DÚVIDAS

A etimologia de próstata e de prostituta
A palavra próstata (órgão próprio da genitália masculina) tem alguma relação etimológica com a palavra prostituta, prostituição? Fundamento da pergunta: observando as palavras, há semelhanças interessantes que fazem com que a pessoa identifique nestas palavras, exemplo, "prost(ata)" "prost(ituta)". Não há vinculação de origem grega — ou mesmo de outra língua — que passou pelo latim e chegou no português? Estes vocábulos não sofreram metaplasmos e foram se definindo semanticamente diversos?
A classificação sintáctica de algumas frases + os complementos circunstanciais no predicado
Gostaria que me indicassem qual a melhor forma de classificar sintacticamente as seguintes frases: 1) «Tal ideia nem lhe ocorreu.» 2) «Toda esta correria fez um certo ruído.» 3) «Nenhuma dessas considerações perturbou naquela noite o João.» 4) «Era bem-comportada, amável e bondosa.» Relativamente à inclusão dos complementos circunstanciais no predicado, pesquisando o vosso site, vejo que não há uniformidade nessa questão. Há quem defenda que devem estar incluídos, outros defendem que não. Podem esclarecer-me se, na frase: «O João está na praia», devemos considerar o complemento circunstancial de lugar como fazendo parte do predicado? Muito obrigada pela vossa ajuda.
O eu: deíctico pessoal e deíctico indicial
No texto «Do corredor, onde ela enfiava o vestido aos puxões, como se lutasse com as fúrias desencadeadas, a Dona Alzira gritou-me alegremente: "Não sejas calisto, homem de Deus! Até mete azar! Há agora pressa, qual o quê, está um tempo lindo, e com os dias compridos o que falta é tempo para a gente gozar! E depois, que importância tem isso, se eu for um bocado mais tarde?... É só carregar no pedal, e pronto!" E a velha senhora ria, ria nervosamente, perdida dentro do corpete do vestido apertado», de José Rodrigues Miguéis, tomando como referente «Dona Alzira», considera-se que o «eu», expresso dentro do discurso directo da personagem, é um termo anafórico (anáfora), ou, tendo em conta que é um discurso directo e que não se pode substituir por «Dona Alzira», considera-se apenas como deíctico pessoal? Obrigada pela ajuda!
O aportuguesamento de Hagia Sophia
Na cidade de Constantinopla, atual Istambul, Turquia europeia, foi construída há muitos séculos a basílica cristã que recebeu o nome grego de Hagia Sophia, o que vertido para o nosso idioma fica Santa Sabedoria, já que, em grego, hagia significa «santa», e sophia, «sabedoria». Este prédio foi transformado em mesquita, no mesmo ano da queda da cidade nas mãos dos turcos, 1453; posteriormente, em 1935, foi transformada em museu, condição em que, se não estou em engano, o antigo templo encontra-se até hoje. A palavra sophia pode funcionar também como nome de mulher. Houve, há e certamente haverá muitas mulheres com este nome em todos os países cristãos. Algumas delas em vida foram santas, tendo essa santidade sido reconhecida com a canonização. Entretanto, no caso do nome do templo em apreço, sophia significa apenas «sabedoria» mesmo, não é nome de uma mulher santa, portanto deve ser traduzido como «sabedoria». A Santa Sabedoria é, no caso, o conhecimento do Evangelho, das Escrituras e da tradição cristã, do Cristianismo como um todo. É este saber santo. Portanto, o melhor aportuguesamento para Hagia Sophia seria mesmo Santa Sabedoria, pois traduzi-lo como Santa Sofia, como ocorre na maioria dos casos, transmitiria aos mal informados a falsa ideia de que essa basílica recebeu o nome de uma santa chamada Sofia, o que nunca ocorreu. Deve tratar-se de mais um aportuguesamento desastrado como outros existentes, presumo. Por via das dúvidas, peço a opinião infalível dos consultores de ouro do áureo sítio Ciberdúvidas sobre esta questão. Muito obrigado.
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