DÚVIDAS

A preposição de + oração de infinitivo: «de comer»
Eu li na gramática de Bechara (2018) que orações reduzidas de infinito como: «Eu estive com fome, e deste de comer.» «Eu estive com sede, e me deste de beber.» são orações adverbiais de finalidade, pois é como se dissesse: «Eu estive com fome e me deste algo para que eu comesse.» «Eu estive com sede, e me deste algo para que eu bebesse.» Mas o que eu gostaria de saber o porquê de estas orações reduzidas de infinitivo virem antecedidas da preposição de e assumirem um valor de oração adverbial de finalidade. O motivo seria por causa do verbo dar + de + (verbo no infinito)? Seria por causa da antonímia entre as palavras que norteiam o período: fome × comer, sede × beber? Eu realmente não sei. Desde já, fico agradecido pela resposta.
Alegoria no Auto da Lusitânia
Na obra Auto da Lusitânia, de Gil Vicente, a abordagem do tópico acima apresentado é lógica na relação de Sol e Lisibea? Coloco esta questão, visto que na obra não surgem grandes indicações quanto a este relacionamento. Aliás, com a leitura da segunda parte da farsa em análise, apenas se sabe que do amor de Sol e Lisibea resulta o nascimento da belíssima jovem Lusitânia... Agradecia um esclarecimento quanto a esta questão!
Ditados e toponímia: «se não fora o Pindo e a Panadeira, todas as velhas iam à Ribeira»
Em qualquer provérbio o que interessa verdadeiramente (creio) é o seu alcance, o seu sentido conotativo. Por vezes, estou também em crer, o seu enunciado, que, duma forma geral ou frequente, tende a ter ritmo e rima, pouco terá a ver com a alegoria para que aponta. E aí é que bate o ponto. Dois exemplos de tais provérbios: 1. «Se não fora o Pindo e a Panadeira, todas as velhas iam à Ribeira» 2. «Acudam Cela, Parada e Outeiro, que arde o centro da religião do mundo inteiro.» Neste último, e na sua vertente denotativa, parece clara a advertência: acuda o mundo todo, mesmo os lugares mais pequenos (na imagem: as três mencionadas freguesias do concelho de Montalegre), porque Roma está em chamas. Já o sentido conotativo da sentença penso que poderá ser o seguinte: perante uma calamidade, uma catástrofe, a congregação de todos os esforços para ajudar a vencê-la não são demais. Ora o enunciado deste, se bem que, à primeira vista, não seja de fácil atinência, sempre se chega lá. Gostava, no entanto, que me confirmassem ou infirmassem o meu raciocínio. Já quanto ao primeiro: Pindo, quanto julgo saber, será o mesmo que Pindelo, nome de vários lugares ou freguesias do nosso país. Panadeira, acho que é uma espécie de tamboril. Dando isto como certo, não alcanço a alegoria. Naquele primeiro ditado é que não vislumbro a conotação que se pretende com os termos do texto. Sei que em muitas sentenças populares, repito, a letra pouco (ou nada) tem a ver com a "careta" (passe o plebeísmo). Sobretudo para o primeiro ditado peço a vossa esclarecida opinião e ajuda. Grato.
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