Nado e criado na zona de Lisboa, mas, como muitos lisboetas, com raízes noutras regiões de Portugal, parece-me estranha a expressão «bilha de oxigénio». Eu também diria «garrafa de oxigénio», mas admito que outros lisboetas (mais velhos, mais novos e da mesma idade) usem «bilha» nessa expressão. No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, encontramos bilha com duas acepções: «vasilha portátil para líquidos, vulgarmente de barro, lata ou latão, com forma bojuda, um ou dois gargalos estreitos e asa» e «recipiente de metal que contém gás para consumo doméstico» (nesta acepção é sinónimo de botija).
É, pois, neste sentido, talvez, que bilha se distingue como “lisboetismo”, mas associada à palavra gás. O que o consulente afirma é, para mim, uma novidade do ponto de vista da variação lexical. Não me parece um erro, porque estamos a falar de recipientes que contenham um gás, e tanto garrafa como bilha designam objectos que têm essa capacidade. Posso apenas concluir – talvez menos indignado que o consulente, mas muito consciente da competição entre variantes da mesma língua – que, em Lisboa, há falantes que têm facilidade no acesso aos meios de comunicação social, tendo aí oportunidade de revelarem um uso que, não estando generalizado em Portugal, se pode expandir.