Antes de mais nada, parabéns ao Ciberdúvidas pelo bom trabalho dedicado à nossa língua, que muito me tem auxiliado para compreender melhor as diferenças entre as duas variações, as quais, como a maioria dos brasileiros, desconhecia a existência.
Durante uma das minhas navegações e leituras aleatórias pelo sítio, deparei-me com o artigo
O nome traçabilidade e resolvi tirar esta dúvida, além de prestar um testemunho.
Ainda no Brasil, usava freqüentemente a palavra rastreabilidade para traduzir "traceability". Quem trabalha com informática não pode ser radical em relação aos estrangeirismos, mas sempre procurei o uso de palavras em português para expressar coisas que não são especificamente técnicas. Parece-me que o ato de determinar a origem e todos os passos executados por um processo até o momento atual cabe bem com o significado da palavra rastrear, seja o processo informatizado ou não. Uma vez que o processo seja dotado desta capacidade, penso que não faria mal dá-la o nome de rastreabilidade.
Como disse, já utilizava este termo no Brasil e tenho feito da mesma forma em Portugal. Deixo aqui meu testemunho: do ponto de vista da comunicação o termo não deixa nada a desejar, todos os alunos sempre entenderam imediatamente o significado. Apenas uma vez fui interpelado por um aluno em Portugal que queria me fazer entender que aqui não se usava rastreabilidade e sim "traceability" mesmo; imaginando, talvez, que no Brasil o termo fosse largamente utilizado. Ledo engano.
Bom, dito isto, deixo para o Ciberdúvidas a questão da correção ou não do uso do vocábulo.
Cordiais saudações,
A propósito da resposta dada por R. G., compete relembrar que, no seu Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, Rebelo Gonçalves preceituou o uso do hífen «Nos compostos em que entram, morfologicamente individualizados e formando uma aderência de sentidos, um ou mais elementos de natureza adjectiva terminados em 'o' e uma forma adjectiva», mesmo que o primeiro elemento não figure na sua «forma plena [...] ('euro'-, por 'europeio'-)», razão por que grafamos «euro-asiático», «euro-chinês» ou «euro-siberiano».
Ora, no caso de «euro-região», o segundo formante é um substantivo, o que, desde logo, inviabiliza a sua integração no grupo visado pela regra supra-exposta. E o primeiro elemento? Não será ele também uma cristalização substantiva, forma reduzida de «Europa»? A ser assim, Rebelo Gonçalves, uma vez mais, não deixa margem para dúvidas, pois que, segundo este ilustríssimo autor, «É inadmissível o uso do hífen nos compostos em que um elemento de origem substantiva, proveniente do grego ou do latim e terminado em 'o', se combina com um ou mais elementos substantivos ou adjectivos. Em tais compostos faz-se sempre a união completa dos elementos iniciais aos imediatos».
Em vista disto, e levando em linha de conta o no estudo de Margarita Correia, tão oportunamente referido pelo consultor R.G., a lexia «euro-região», em razão de significar «região da Europa», deverá ser escrita sem hífen – «eurorregião» –, tal como ocorre em «eurodeputado», «eurodólar» ou «euromíssil», ainda que estes compostos não sejam exemplificativos da duplicação do 'r' ou do 's' intervocálico.
À guisa de conclusão, o argumento aduzido para o uso do hífen em «euro-siberiano» não pode ser aplicado, pelo que se acaba de mostrar, à unidade morfológica em apreço.
Com os meus respeitosos cumprimentos,
Oficialmente existe a palavra «carolice»?
Pesquisei no Ciberdúvidas e só encontrei um artigo com uma referência a esta palavra.
Para além de se conjugar com outros verbos («ter agido» na altura certa, por ex.) será que é incorrecto referir-me ao «modo como certas ideias são pensadas e agidas»? Tratando-se de um texto de natureza sociológica, a expressão é muito mais esclarecedora e teoricamente apelativa do que qualquer outra alternativa. Qual a regra que, eventualmente, me poderá impedir este uso da palavra?
Obrigado.
É correcto dizermos que o substantivo «homem» é um substantivo comum, animado, humano, contável, masculino, singular.
É preciso isto tudo para classificar correctamente a subclasse do nome? É dispensável? Obrigatório?
Disseram-me que «pôr-me uma compressa no braço» é menos correcto que «pôr uma compressa no meu braço». Será assim?
A resposta de C. R. sobre a pronúncia de «sofá» e «fecha» parece-me muitíssimo discutível e não suficientemente informada sobre as opiniões publicadas. A indicação de que |fâixa| seria norma parece-me ainda confundir essa norma com o dialecto da região de Lisboa. A ilação de |fêxu|, substantivo, para |fêxa| parece-me desatender casos paralelos como |almôço|, substantivo, e |almóço| ou |almóça|, verbos.
Vinha por isso pedir ao Ciberdúvidas que, podendo, voltasse a tratar o assunto.
Agradecendo antecipadamente,
Permito-me discordar da explicação dada pelo Prof. Fernando V. Peixoto da Fonseca sobre a diferença entre maçã e pêro. Só a tal me atrevo, por se tratar de uma questão de botânica e não de português.
A espécie ou o fruto é só um, a maçã, com inúmeras variedades.
Em algumas zonas do País, nomeadamente no Norte, a todas elas se dá o nome de «maçã». Noutras, a algumas dessas variedades, por exemplo, a "golden", dá-se o nome de «pêro».
Portanto, se alguns lisboetas disserem que «pêro» e «maçã» são frutos diferentes, estão errados. Não o são.
Se na ementa de um restaurante estiver escrito que há, de fruta, bananas, morangos e pêros, está correcto; Mas se estiver escrito que há bananas, morangos, pêros e maçãs, está errado (mistura-se espécies com variedades). Todos os pêros são maçãs, mas nem todas as maçãs são pêros.
Gostaria de saber qual o vocábulo mais adequado para designar a qualidade daquele ou daquilo que se tornou obsoleto. Em alguns dicionários encontro «obsolência» e não «obsolescência», noutros o seu contrário.
E estou a falar de dicionários como o Houaiss, o da Academia das Ciências, o Cândido de Figueiredo e outros. Há uma resposta anterior, vossa, que só refere «obsolescência».
Obrigado.
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