Como já tive oportunidade de dizer em um dos meus “e-mails” anteriores, ensino português para estrangeiros junto a uma universidade italiana, não a variante brasileira, mas o português continental e, claro, tenho estudado realmente muito, pois tenho receio de ensinar algo que seja inerente ao português falado no Brasil, ainda que seja um desafio, pois eu sou e serei sempre brasileira.
Eu tenho algumas dúvidas sobre a fonética, pois já percebi que é normal a supressão de certas vogais ou a transformação da vogal “o” em “u” como, por exemplo, no verbo CORRER [kuRer] e MORRER [muRer], ou ainda no vocábulo NAVEGAR [nav(i)gar], PESSOA [p(i)soa] – não sei se essa seria a transcrição correta, mas é assim que percebo quando ouço a pronúncia européia do português.
Existe alguma explicação para tal fenómeno fonético? Como poderia explicar aos meus alunos? Existe algum livro de fonética que eu possa consultar? Quem sabe poderia comprá-lo tramite internet.
Agradeço desde já pela vossa disponibilidade.
Queria saber qual é a origem da palavra "caixa".
Estou a fazer um trabalho de intervenção no espaço. O espaço que eu escolhi é de certo modo muito vago. É uma caixa. Por isso estou a tentar procurar a definição de caixa, mas o que tenho encontrado nos dicionários e enciclopédias é muito especifico, limitando-se a definir o que é "caixa torácica" (por exemplo). Desta forma gostaria que me ajudassem a encontrar melhor informação, sobre o que é uma caixa e a origem deste termo.
Em Abril do corrente ano coloquei uma dúvida sobre a forma correcta de pronunciar o "e" inicial como em herói. O Sr. Professor P. Fonseca esclareceu-me que a única prolacção correcta e admissível do e inicial com ou sem h, sempre que constitua sílaba só por si é pronunciar /i/.
Contudo, ao analisar diversas palavras, surgiram-me enúmeras ("/inúmeras/") dúvidas, como por exemplo /ixemplo/ nas palavras “etapa”, “equipamento”, “eborense”, “efervescência”, “Egipto”, “eczema”, “edital”...
Será que desde sempre tenho pronunciado mal estas palavras ao pronunciar o “e” inicial como "ê"? Existirão excepções?
Gostava de saber se posso conjugar o verbo “parir” no presente do indicativo. Por exemplo, “eu paro”...
“Coco” ou “côco”? Gostaria de saber a grafia correta da palavra e o porquê de acentuar ou não a mesma?
Gostaria imensamente de ponderar a respeito da resposta à pergunta Os advérbios rapidamente e rápido feita pela consulente Maria Eduarda Nunes e respondida pela colaboradora Carla Viana, publicada no dia 11/11/2005.
Todos os que consultam este espaço têm a certeza de contar com a imparcialidade com que as duas variantes da língua são tratadas por aqui, sendo esta uma das razões de ser e também do sucesso deste sítio. Neste aspecto, o Ciberdúvidas inovou e criou sua maneira muito própria de escrita, de forma a apresentar a grafia vigente nas duas variações da nossa língua comum. Portanto, ninguém em sã consciência pode considerar que o Ciberdúvidas, e por extensão todos os seus colaboradores, seja tendencioso em relação ao uso da língua. É com este espírito que faço esta pequena e humilde observação que doravante descrevo.
Imagino que não seja desconhecida por ninguém neste espaço a existência de uma propensão lusitana em considerar a língua comum praticada no Brasil como sendo de qualidade duvidosa; a chamada "língua brasileira". É claro que toda generalização é injusta, mas uma pequena busca aqui mesmo neste sítio e o assunto torna-se bastante claro. Inúmeras foram as vezes que os colaboradores tiveram de responder a questões relacionadas a isto. Os exemplos são tantos e tão fáceis de achar, que seria demasiado citá-los todos aqui; mas vão desde o uso de estrangeirismos, reclamações sobre "brasileirismos" (controvérsias do "apagão", por exemplo), adoção de dicionários (Aurélio), indo até a nossa famosa preferência pela próclise.
Diante disto, quero observar que não tenho dúvidas quanto ao fato de que a colaboradora teve meramente a intenção de realizar a sua tarefa da melhor maneira possível. Entretanto, forneceu algumas informações absolutamente desnecessárias à compreensão da resposta e, inadvertidamente, oxigênio a uma chama que infelizmente este próprio sítio não conseguiu apagar.
Explico-me: a menos que tenha havido alguma correção no texto da consulente, há fortes indícios de ser uma usuária habitual da variação portuguesa da língua. O uso da palavra adjectivo, com o "c" mudo, e do substantivo comboio (no Brasil usa-se trem) dão esta forte indicação (perdoem-me se houve alguma correção ou adaptação no texto original, gerando esta minha impressão incorreta). Desta forma, estando a consulente a escrever do Canadá e não havendo nenhuma outra informação, não há como supor nenhuma referência ao Brasil na sua pergunta. A consulente apenas observa que hoje, diferente do passado, usa-se "rápido" como advérbio, o que para ela seria impensável. A comparação por ela realizada é temporal, e não geográfica.
Então como é que o Brasil aparece nesta história? Qual o motivo para associá-lo, ainda que de forma bastante elegante, à divergência da norma culta? É bem verdade que a consultora deixou claro que este fenômeno é comum em todas as línguas românicas, mas a mensagem da rebeldia brasileira em relação à norma culta ficou lá. Uma vez que não há nenhuma ligação aparente da consulente ao Brasil, e este foi usado como exemplo para a resposta, seria de imaginar que não houvesse aqui em Portugal qualquer hipótese de existência de exemplos deste tipo específico de rebeldia.
