso em sua enunciação pessoal que o infinito e a oração. Ouça-se o que aduzem a respeito: Epifânio Dias, em sua Sintaxe Histórica: "Em sentido lato também são impessoais as orações cujo predicado se refere a uma oração que faz as as vezes de sujeito (v.g. importa que isto se faça depressa), por isso que uma oração não é propriamente uma pessoa gramatical."»

Pois bem, tendo procurado em várias gramáticas portuguesas, não encontrei nenhuma distinção feita pelos autores entre os verbos impessoais e os unipessoais e por isso mesmo gostaria de saber se a diferença que Carlos Góis estabelece se encontra noutros autores de gramáticas portuguesas ou se se trata de uma teoria sua. Em havendo, gostava ainda de que me informassem o autor ou os autores que perspectiva(m) esses verbos da mesma maneira que o sr. Góis.

Trabalho maravilhoso o vosso.

Desde já muito obrigado!

 

P. S. : Ainda sobre a minha pergunta, desejava saber se a ação dos verbos unipessoais se atribui só a vozes de animais, se se trata unicamente de vozes de animais, por exemplo, rugir (leão), bacorejar (leitão), tinir (milheira) [...] Ou se o que sr. Carlos Góis aduz é um corolário seu, uma formulação da sua lavra, quando diz que os verbos impessoais são sempre unipessoais e que os unipessoais, no entanto, não são impessoais, porque o seu sujeito não é indeterminado, como sucede aos impessoais, sendo, portanto, sempre determinado e expresso na oração, constituído, ora por um infinitivo («Convém estudar»), ora por uma oração («Aconteceu-me faltar»), ou, se essa visão existe também em Portugal, na tradição gramatical portuguesa. [...]

 

Nuno Silva Empresário Vila do Conde, Portugal 5K

Na frase «O João anda à tua procura», tua é pronome possessivo ou pessoal, uma vez que esta a substituir «a ti»?

Obrigado.

José Querido Aposentado Coimbra, Portugal 6K

Numa questão sobre seu/ dele ["Determinantes e pronomes possessivos seu/dele"], parece que entendem o dele também como pronome possessivo. Estou errado? É que, na verdade, já li tal "barbaridade" em, pelo menos, uma gramática da língua portuguesa usada programada para o 3.º ciclo e o ensino secundário. Em livros para o ensino do português (LE) na Galiza, esse erro é comum.

Em relação aos pronomes pessoais, a referida gramática coloca na 2.ª pessoa do singular tu/ você, e no plural vós/vocês. Os livros para o ensino do português (LE) vão mais longe: eu, tu, ele, ela, você, o senhor, a senhora, nós (não mencionam vós), eles, elas, os senhores, as senhoras.

Na verdade, anda por aí uma rapaziada – no caso da gramática, uma raparigada – a dar cabo da norma da língua.

Gostava de saber a vossa opinião no caso do dele/ dela, e plurais, como pronome possessivo.

Ana Paiva Professora Viseu, Portugal 3K

Na frase «leu o livro até à última linha», a palavra até pode ser considerada um advérbio de inclusão?

Joana Rocha Estudante Porto, Portugal 10K

Pedia, por favor, que me esclarecessem se as palavras claramente e claro são advérbios de afirmação nas frases seguintes:

a) Claramente, confirmo essa informação.

b) Claro, confirmo essa informação.

Muito obrigada!

Patrícia Silva Professora Ponta Delgada, Portugal 9K

Na frase «Ambos os escritores são lusófonos», ambos é um quantificador universal. E na frase «Ambos são lusófonos»?

A palavra ambos assume características de pronome, mas de que subclasse? Indefinido?!

O facto de esta palavra indicar um número (quantidade) preciso dificulta-me a compreensão no que respeita à sua inclusão nos pronomes indefinidos, mas não vejo outra hipótese...

Agradeço o vosso parecer.

Laura Piedade Estudante Lisboa, Portugal 19K

Na frase «A minha casa é bonita, mas a tua é mais»,  a (minha/tua) é um determinante artigo definido, mesmo não estando antes de um nome?

Costumo explicar à minha filha que o determinante vem antes do nome, mas nestes casos vem antes de um determinante possessivo/pronome possessivo. Ela colocou-me esta questão. Presumo que, como se pode omitir o determinante, se mantenha a regra…

Obrigada.

Maria Maia Professora Porto, Portugal 2K

 «... vestia de branco...»

Branco, nesta expressão, como se classifica morfologicamente?