Com efeito, a frase transcrita em (1) é ambígua, uma vez que o determinante possessivo seu pode remeter para dois antecedentes: «o ministro» ou «o Presidente»:
(1) «O ministro foi recebido pelo Presidente a seu pedido.»
Esta ambiguidade leva a que não fique clara a identificação do responsável pelo pedido.
Não obstante, refira-se que, em português, o uso do possessivo seu normalmente favorece a interpretação de que o referente é o sujeito da oração principal1. Desta forma, no caso da frase apresentada em (1), a interpretação mais favorável será a de que o referente de seu é «o ministro».
De qualquer modo, para evitar ambiguidades, o falante tem à sua disposição várias possibilidades que contribuem para a desambiguação referencial. Uma delas é a colocação do sintagma que integra o possessivo mais perto do referente, tal como sugere o consulente:
(2) «O ministro foi recebido a seu pedido pelo Presidente.»
ou
(2a) «A seu pedido, o ministro foi recebido pelo Presidente.»
É também possível substituir o possessivo por um demonstrativo que introduza maior clareza na relação anafórica. Veja-se a diferença resultante do uso de este ou aquele:
(3) «O ministro foi recebido pelo Presidente a pedido daquele.»
(4) «O ministro foi recebido pelo Presidente a pedido deste.»
Os demonstrativos este e aquele diferenciam-se pelo facto de este apontar para um referente mais próximo e aquele para um mais distante. Assim, na frase (3), aquele aponta para «o ministro», ao passo que, na frase (4), este aponta para «o Presidente».
A desambiguação pode também ser conseguida por meio de expressões como «o primeiro» / «o último», entre outras possibilidades:
(5) «O ministro foi recebido pelo Presidente a pedido do primeiro.»
(6) «O ministro foi recebido pelo Presidente a pedido do/ deste último.»
Disponha sempre!
1. Lobo in Raposo et al., Gramática do Português, Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p. 2206 – 2207.