A repetição da conjunção e numa mesma frase é possível, não constitui erro e pode ficar a dever-se a intenções de natureza estilística.
A conjunção coordenativa e é utilizada para coordenar vários tipos de constituintes, como por exemplo:
(i) grupos nominais: «O João e o Pedro foram ao cinema.»
(ii) grupos adjetivais: «O livro é interessante e completo.»
(iii) orações: «O João saiu agora e o Rui está a descansar.»
Na coordenação simples de dois ou mais termos, a conjunção copulativa surge antes do último termo coordenado:
(1) «Ele chegou a casa, sentou-se no sofá e descansou um pouco.»
Este processo designa-se coordenação sindética e corresponde a uma coordenação neutra do ponto de vista estilístico.
É possível também marcar todos os termos coordenados:
(2) «Ele chegou a casa e sentou-se no sofá e descansou um pouco.»
Este tipo de coordenação designa-se tradicionalmente polissindética e é estilisticamente marcada. O objetivo da reiteração da conjunção só poderá ser determinado em cada contexto específico, não obstante, de uma forma geral, a construção polissindética dá ênfase a cada um dos termos da coordenação, sublinhando uma intenção particular. Por exemplo, na frase (3), a construção destaca cada um dos elementos coordenados para colocar a tónica na energia do sujeito:
(3) «A Joana correu e saltou e nadou e voltou a correr durante duas horas.»