A forma que refere não tem que ver com o adjectivo giro característico do português europeu («miúda gira» = «moça bonita»). O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa recolhe as formas Pombagira e Pombajira (sempre com maiúscula), dando preferência a esta última . Pombajira tem duas acepções (idem): «1. na umbanda popular e na quimbanda, um Exu-fêmea; Bombonjira Obs.: inicial maiúsc. nas duas acp.; 2. na umbanda dita esotérica, cabeça de falange ('subdivisão') da linha de Iemanjá.»
O termo tem, portanto, a forma alternativa bombonjira. O Dicionário Houaiss explica ainda que a palavra terá origem no quimbundo "pambu-a-njila", «cruzamento de caminhos, encruzilhada, domínio de Exu», ou no quicongo "mbombo", «porteira».
Seja qual for a sua forma, sabe-se que a noção de Pombajira se liga a cultos religiosos surgidos no Rio de Janeiro na passagem do século XIX para o século XX, os quais associam tradições africanas a outras correntes religiosas e espiritualistas. Sobre a Umbanda, transcrevo o primeiro parágrafo de um artigo a seu respeito no Dicionário Temático da Lusofonia (Lisboa, Texto Editores, 2005):
«A Umbanda é uma religião nascida do sincretismo fetichista que teve origem no Brasil em 1908, com um menino chamado Zélio Fernandino de Moraes, o qual, levado à Federação Espírita do Rio de Janeiro pelo pai, recebeu um índio, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que rogava o direito de falar, prerrogativa proibida nos Centros de Mesa Branca [...]. A partir de então, reuniram-se pessoas para serem atendidas pelo Caboclo que realizava curas. A Umbanda orienta-se pelo culto dos orixás africanos, mas inclui no seu panteão um trio de novos elementos: a criança ou Erê, que representa a pureza e a primeira fase da vida; o caboclo, representando a juventude e a fortaleza, e o Preto velho, que simboliza a sabedoria cósmica e a humildade.»
Em suma, pombajira deve a sua relação com a abreviação X. P. T. O. (‘Christós’, «ungido» em grego antigo, isto é, o «Salvador»), por via do seu contexto religioso.