Sabemos que a contração entre artigo e preposição é um recurso bastante utilizado na língua portuguesa. Por exemplo, a preposição em associada aos artigos o e a pode resultar nos termos no e na, respectivamente. Contudo, ultimamente tenho observado a não utilização deste recurso gramatical em alguns textos e discursos, principalmente antecedendo a expressão «nome de», com o sentido de representar algo ou alguém. Por exemplo, «Venho em o nome do Estado brasileiro declarar guerra ao seu país...» em vez de «Venho no nome do Estado brasileiro declarar guerra ao seu país». A não utilização da contração em expressões do tipo poderia ser justificada por eufonia, tendo em vista que a expressão «no nome», repetiria a sílaba no.
Gostaria de saber o seu ponto de vista sobre o correto emprego da contração neste contexto (obrigatório ou facultativo). Reforçando, só achei estranho porque antigamente todos os textos traziam contração e, a partir de algum tempo, não vejo mais (neste contexto específico de «em o nome de»).
Porque dizemos «fui à escola» e «fui a casa», «cheguei a casa» e «cheguei à escola»?
Estou tendo problemas com a versão arcaica do português e gostava de saber se conhecem algum sítio ou dicionário que pudesse me ajudar.
Minha história:
Resolvi ler Os Lusíadas em uma versão original em vez de uma adaptada. Pensei que não seria grande problema, já que estou a estudar o português europeu há alguns meses. Engano meu.
Um exemplo é a palavra ũa, que, de tão curta e tão simples, se torna muito impossível de pesquisar pelo Senhor Google ou seus semelhantes.
Abraços e parabéns pelo projeto.
Na expressão «a mais bonita», qual a categoria de «a»?
Gostaria que me esclarecessem as seguintes dúvidas:
Diz-se «Nós, os portugueses,...», ou «Nós, portugueses,...»?
«Eles, os alunos,...», ou «Eles, alunos,...»?
«A mármore está fria.» Se estou me referindo a pedra de mármore, a frase fica correta?
Gostaria de saber se na frase «Um depende do outro, e os dois são intimamente interligados», o um funciona como artigo ou numeral.
Saúdo o regresso do nosso Ciberdúvidas. Ele faz falta a quem, diariamente, há anos, se lhe habituou à companhia.
1. Pequeno comentário à seguinte resposta vossa:
«a palavra queijo, apesar de não ter uma concretização lexical na segunda oração, acaba por estar presente de forma subentendida: «Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um [queijo].»
— Logo, aquele segundo um seria artigo indefinido, como o primeiro.
Não seguimos tal opinião. Os pronomes estão sempre em vez duma palavra que, ausente, poderia estar presente. Mas, porque o não estão, é que há pronomes.
Se fosse válido este princípio do Ciber, desapareceriam os pronomes possessivos, demonstrativos e muitos indefinidos. E eles fazem falta ao estudo da frase.
A análise categorial tem de ser capaz de atribuir categoria às palavras da frase — independentemente daquelas que lá poderiam estar.
2. Embora seja aceitável (?) a classificação daqueles um como determinantes artigos indefinidos, é minha opinião que se trata de dois quantificadores, sendo um adjectival e outro pronominal.
«Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um» [Fiquei com dois].
3. Porque tenho muito respeito pelo trabalho dos colegas, só discordo se propuser uma alternativa. É o que faço agora:
«Eu comprei um queijo...»
— um: quantificador adjectival determinativo (numeral cardinal)
«e tu ainda me deste um»
— um: quantificador pronominal (numeral cardinal).
Justificação:
Os quantificadores constituem uma categoria gramatical de cariz predominantemente semântico que, no entanto, lhes não cumula a função. Na realidade, eles desempenham uma função transversal a diversas categorias de palavras, e podem ser quantificadores adjectivais, pronominais e adverbiais.
Na análise categorial, é nossa opinião que deveremos sempre referir a classe própria: quantificador, seguida da classificação categorial complementar.
Foi o que fizemos na descrição proposta.
Eu teria muito gosto em discutir esta análise com o Autor da resposta — eu não sou dono da Verdade! — mas não é — não tem sido — esse o entendimento do Ciber, e só me resta aceitar.
Na frase «Eu comprei um queijo e tu ainda me deste um», o último «um» a que classe gramatical pertence? Ele tem a função de um pronome, mas não o pode ser.
Agradecida.
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