DÚVIDAS

Aspas com termos da gíria (Portugal)
Este ano lecciono apenas 8.ºs anos. Recentemente, surgiu-me uma dúvida a propósito de uma reclamação de uma aluna. Na composição de um teste, a aluna utilizou "népia", "seca", "porreiro" e "pachorra" sem aspas e, apesar de algumas destas palavras terem já passado ao nível familiar, achei que as aspas seriam necessárias. O contexto era um convite que dirigia a um amigo, justificava-se a utilização de vocabulário familiar. Na literatura juvenil, em textos de autores portugueses, elas não surgem habitualmente entre aspas. Todavia, esse tipo de liberdade de escrita não costuma ser aceite nos Exames Nacionais, nem nas Provas de Avaliação Sumativa Externa do 9.º Ano. Tanto mais porque é quase impossível sabermos se determinada palavra deixou já de ser calão ou não... Donde, a minha dúvida persiste. Aspas ou não? Com os meus melhores cumprimentos,
Regência do verbo acontecer (Brasil)
Achei três exemplos na Internet do verbo «acontecer» numa oração negativa seguido da preposição «de» + infinito pessoal. É a regência do verbo que determina esta construção? Eis os exemplos: 1. «Quase não acontece de um estudante atravessar o corredor para pular na cama de uma colega.» 2. «Quanto ao seu último post, quase não acontece de eu saber o nome das pessoas e elas não saberem o meu.» 3. «... quase não acontece de eles fixarem seus interlocutores de frente.»
A expressão «madrinha da pia»
Há dias, ao pensar utilizar o termo «madrinha da pia», resolvi peregrinar pelos meus sacrossantos: Ciberdúvidas, Linguateca, os on-line Houaiss e Grande Dicionário Universal... E qual não é o meu espanto, talvez mais decepção, ao não encontar em lado algum o título dado à piedosa senhora que, no meu baptizado, em terras da antiga Anégia, Penafiel, me transportou, ao colo, até à pia ba(p)tismal! Não será por isso que eu deixarei de a referir nos meus escritos, mas... Será que as «madrinhas da pia» terão passado apenas pela minha aldeia? (vila)... quem sabe se incorporadas numa das "arruadas" que por lá ainda se realizam, pela festa do Senhor dos Remédios?... Grato, desde já, pela vossa prestimosa ajuda, com um abraço, do tamanho do nosso muito querido Ciberdúvidas, companhia diária de quem gosta de saber mais.
Pronúncia do "e" de "-ém" e "-éns"
Na língua portuguesa, o “e” das terminações “em” ou “ens”, da sílaba tônica das palavras oxítonas ou agudas, recebe um acento agudo, que indica, além de tonicidade, timbre aberto. Exemplos: “armazém”, “reféns”, “Belém”, “palafréns”, etc. Ocorre, entretanto, que, no português do Brasil, o supramencionado “e” não é pronunciado com timbre aberto, mas sim fechado. Dizemos, na verdade: “armazêm”, “refêns”, “Belêm”, etc. Em face disto, pergunto-lhes: por que os brasileiros usam essa acentuação gráfica que nada tem que ver com a pronúncia normal brasileira? Ela seria uma acentuação gráfica que corresponderia à pronúncia dos portugueses e que foi imposta a nós brasileiros? Como vocês, aí na Europa, pronunciam o “e” da sílaba tônica das palavras acima mencionadas e de outras do mesmo gênero? Muito obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa