As formas registadas pelo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa são díxis e dêixis, criadas a partir do grego ‘deîksis,deíkse,ós’ «citação, demonstração, prova, exposição», cognato, isto é, derivado do mesmo vocábulo ou raiz que o verbo grego, ‘deíknumi’ «mostrar». É termo introduzido pelos estudos linguísticos. Em Portugal, o Dicionário Terminológico (DT) apresenta a entrada deixis (cf. "C.1.1. Comunicação e interacção discursivas") em cujo verbete se utiliza a forma deíctico.
Segundo o DT, a deixis constitui um fenómeno de referenciação através do qual se usam palavras cujo sentido é sempre renovável, porque remetem para a situação de enunciação (isto é, procurando uma simplificação, o momento em que se fala). A deixis é, pois, uma propriedade linguística do discurso que permite que, relativamente a cada situação de comunicação, existam marcas que identificam o sujeito que fala (sujeito da enunciação), aquele ou aquela a quem se fala (o interlocutor), o tempo e o espaço de enunciação, os objectos, entidades e processos constitutivos do contexto situacional e a referenciação dos signos utilizados no discurso. Deste modo, o pronome eu é definido como aquele que diz eu, tu como aquele a quem eu me dirijo, agora como o momento em que eu falo, aqui como o espaço em que eu falo, isto como o objecto que está ao pé de mim, que falo, etc. Têm referenciação deíctica as seguintes classes de palavras:
• Pronomes e determinantes possessivos
• Pronomes e determinantes demonstrativos
• Artigos
• Advérbios de lugar e tempo
• Tempos verbais
• Algumas unidades lexicais ( ir/ vir, chegar)
Quando a consulente pede que comente a aplicação da deixis à «situação de texto», penso que se refere à possibilidade de o próprio enunciado ser encarado como um espaço. Por exemplo, os demonstrativos podem marcar relações espaciais intrínsecas a um texto:
(1) A Rita deu um livro ao Pedro. Este ficou muito contente.
Em (1), este é um demonstrativo utilizado como anáfora textual, já que reitera o conteúdo de um elemento informacional («Pedro»). Este comportamento deriva das propiedades deícticas aplicadas ao espaço intratextual e não ao contexto situacional.
Cf. Deixis + O lugar da deixis na descrição da língua + A deixis e a referência deíctica (I) + A deixis e a referência deíctica (II)