De fato, eu falaria sem pestanejar «o trem correu rápido», mas os portugueses não falariam? Para mim é tão claro que a consulente não é brasileira, que a resposta soou-me como a constatação definitiva de que apenas nós poderíamos ter realmente cometido tal heresia e que a colaboradora tinha sido muito indulgente conosco; rebeldes brazucas.
Já havia entregue os pontos quando ouvi alto e claro na televisão: «Gostei imenso da tua visita!». Meu Deus, como eu podia ter-me esquecido. Assim que cheguei a Lisboa, em junho deste ano, naqueles primeiros dias de adaptação dos ouvidos à maneira lisboeta de falar, uma das coisas que impressiou-me "imenso" foi justamente o uso freqüente, até exaustivo, da palavra "imenso" ao invés de "imensamente". Ouvi-a diversas vezes na televisão e pessoalmente. Li-a freqüentemente em jornais e anúncios publicitários.
Tantas foram as vezes, que acabei assimilando o seu uso e esqueci ter-me parecido tão flagrantemente mal empregada aos meus ouvidos brasileiros. Lembro-me de ter comentado com minha esposa que jamais um brasileiro falaria assim. Este é mais um motivo para acreditar que a colaboradora não tenha feito por leviandade, visto que é obviamente mais fácil detectar rebeldias alheias, tal qual fiz eu nos primeiros dias aqui.
Para dirimir minhas dúvidas, fui direto ao Google e digitei sem hesitação a pesquisa «correr rápido», apenas respostas em endereços terminados por "pt" (a consulta fica assim: «correr rápido» site:.pt), e o resultado foi 44 páginas. Apontei para a próxima: «conduzir rápido» e o resultado foi 27 páginas. Mais uma vez e, desta, melhorei a pontaria: «andar rápido», agora sim, 700 páginas. Definitivamente, descontando os casos em que "andar" era substantivo, os portugueses, pelo menos aqueles que usam a "internet", usam o "rápido" em lugar do "rapidamente".
Tenho conhecimento do valor dos colaboradores deste espaço. Sei também que sou um mero usuário nativo da língua, e sujeito a todos os vícios lingüísticos que provavelmente este texto revela. Não estou a salvo de erros nem de enganos. Mas é muito claro para mim que o processo de comunicação é um tanto ou quanto complexo e, portanto, todo cuidado é muito pouco.
Dizer que uma variação é rebelde em relação à norma culta para responder a uma questão que não implica em diferenciação entre as variantes da língua é completamente contra o discurso do Ciberdúvidas, ou eu é que entendi errado?
A qual norma culta a colaboradora se refere em «Em português europeu, a influência da norma culta é mais forte do que no Brasil, e por isso a freq[ü]uência do advérbio em -mente aumenta.»? A do Brasil ou de Portugal?
Aqueles que não souberem da existência das normas européia e brasileira facilmente depreendem que a língua praticada no Brasil só entra nos eixos a fórceps e que a de Portugal é praticamente a perfeição. Portanto diferencia, atribuindo pesos distintos, as variações oficiais existentes. Desta forma, a citação em nada contribui com o histórico deste sítio.
Não é uma questão apenas de dizer se a resposta está certa ou errada do ponto de vista gramatical ou culto, mas, sim, de mostrar que interfere na forma como as variações são tratadas neste espaço. Fica aqui então o meu pedido de reforço na vigilância pessoal por parte dos colaboradores de maneira a evitar qualificações ou desqualificações desnecessárias em relação às variações oficiais da língua portuguesa.
Grato
Machado de Assis escreveu uma história, muito conhecida, a que deu o nome de "Um apólogo". Suponhamos que outro escritor tenha a idéia de escrever um conto, um apólogo, mantendo, embora com um tema totalmente diferente, a estrutura narrativa do texto de Machado, o número de personagens, a inusitada conversa entre objetos, finalizando com uma reflexão de cunho moral.
O que é esse texto? Não é uma paródia, pois não há intenção humorística; não é paráfrase, que o tema é diferente; tampouco seria plágio, pois o hipotético escritor tem a clara intenção de fazer o leitor reportar-se ao apólogo de Machado, mediante referências às vezes sub-reptícias, às vezes evidentes. Seria uma recriação literária?
Agradeço a gentileza da resposta.
Não sei bem se ponha ou não uma vírgula antes de um sujeito posposto. O que é que o Ciberdúvidas acha?
Por exemplo, a frase «Tem até alguma graça, esta diversidade toda» deve ou não ter a vírgula que lá pus? E a frase «É um irreverente, o João!»
E, já agora, qual a solução se o verbo for omitido? Por exemplo, em «Tempos terríveis, os nossos!», deve ou não aparecer a vírgula?
Agradecendo mais um auxílio vosso,
Gostaria de saber qual a forma correcta de escrever oianense (habitante da vila de Oiã, sede de uma das maiores freguesias do distrito de Aveiro). Já vi a palavra escrita com til (oiãnense) e sem til (oianense).
Felicito-vos pelo vosso trabalho. Surpreende pela qualidade e abrangência, mas, ainda mais, pela existência. Ainda há esperança.
Gostaria que me dessem a vossa opinião sobre a seguinte dúvida: “Lenin” ou “Lenine”? “Stalin” ou “Estaline”?
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
Se pretende receber notificações de cada vez que um conteúdo do Ciberdúvidas é atualizado, subscreva as notificações clicando no botão Subscrever notificações