Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo) , Brasil 6K

Há quem diga por aí afora que provavelmente significa «possivelmente», assim como há quem diga que significa «certamente».

Porém, pelo menos para mim, possivelmente não quer dizer que seja a mesma coisa que certamente!

Estou certo? Qual dos dois é o significado da palavra provavelmente na realidade?

Muitíssimo obrigado e um grande abraço!

Carla Moreira Professora Ponta Delgada, Portugal 2K

A dúvida coloca-se em relação à frase:

«Os conteúdos são os que saíram no último teste.»

O meu entendimento é o seguinte:

«Os conteúdos são os que saíram no último teste» = «os conteúdos são os [conteúdos] que saíram no último teste» = «os conteúdos são aqueles que saíram no...»

Predicativo do Sujeito – os [conteúdos/aqueles] que saíram no último teste – or. subordinada adj. relativa restritiva

Função sintática do pronome relativo – sujeito («os conteúdos saíram no último teste»)

Função sintática da oração subordinada: modificador do nome restritivo (= «os conteúdos 'saídos' no último teste»; «os conteúdos já avaliados»).

Na gramática de Lindley Cintra e Celso Cunha, lê-se:

«As orações subordinadas adjetivas vêm normalmente introduzidas por um PRONOME RELATIVO, e exercem a função de ADJUNTO NOMINAL, de um substantivo ou pronome antecedente» (os destaques são dos autores).

O exemplo dado para a situação em que o pronome é o antecedente é:

«O/que tu vês/é belo;/mais belo o/que suspeitas;/ e o/que ignoras/muito mais belo ainda» (Raul Brandão).

Vejo este exemplo como equivalente apresentado em cima. Bem sei que esta gramática está desatualizada e eu não tenho trabalhado com a nova terminologia gramatical (Dicionário Terminológico – DT), mas as atualizações não ocorreram na classificação básica da subordinação (adverbiais/adjetivas/substantivas), pois não?

A verdade é que o DT apresenta o «o que» como introdutor da oração subordinada substantiva relativa, embora sem dar exemplos. Poderá ser uma gralha?

Como ensino, sobretudo, Latim, sempre que tenho dúvidas, recorro à gramática latina. Este tipo de construção (pronome antecedente da oração relativa) é muito comum em latim:

Is qui aliēnum appĕtit suum amittit (Fedro): «aquele que cobiça o alheio perde o seu» (Is – pronome demonstrativo, no nominativo singular masculino; qui – pronome relativo, no nominativo singular masculino) (...)

atque ea quae animos effeminant important (César): «(...) e importam aquelas coisas que efeminam os espíritos» (ea – pron. demonstrativo, no acusativo plural neutro; quae – pronome relativo no nominativo plural neutro).

Do mesmo modo, tenho dificuldades em compreender a classificação de oração subordinada substantiva relativa em exemplos como «Não sei [O QUE DISSESTE]», lido num outro esclarecimento vosso, pois vejo o o como antecedente do que, podendo ser substituído por aquilo, e assumindo a oração subordinada um valor atributivo («Não sei aquilo que foi dito por ti/Não sei o dito por ti»).

Escrevendo esta oração subordinada em latim, não teria alternativa a não ser a subordinada relativa com o pronome no neutro: Nescio QUOD dixisti.

Agradeço os esclarecimentos que me possam dar, pois eu e diversos colegas não conseguimos chegar a um entendimento.

Conceição Cardoso Professora Trancoso, Portugal 1K

Como dividiriam e classificariam as orações da seguinte frase:

«Não só pinto quadros, como também faço esculturas»?

Manuel Filipe Reis Vieira Reformado bancário Montemor-o-Novo, Portugal 1K

Em cada uma das frases seguintes devo colocar uma vírgula ? Onde?

1) «Não lhe desculpou a indelicadeza esta senhora vaidosa e castigadora.»

2) «Veio ao fim do dia o valente cavaleiro.»

Maria Bolton Professora Londres, Reino Unido 1K

Agradecia o seguinte esclarecimento e respectiva justificação:

«Vai fazer um ano em julho em que nos mudámos para cá»

ou «Vai fazer um ano em julho que nos mudámos para cá»?

Com em ou sem em?

Muito obrigada.

Maria do Carmo Silva Estudante Portugal 11K

Tenho nome composto.

«Maria do Carmo», ou «Maria Do Carmo», é o que tenho escrito nos últimos 13 anos (desde que sei ler e escrever).

Contudo, tenho reparado, sucessivamente, que os meus professores, colegas e até desconhecidos escrevem o meu nome com o d em minúscula. Isto fez-me questionar se, sabe-se lá como, tenho escrito mal o nome.

Embora tenha pesquisado, nada encontrei sobre o assunto.

Dessa forma questiono-me: a preposição/ contração de preposição entre dois nomes próprios (reitero o exemplo do «Maria/Do Carmo») é em maiúscula, minúscula, ou é realmente indiferente?

Obrigada.

Alexandre Pereira Terapeuta Viseu, Portugal 1K

Encontramos a resposta a esta questão («Trocar ou destrocar?») aqui no Ciberdúvidas, que não deixa qualquer dúvida.

No entanto, há o caso de pedirmos a alguém para trocar moedas pequenas, trocos, por uma nota. Os trocos deixam de o ser.

Neste caso é aceitável, ou melhor, é correto usar a expressão «Destroca-me estas moedas?»?

E já agora (se possível questionar num mesmo post), a repetição daqueles pontos de interrogação acima é aceitável?

Helena Maria Fernandes Vaz Professora Loures, Portugal 1K

Na sequência «e crianças-rapazes pedindo», a ação é apresentada com valor aspetual imperfetivo ou iterativo?

Grata.

Guilherme Raenck de Moura Vidraceiro Santa Cruz do Sul, Brasil 70K

Gostaria de perguntar se há diferenças de sentido entre a expressão «salvo engano» e «se não me engano», no caso de uma ser substituída pela outra. Exemplos:

«Salvo engano, o presidente tomará posse em breve.»

«Se não me engano, o presidente tomará posse em breve.»

Agradeço desde já a ajuda prestada pelos competentíssimos professores!

Pedro Fernandes de Gusmão Holanda Estudante Recife, Brasil 902

Por conta da leitura da Eneida de Virgílio, gostaria de saber se há outros significados para a expressão «para que», além do de finalidade (sendo sinônima de «a fim de que»).

Eis o trecho:

«Filho, minha força, meu grande poder, filho, tu o único que não receias os dardos com que o sumo Pai matou Tifeu, junto de ti busco socorro e suplicante solicito o teu poder. Para que o teu irmão Eneias seja atormentado pelo ódio da acerba Juno, por todos os mares, coisas que tu sabes e muitas vezes te condoeste com o nosso sofrimento.»

No contexto da obra, não faz sentido, para mim, pensar que Vênus esteja pedindo para que Cupido, seu filho, faça com que Eneias seja atormentado pelo ódio de Juno. Em tradução de outras línguas, assim se encontra este trecho:

«Que tu hermano Eneas anda en el mar sacudido por todas las costas a causa del odio de la acerba Juno, lo sabes muy bien y a menudo de nuestro dolor te doliste.»

«It’s known to you how Aeneas, your brother, is driven over the sea, round all the shores, by bitter Juno’s hatred, and you have often grieved with my grief.»