DÚVIDAS

Pronúncia do "e" de "-ém" e "-éns"

Na língua portuguesa, o “e” das terminações “em” ou “ens”, da sílaba tônica das palavras oxítonas ou agudas, recebe um acento agudo, que indica, além de tonicidade, timbre aberto. Exemplos: “armazém”, “reféns”, “Belém”, “palafréns”, etc.

Ocorre, entretanto, que, no português do Brasil, o supramencionado “e” não é pronunciado com timbre aberto, mas sim fechado. Dizemos, na verdade: “armazêm”, “refêns”, “Belêm”, etc.

Em face disto, pergunto-lhes: por que os brasileiros usam essa acentuação gráfica que nada tem que ver com a pronúncia normal brasileira? Ela seria uma acentuação gráfica que corresponderia à pronúncia dos portugueses e que foi imposta a nós brasileiros? Como vocês, aí na Europa, pronunciam o “e” da sílaba tônica das palavras acima mencionadas e de outras do mesmo gênero?

Muito obrigado.

Resposta

A pronúncia portuguesa ainda tem menos que ver com a forma gráfica. Actualmente em português europeu-padrão (historicamente, baseado no falar do eixo Lisboa-Coimbra), -ém e -éns pronuncia-se "-ãi" e "-ãis". Por outras palavras, mãe rima com Belém.

Deste modo, o acento agudo não abre, neste caso, a vogal representada por e em armazém; ele surge apenas para marcar a sílaba tónica da palavra, isto é, a sílaba pronunciada com mais intensidade dentro da palavra. Isto é o que se passa com as sequências -ém e -éns, que marcam um ditongo nasal em sílaba tónica final (mantém, Jerusalém): "ẽi", no Brasil, e "ãi" em Portugal.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa