Gostaria de saber qual é o galicismo existente no trecho abaixo transcrito, extraído da obra Coração, Cabeça e Estômago, de Camilo Castelo Branco (1825-1890):
«Paula fitou-me e coçou a testa com o leque. Noutro intervalo da dança continuei: Por que não respondeu à minha carta? Era impossível. Eu já dei o meu coração. Por delicadeza lhe não devolvi a sua carta, e peço-lhe que me não escreva outra, que me compromete, respondeu ela. Não me soou bem este galicismo dos lábios de Paula. Eu, em todas as situações da minha vida, quando vejo a língua dos Barros e dos Lucenas comprometida, dou razão ao filósofo francês que, à hora da morte, emendava um solecismo da criada, protestando defender até ao último respiro os foros da Língua. E com que admiração eu leio aquilo do gramático Dumarsais, que, em trances finais de vida, exclamava: "Hélas! Je m'en vais... ou je m'en vas... car je crois toujours que l'un et l’autre se dit ou se disent!"»
Muito obrigado pela atenção dispensada.
É correto dizer-se «solicitando aos trabalhadores para não assinarem»? Ou seja, pode-se usar «solicitar para», ou é incorrecto?
Há já bastantes anos que tenho ouvido uma conjugação verbal nova. Pelo menos não me recordo de ser assim antes, e parece que agora se tornou dominante, mas que eu me recuso a usar. Às vezes num relato de futebol era bem comum. Exemplo: «Se ele tinha marcado falta, o Ronaldo teria sido expulso do jogo.» Não deveria ser: «Se ele tivesse marcado falta, o Ronaldo teria sido expulso do jogo»? Parece-me uma hibridação de dois tipos de conjunção verbal distintos. Este tipo de conjunção, a meu ver incorreta, é absolutamente comum nos dias que correm. Outro exemplo: «Se eu tinha deixado cair as chaves, não poderia entrar no carro.» Creio que o correto é: «Se eu tivesse deixado cair as chaves (...).» Isto faz algum sentido, ou terei de me converter a algo que acreditava estar errado?
Muito obrigado.
Qual é o uso do futuro perfeito do indicativo (ou futuro do presente composto)? Por exemplo, «ele terá sido o primeiro a lá chegar», em vez de «ele foi o primeiro a lá chegar». Para mim, usar esta forma verbal não transmite certeza nas declarações.
Qual o valor expressivo da gradação das formas verbais presente no poema O que há em mim é sobretudo cansaço [de Álvaro de Campos]: «ame» (v. 14), «deseje» (v. 15) e «queira» (v. 16) e as correspondentes «amo» (v. 18), «desejo» (v. 19) e «quero» (v. 20):
«Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada –
– Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...»
Devemos escrever «o pai usou a prudência para lhe fazer ver aquilo», «o pai usou da prudência para lhe fazer ver aquilo», ou «o pai usou de prudência para lhe fazer ver aquilo»? Nunca percebi esta formulação.
Obrigado.
O verbo fugir é regular, ou irregular? Estava convencido de que era irregular porque há alteração do radical (fujo/fugi) mas na Wikipédia encontrei o seguinte: «Não é considerada irregularidade a alteração gráfica do radical de certos verbos para conservação da regularidade fonética, ex.: vencer-venço, fingir-finjo.» Agradeço esclarecimento.
"Escortanhar" significa para mim «cortar em pedaços não homogéneos mas pequenos e irreversíveis (irreconstituíveis) e sem uma razão positiva (será por maldade, ou despeito, ou por raiva)». Gostava de saber se existe.
Obrigada.
Qual a forma correta da primeira pessoa do presente do indicativo do verbo eclodir? Ecludo, ou eclodo?
Obrigado.
Estou com uma dúvida há cerca de dois dias e, como tal, vim consultar o vosso site. Pesquisei aquilo que tinha a pesquisar, e logo me apareceu o resultado: subtipos do sujeito nulo (ou algo do género). Como não está bem explícita a definição de ambos os subtipos (palavra de estudante de 6.º ano), fui procurar noutros sites mas em nada resultou. Peço agora a vossa ajuda... Poderiam enviar-me uma definição mais acessível?
Agradeço a atenção.
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