Chama-se tmese o uso das formas mesoclíticas dos pronomes pessoais complementos (to, lhe, ma, nos, etc.), obrigatoriamente empregadas com o futuro e o condicional, devido à origem destes dois tempos. Com efeito, eles formaram-se respectivamente por meio do emprego do presente e do imperfeito do indicativo do verbo haver (hei, hás, há, havemos ou hemos, haveis ou heis e hão), para o futuro, e havia, etc., com perda do hav-, para o condicional).
Assim, p. ex., dir-lhe-ei por (direi-lhe) vem de dir-lhe-hei, isto é, hei-de dizer-lhe, tal como matá-lo-ia equivale a o mataria. Ocorrem modificações, tanto nas formas verbais como nos pronomes, devidas a fenómenos de assimilação e outros: matar-lo-ei >
matá-lo-ei; comer-lo-ia > comê-la-ia; dir-me-ás por dirás-me; dar-tos-ei por darei-tos; etc.
Obs.: Em latim clássico não havia o condicional, embora existissem orações condicionais, e o futuro não passou para as línguas românicas, onde em quase todas foi herdado o processo acima apontado, já em uso no latim vulgar, de que elas provêm.