DÚVIDAS

Hajj, «peregrinação (a Meca)»
Nas minhas fontes e pesquisas não encontrei uma referência à tradução de hajj, a peregrinação realizada à cidade santa de Meca pelos muçulmanos. Existe uma referência na Wikipédia a Alves, Adalberto (2014). Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa, mas gostaria de saber se o Ciberdúvidas concorda com esta solução ou se tem opinião diferente sobre a forma correta de escrever esta palavra de origem árabe em português. Uma vez mais agradecido.
Atos ilocutórios numa carta de F. Pessoa
Na carta de Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, lê-se: «Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim.» Gostaria que me esclarecessem em relação ao ato ilocutório aqui presente. Tratar-se-á de uma situação híbrida: assertivo e expressivo? Em caso afirmativo, algum deles tem mais força? Gostaria ainda de saber se a classificação do tipo de ato sofre alteração nos enunciados seguintes: 1. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim! (Frase exclamativa) 2. É o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. (Forma verbal no presente do indicativo) 3. É o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim! (Forma verbal no presente do indicativo; frase exclamativa) Muito obrigada!
O pretérito perfeito do indicativo
Só tenho visto conteúdos em que se diz que o pretérito perfeito só é usado para ações terminadas no passado e que não tem relação com o presente, isto é, pretérito absoluto. Mas, às vezes, sinto que possui parcialmente o valor do present perfect do inglês. Por exemplo, em «Maria, a maçã caiu ao chão», o verbo cair pode nos mostrar que a maçã ainda está caída ou que ela já foi removida do chão. A ambiguidade é resolvida pelo contexto, é claro. Mas em alguns casos, não se dá para perceber muito bem. Existe alguma expressão para se referir a esse aspecto que envolve a língua portuguesa? Outro exemplo: «Claro! Ela roubou o meu carro.» Pode ter dois significados: «que o meu carro está com ela»; e «que o meu carro tinha sido roubado por ela, mas o recuperei».
A locução «em suspenso» e «em aberto»
Napoleão Mendes de Almeida, no verbete «Em» do seu Dicionário de questões vernáculas, doutrina: «2. É também do francês formar locuções adverbiais com a preposição em seguida de adjetivo; são espúrias locuções como “em absoluto”, “em definitivo”, “em suspenso”, “em anexo”». Insiste, portanto, em que digamos «Deixei tudo suspenso», em vez de «Deixei tudo em suspenso». Duas páginas depois, porém, no verbete «Em duplicado», parece aceitar não só esta expressão, como ainda a análoga «Em separado». Ora, não consigo enxergar a diferença entre, por exemplo, «em suspenso» e «em separado»! Acaso não temos, em ambos os casos, particípios usados como adjetivos, precedidos da mesma preposição? Peço que me esclareçam, por gentileza, qual fundamento teria o ilustre gramático para censurar as construções do primeiro tipo, e aceitar as do segundo. Isto é, quais razões de ordem gramatical distinguiriam um caso do outro. Desde já, o meu muito obrigado e os meus efusivos cumprimentos pelo sempre ótimo trabalho!
A origem de biruta
Qual a etimologia (origem) da palavra biruta? A dúvida é sobre qual dos significados veio primeiro? O meteorológico, «saco cônico, com a abertura mais larga presa a um aro e fixa a um mastro, e a outra, mais estreita, solta, que se enfuna quando o vento sopra, indicando, assim, a direção deste»? Ou o sentido informal utilizado no Brasil, «relativo a ou indivíduo sem norte, sem opinião ou vontade firme, ou que se deixa influenciar; que é inquieto, de comportamento variável; amalucado»? Antecipadamente agradecemos.
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